Capítulo 18

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Depois de desfazer as nossas malas, eu e
Demi descemos e nos encontramos com o resto da família na sala.

Alguns tios estavam vendo televisão, outro estavam conversando na cozinha. O resto deve estar no quarto ou na praia.

- Marie! - meu irmão diz quando me vê e vem me abraçar.

- Oi, Nick. Quanto tempo! - Respondo.

- Mamãe me contou sobre a sua namorada. Não acredito que escondeu isso de mim. - Ele diz fazendo uma carinha desapontada

- Ah... é que foi recente. - Respondo nervosa

Eu nunca minto para ele. Sempre contamos tudo um para o outro e me sinto mal fazendo isso.

- Já que ela não me apresentou, eu mesmo faço. Sou Demi, prazer. - Ela diz rindo.

- Eu sou Nick , irmão da Selena. É muito legal te conhecer, Demi. - Ele diz sorrindo e me lança um olhar como quem diz " bom partido". - Mas me conta, como vocês se conheceram. - Ele pergunta e minha mãe se aproxima, entrando na conversa.

-Também quero saber. Não é fácil conquistar a Selena. - Ela debocha e eu faço uma cara ofendida.

- Tenho que concordar. - Demi ri.

- Ela perdeu o celular na cafeteria da faculdade e eu achei. Depois nos encontramos e eu devolvi. - Conto a verdade. Sei que se eu tentasse inventar alguma coisa todos saberiam que é mentir

- E vocês acreditam que quando ela foi me devolver, trocou os nossos celulares de propósito só para poder me ver de novo? - Ela diz.

- Que esperta, filha. - Minha mãe diz rindo

- Não foi de propósito. - Cruzo os braços mas ninguém me escuta.

-Depois ela me ajudou a conseguir um estágio e ficamos próximas. Eu a chamei para sair e agora estamos juntos. - Ela conclui.

Que linda história de amor improvisada.

Espero que minha mãe e Sabina acreditem, até porque grande parte é verdade.

- o que você estuda, Demi? - Minha mãe pergunta.

- Faço psicologia. Estou no último ano.

- Muito legal! - Nick diz.

- Nós estamos indo para praia, vocês vem? - Meus primos perguntam enquanto descem as escadas.

Olho para Demi e ela assente.

- Nós vamos. Mas eu preciso trocar de roupa primeiro. Podem ir na frente. - Eu repondo

Então nós também já vamos. - Nick diz se referindo a ele e a minha mãe.

- Tudo bem. Encontro vocês lá.

Eles pegam as bolsas e saem. Eu e Demi voltamos para o quarto. Preciso colocar o biquíni e trocar de roupa. E, principalmente, passar muito protetor solar. Não estou afim de me queimar.

Pego as roupas e entro no banheiro para me trocar. Assim que termino e abro a porta, me deparo com Demi  trocando de roupa ali mesmo.

- Que isso? Não podia esperar que eu saísse do banheiro? - Pergunto.

- Eu não me incomodo. - Ela da ombros.

- Mas eu sim. Coloca logo uma camisa. - Digo tentando manter meu olhar longe dela. Tentador. Muito tentador.

- Qual é a diferença? Vou ter que tirar na praia mesmo.

- Você não está na praia agora. - Reviro os olhos e ela bufa. Contrariada, coloca a camisa.

A casa do pai de Priyanka era bem em frente a uma parte isolada da praia. Era como se aquele pedacinho fosse só nosso. Não tinha ninguém que não fosse da nossa família. Alguns guarda-sol e cadeiras estavam espalhadas pela areia. As crianças estava na água e os adultos na areia conversando.

Nós nos juntamos a eles e eu me sento em uma das cadeiras mais afastadas. Não está tão quente hoje, o clima está bem agradável. Eu gosto de praia, é muito relaxante. Gosto de sentir os meus pés afundando na areia e ouvir o som das ondas do mar. Me transmite uma paz.

- Eu estive pensando, eu não sei muito sobre você. Se vamos fingir que somos namoradas, preciso de mais informações suas. - Demi diz sentando do meu lado.

- Que engraçado você dizer isso, porque você sabe muito mais sobre mim do que e sei sobre você.

O que eu sei sobre Demi é que ela tem 25 anos e faz faculdade de psicologia. E eu também sei onde ela mora. Mas é só isso. Eu praticamente trouxe uma estranha para conhecer a minha família.

- O que você quer saber? - Ela pergunta.

- Eu não sei. Me conta qualquer coisa.

Ela pensa um pouco e responde:

- Eu nasci em Albuquerque nos EUA.

- Uou! E como você fala tão bem português

Essa revelação me chocou, e muito.

Ela desvia o olhar, parece incomodada. Me arrependo de ter perguntado, provavelmente ela tem algum problema que não quer compartilhar.

- Digamos que meu pai não era a pessoa mais saudável para criar uma
criança. Minha avó é brasileira, então boa parte da minha infância eu passei com ela, em Minas Gerais - Ela responde e eu percebo tristeza na sua voz.

- Eu sinto muito pelos seu pai.

Ela fica em silêncio.

- Você não vai entrar na água? - Ela muda
assunto.

- Acho que não. Talvez outro dia. - Não
nos meus planos lavar o cabelo hoje.

- Me deixa adivinhar, não está no seu cronograma lavar o cabelo hoje. - Ela sorri eu a encaro indignada. - Como você sabe disso?

- Eu li na sua agenda. - Ela ri. - Esquece um pouco isso, tenta relaxar.

Eu estou relaxando. - Respondo nem um pouco certa de que a convenci.

Ela olha para o mar e depois para mim. Da um sorrisinho como o de quem acabou de ter um brilhante ideia.

Quando vejo, ela está me carregando e correndo em direção ao mar.

- Demi, me solta! Você é maluca! - Eu grito dando tapas em suas costas mas ela não me dá ouvidos.

Sinto uma onda bater nas minhas costas. Demi me solta e eu a encaro com um olhar ameaçador.

- Não acredito que fez isso. Agora estou toda molhada. - Reclamo.

- Para de drama, se divirta. - Ela joga água no meu rosto e eu semicerro os olhos. Também jogo água nela, que revida, e logo entramos em uma guerrinha. Me sinto uma criança fazendo isso.

- Tudo bem, eu me rendo. - Ela levanta as mãos para cima e eu rio.

Percebo que perdi um dos meus chinelos quando ela me trouxe para água. Olho para baixo para ver se o encontro mas não há nada. Quando me volto para Demi para pedir que ela me ajudasse a procurar, noto que ela me encara. Seu olhar está no vestido q eu estou usando por cima do biquini. Ele era branco e agora estava grudado no meu corpo e praticamente transparente. Constrangedor.

- Demi? - Eu chamo e ela desperta do transe volta a olhar para o meu rosto.

- O que?

- Eu perdi meu chinelo. Pode me ajudar a
encontrar?

Nos procuramos mas não achamos nada.

- As ondas devem ter levado para longe.

- O pessoal já está indo embora. Vamos também? - Pergunto.

- Tudo bem.

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