Capítulo 07

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O restaurante que ela me trouxe era
daqueles que pareciam ser muito caros. Tenho certeza que não conseguiria pagar nem por um copo de água, Mas pelo menos eu estou bem vestida.

No caminho até aqui, Taylor me contou um pouco sobre a sua vida. Ela tem vinte e cinco anos, formado em administração, morava em Curitiba mas se mudou para
São Paulo porque recebeu uma proposta para trabalhar em uma dessas empresas importantes.

Eu cometi o erro de elogiar o carro dela, o que deu início a um monólogo interminável sobre carros. Muito chato. Eu fingia ouvir e de vez em quando soltava um "aham", "concordo". Graças a Deus chegamos no restaurante e ela parou com aquele assunto.

- Mas então, ainda não sei muito sobre você - ela diz assim que fazemos nossos pedidos.

Será que é por que você não parou de falar sobre si mesmo?

- Bom, eu tenho vinte e quatro anos, me mudei para cá para fazer faculdade - diga.

Que legal! Faculdade de que? pergunta.

- Medicina, estou no quarto ano.

Vejo seu queixo cair. - Você parece surpreso - eu digo.

- Estou, devo admitir. Sempre achei que
garotas bonitas não poderiam ser tão
inteligentes - eu olho para ela incrédula, Ela tinha mesma dito isso? Que babaca!

- Bom, você está enganada. Eu consigo ser bonita e inteligente, já você, eu não posso dizer mesmo

Ela me encara como se ainda estivesse digerindo as minhas palavras e por fim diz:

- Mas onde você faz? Alguma faculdade particular?

Ela insistia em ficar me rebaixando, como se eu não tivesse capacidade para entrar para uma faculdade federal. Vou jogar na cara dela o quanto eu sou incrível.

- Na verdade, eu faço na USP. Passei em segundo lugar. Também passei em outras cinco federais mas encolhi estudar aqui. Sabe como é dizem que é a melhor - sorrio ao ver a cara de derrota que ela faz.

Depois disso, ela voltou a falar sobre a vida dela, eu só estava contando os minutos para que isso acabasse logo e eu pudesse voltar para casa.

Não estava mais interessada em nada sobre ela.

Enquanto iamos até o estacionamento do restaurante, eu bolava estratégias para nunca mais encontrar com ela no prédio de novo.

Imagina ter que dividir o elevador com ela? Prefiro a morte. Porém sou supreendida quando ela me empurra, pressionando meu corpo na porta do carro.

-o que você está fazendo? - pergunto assustada.

-o que eu quis fazer desde que você apareceu com esse vestido - diz sorrindo de um jeito muito esquisito.

Ela se aproxima e envolve suas mãos na minha cintura. Percebendo o que vai acontecer, tento me soltar mas ela segura os meus braços.

Olho em volta, não tem uma alma viva nesse estacionamento. Que inclusive é enorme. Eu teria poucas chances de alguém no restaurante me ouvir se eu gritasse. Mas não custa tentar.

- Socorro! Alguem me ajud...

Antes que eu possa continuar, ela pressiona sua boca na minha, abafando o som dos meus gritos. Começo a me desesperar e me debater para tentar me soltar.

- Agora vai fingir que não quer? Não foi para isso que veio? ela diz.

- Você é nojenta! Eu nunca deveria ter vindo! - eu grito.

- Pare de gritar ou vai ser pior

Ela segura meus braços com mais força.

De repente tenho uma ideia. Um dia Hailey me disse que para desestabilizar alguém eu precisava dar um soco no pescoço. Eu  espero que ela esteja certa, porque essa é a minha única chance. Só preciso dar um jeito de soltar um dos meus braços.

Vejo que ela se aproxima para me beijar de novo. Paro de me debater e deixo que ela pense que eu desisti. Tenho vontade de vomitar ao pensar que sua boca está encostada na minha, mas me seguro. Só assim meu plano funcionaria.

Como eu imaginava, ela solta os meus braços aos poucos e volta a segurar minha cintura. Esse é minha chance. Em segundos, ergo minha mão e, com todas as minhas forças, dou um soco em seu pescoço. Ela solta um gemido de dor e dá alguns passos para trás, me dando espaço para fugir.

E eu corro. Corro como eu nunca corri antes. Sinto lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Meus braços doem pela força com que ela os segurou e o ar começa a faltar. Mesmo assim não paro, não até ter certeza que estou longe o suficiente dela.

Assim que viro a esquina esbarro em alguém. Como eu estava correndo, o impacto fez com que eu caisse no chão. Me desespero por medo de que Taylor me encontre e logo me levanto, olhando em volta alarmada.

-O que aconteceu Selly? - Eu não tinha me dado ao traballo de ver com quem esbarrei, mas essa voz era familiar, abro os olhos e encontro Demi parada na minha frente, com um olhar preocupado
me encarando.

Eu devia estar com a aparência horrível. Meu cabelo estava todo bagunçado, meu vestido amassado e, provavelmente, a maquiagem borrada devido ao choro, mas isso era o que menos importava no momento.

- Ela tentou me...eu fugi e.- tento explicar mas não sai nada. Meu coração está batendo muito forte, não consigo respirar direito e continuo chorando.

Demi segura os meus ombros e eu estremeço.

Como poderia saber se posso confiar nela? Ela percebe minha hesitação.

- Eu não vou te fazer mal, ok? Estou aqui para ajudar - diz com calma e eu sinto sinceridade em suas palavras. - Vai ficar tudo bem, você não está mais sozinha.

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