Novos, eventos...

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Como retirar a cabeça e o corpo, já padecendo no mais vasto estado de inconsciência e escuridão, diante de uma onda esmagadora de afogamento, se tudo que você precisa, são forças para continuar, mas já não sabe mais de onde tira-las, para insistir na resistência contra a correnteza densa que te puxa, te domina e te corrói...
Clary realmente não sabia... E cada vez menos tinha certeza, de como atravessaria, aquele turbilhão maldito, ao qual fora jogada inesperadamente. Como um pedaço de alguma coisa, que o vento leva sem rumo. Há quase quinze dias, naquele lugar, só tinha certeza, de que nunca em sua vida, detestou tanto a cor branca, e que já tinha decorado, todos os minúsculos e imperceptíveis, pontinhos pretos, que se sobressaiam na pintura das paredes alvas, no corredor, onde o avô, estava internado. Afinal, que outro passatempo teria, para contar as horas e horas intermináveis, que passava agora naquele agonizante lugar.
Tinha tempo de sobra, para enlouquecer, seu perfeccionismo, mais e mais... Ela sorriu displicentemente, com o pensamento, que lhe veio à mente. Se não estivesse, tão exaustivamente amargurada em relação a todas suas preocupações, com a saúde do avô, certamente estaria aproveitando todo aquele tempo vago para trabalhar, ao menos seria uma forma do tempo passar mais rapidamente, mais nem isso tinha cabeça, não conseguia se concentrar muito ali. Por isso o laptop, continuava abandonado dentro da bolsa, sem ser aberto, uma única vez se quer. Provavelmente, sua vida lá fora, estava virando um caos total, duas semanas sem frequentar as aulas do curdo de mestrado, no trabalho na empresa, só resolvia o que era de fato urgente. Tinha a sensação, que o mundo estava ruindo, e ela simplesmente estava imóvel, sentada no hipocentro daquilo tudo, assistindo a tudo, sem ter qualquer reação, que a fizesse sair da inercia, ao qual foi jogada.
O estado do avô, era sempre instável, não era muita coisa, mas talvez devesse comemorar por isso, mas a verdade, era que aquela espera, estava a deixando quase maluca. E a grande verdade, é que quando tirassem os sedativos de John, as coisas poderiam não mudarem muito. Dylan já tinha lhes alertado, sobre toda a gravidade da situação, e que já era uma vitória enorme, ele estar vivo, e ter saído com sucesso da cirurgia séria, ao qual teve que se submeter. O futuro, estava se tornando um grande e desesperador enigma para Clary, e ela não estava apreciando a sensação claustrofóbica, que vinha junto dele...
A ruiva, tentou espichar o corpo minimamente, no assento extremamente ruim, onde estava acomodada, sentindo seus ossos um pouco dormentes, pela má posição que já durava dias. O avô continuava na UTI, na sala branca cheia de aparelhos apitando, a não mais que um metro do onde ela estava, jogada em uma das cadeiras do corredor.
- Ah Jace obrigada, esta me quebrando um ganho enorme. – Dylan segurou das mãos do sobrinho, a sacola plástica com duas quentinhas, com um sorriso satisfeitíssimo cobrindo seu rosto. – Estou aqui há vinte horas, e acabei de ser escalado para uma cirurgia de emergência, se eu tivesse que filar a comida da cantina outra vez, seria cruel para o meu estômago. – ele brincou mais que agradecido, por Jace ter lhe trazido uma marmita com o almoço, direto de seu restaurante predileto.
Jace franziu o cenho, se perguntando se não se sentiria sufocando, se tivesse que trocar de profissão com o tio. Certamente, concluiu ao sorrir.
- Eu estava aqui perto, não foi nada. – justificou, encarando o tio a sua frente. Já que Dylan estava mais concentrado, em olhar em outra direção.
- Ela esta aqui há dois dias direto. – o homem apontou, com o queixo para frente. Exalava preocupação em sua voz.
Jace torceu o pescoço discretamente, até o final do corredor vazio, para encontrar uma moça de pernas cruzadas, com o corpo esparrado numa cadeira de plástico, a calça jeans azul escura, e a blusinha estampada soltinha, nunca o fariam reconhecê-la com tanta perspicácia, mas certamente os cabelos ruivos, caindo em longas ondas pelo braço da cadeira, era um ótimo ponto para reconhecimento. Clary estava lá, as pálpebras fechadas, fingindo inutilmente descansar.
- Vai lá falar com ela, vê se você consegue convencê-la, a ir para casa, nesse ritmo eu terei que interná-la também, ela vai acabar doente desse jeito. – Dylan afirmou exaustivamente, desapontado, com suas tentativas de convencer Clary, a aguardar notícias em casa, como faziam os outros da família.
- Porque eu. – Jace gesticulou para si mesmo, parecendo não entender muito a proposta do tio. Já que nem ele, que era o mais sensato ali, conseguiu persuadir Clary, porque ele, que vivia em pé de guerra com ela, conseguiria algum sucesso.
- Porque dois teimosos se entendem muito melhor. – o médico respondeu, com um sorriso ladino surgindo em seus lábios.
- Obrigada pela parte que me toca, devo tomar isso como um elogio ou não. – Jace proferiu em ironia, quando recebeu em total deboche, um tapinha nas costas do tio. Seu sorriso se tornou um fio de deboche irônico. Sua total expressão de negação, para a acusação do tio.
/****/
- Clary...
Uma voz mansa, pronunciando o nome dela, fez Clary abrir os olhos endireitando o corpo na cadeira. Um par de olhos azuis fiscalizava seu rosto com extrema atenção. Jace...
O que mesmo ele estava fazendo ali, olhando para ela. Clary cravou seu olhar no rosto dele, tentando adivinhar fracassadamente.
- Oi tudo bem... – Jace constatou que era meio tolice, lhe perguntar algo do tipo. – É, quero dizer, como esta o doutor John. – ele ajeitou o corpo na cadeira ao lado dela, questionando.
Clary não conteve um suspiro de falsa calmaria. – Na mesma, o que segundo os médicos, na situação dele, já é muito bom. – ela sorriu de lado, disfarçando o amargor.
Jace baixou o olhar para o piso, que de tão branco, parecia brilhar, sem saber muito o que falar para conforta-la. Talvez não tivesse nada, que pudesse acalentá-la realmente, naquele momento tão difícil. Porque ninguém é capaz de arrancar a dor de alguém, por mais que se queira fazer tal coisa.
Nostalgia, invadiu o pequeno intervalo de silêncio entre eles...
- Obrigada por você ter tocado a reunião de ontem sem mim, eu sei que se dependesse do Sebastian ele iria cancelar o contrato, e enfim. – Clary voltou a falar. Arruinar qualquer plano dela, só porque ouvia cegamente a avó, era quase a profissão do irmão. E o maior motivo de brigas, entre eles... E Clary sentia, que eles estavam ficando cada vez mais afastados nos últimos tempos, levando junto toda amizade que eles sempre nutriam um pelo outro, eles sempre foram como água e vinho, mas apesar das diferenças, eram irmãos que se amavam incondicionalmente, mas a ruiva sentia que isto estava mudando a partir de agora.
- Só fiz meu trabalho. – Jace disse. Tinha uma leve surpresa no tom de voz dele, por seu agradecimento, e Clary não pôde deixar de perceber.
- Olha porque você não vai pra casa descansar um pouco, teu avô esta na UTI, bem assistido, os médicos estão cuidando dele, qualquer coisa vão chamar vocês da família. – Jace sugeriu pacientemente. Apesar do semblante possivelmente tranquilo de Clary, o fundo dos olhos verdes, carregava resquícios do seu abatimento e exaustão, que ficava mais evidente, nos círculos um pouco azulados, envolta do olhar esmeralda.
Clary sorriu quase debochada. – Foi o Dylan que mandou você me dizer isso é... – ela confrontou um pouco risonha. Afinal o homem vivia insistindo, para que ela fosse para casa.
- E você deveria deixar de ser rebelde, e me ouvir. – o médico chegou perto deles, ouvindo seu nome deixar a boca da garota.
- Eu já disse que eu estou bem, não é comigo que você tem que se preocupar. – Clary rebateu em um tom claro de resiliência, para manter-se onde estava.
- A teimosia da juventude. – Dylan cruzou os braços em frente ao jaleco, alegando. Clary teve vontade de esbravejar que ela não era tão jovem, e que era plenamente ciente das decisões que tomava. – Vá para casa, eu lhe prometo, que qualquer alteração no quadro do doutor John eu te ligo.
Clary trocou olhares com os dois, um pouco insatisfeita, com ambas as caras apelativas. Apesar de sua insistência, ela não podia negar, o quanto estava precisando de um banho morno, uma comida caseira, e de sua cama por algumas horas. Sua exaustão tinha atingido um nível, tão alto, que ela se quer conseguia lhe medir mais. Seu corpo parecia um pouco anestesiado.
- Você promete. – Clary levantou da cadeira, as costas destroçadas pelas horas que esteve em uma má posição.
Dylan assentiu, se permitindo esboçar um sorriso mais tranquilizado.
- Eu te dou uma carona. – Jace ergueu-se decidido.
- Porque eu aceitaria, que eu saiba você mora em São Patrick, e a BR, é pro outro lado, completamente fora de caminho isso, sem chances. – Clary arqueou uma das sobrancelhas delineadas, batendo o pé. Às vezes a versão de Jace, sendo legal com ela, lhe assustava mais, do que quando eles estavam brigando como malucos. Além do mais seria incoerente, ela querer ficar devendo favores justo pra ele.
Jace deu um sorriso forçado, dosado com implicância. – Espertinha, só que não, quem disse pra você que eu estou indo para casa, eu vou para a academia, que fica a um quarteirão do teu apartamento, mais você que sabe, se preferir ficar horas esperando um táxi, azar o teu. – ele deu de ombros, como se nem ligasse. Porque algo o dizia, que ela não estaria pagando estacionamento durante horas e horas, a não ser que quisesse estar rasgando dinheiro. Além dele, a única opção seria ela torcer muito para achar um táxi rapidamente.
Dylan se afastou rindo, não achava que a competitividade daqueles dois, faria com que ele fosse notado. Não mais...
/****/
Eles caminharam em puro silêncio até o estacionamento...
- Mademoiselle... – Jace destravou o carro, abrindo a porta do carona para ela. Recebendo um revirar de olhos, como agradecimento.
- Se você abrir muito essa boca, eu corto tua língua com minha unha. – ela ergueu a mão direita, passando por ele para entrar no veículo. A última coisa que teria paciência era para ouvir as implicâncias irritantes de Jace, sendo jogadas contra ela. Ela pôde ouvir do lado de fora a gargalhada sacana dele, dando a volta no carro.
- Sabe apesar de me sentir muito tentado em bater meu carro com você dentro, e assim te assassinar, eu penso que o estrago no meu pobre carrinho, não vale esse esforço todo. – Jace enfiou a chave na indignação, dando uma piscada de olhos provocativa até ela.
Clary afundou no assento, como se quisesse mesmo o matar...
- Eu me jogaria no asfalto, antes de te dar esse gostinho. – ela foi provocativa quando soletrou, aproximando seu rosto do dele. Ato que arrancou um sorriso largamente traquina de Jace.
/***/
- O que, você vai mesmo me sequestrar, por isso já esta me dando comida. – Clary sem entender absolutamente nada, foi enfiando o celular de volta no bolso da jaqueta de couro, quando viu Jace voltar batendo a porta do carro, tirando a atenção dela que checava seus e-mails e mensagens não respondidas. Ela não pensou, que quando ele disse que pararia o carro somente para abastecer, voltasse minutos depois com as mãos ocupadas, com um copo de suco de laranja, e um sanduiche de frango e queijo.
- Olha só, vocês meninas podem até se acharem lindas pesando trinta quilos, mas não é isso que a maioria dos homens pensam, só pra registrar. – ele alfinetou em bom humor, alcançando as mãos dela, e praticamente a obrigando segurar o lanche trazido. Sinceramente com aquela confusão toda rolando, as inúmeras horas que ela passou dentro do hospital, ele realmente se perguntava, qual foi a última vez que ela comeu algo descente e que a alimentasse. Clary se encontrava mais branca do que uma folha de papel sulfite. Maluquete do jeito que era, era muito provável que ela estivesse passando os últimos dias à base de muito café e água...
Clary bufou desajeitosamente, em desgosto puro, ele lhe daria aulas de nutrição agora. – Jace eu não pesaria trinta quilos, nem se eu quisesse. – ela atirou em impaciência, mas riu no final. Claramente ela já estava acostumada a ser uma falsa magra, porque não importava se ela não era extremamente magra, as pessoas sempre chegariam a aquela conclusão, por conta de sua baixa estatura. – Eu gosto dos meus cinquenta quilos, okay. – ao menos agora subia bem uma escada, muito mais agradável e satisfatório, do que nos tempos de faculdade, que ela passava com a cara enfiada nos livros, e comendo besteiras o dia inteiro, chegando ao ponto da situação explodir, com ela se enfiando em suas roupas apertadas, casando com o fato de que dar dois passes já lhe deixava ofegando. Clary odiava o lado sedentário, que adquiriu durante os primeiros anos de universidade.
- É mesmo. – o sorriso de Jace saiu provocador.
- E me chama de baixinha, que eu arranco os teus olhos. – ela cerrou entre dentes, dando uma mordida no sanduiche, o cheiro agradável estava lhe chamando, como se ela fosse uma abelha sendo atraída por mel.
- Ah meu deus, baixinha né, mais em compensação a marra, não cabe dentro da pessoa. – Jace levemente riu dela.
- É, se bobear vou precisar disposição mesmo, pra quem sabe procurar um novo emprego, minha avó vai fazer a cabeça dos acionistas para nomearem a presidência ao Sebastian, agora sem o vovô, o cargo esta livre. – Clary olhou para a rua, por além do vidro da janela abaixado. Não era boba, não a ponto de acreditar, que avó não estava planejando manda-la embora da empresa. – Com o vovô fora da empresa, não sei se tenho estômago, para nada disso, então de qualquer jeito eu sairia. – ela divagou, pensando que mesmo sem a interferência da avó, acabaria saindo da empresa da família, para não ter que atura-la e suportar seus desmandos.
Jace observou-a, calada, apoiando o copo com suco sobre o painel do carro. – E logo você, vai desistir tão fácil assim. – ele incitou-a estreitando os olhos, um pouco incrédulo.
- Eu nunca precisei do dinheiro da minha família, e aturar o veneno da minha avó não vale esse preço. – Clary mexeu os ombros, terminando de devorar o sanduiche. Não era ela, a que mais tinha que se preocupar com o patrimônio da família, então eles que se virassem sozinhos, já que nem queriam a ajuda dela, de qualquer maneira. – Eu trocaria tudo isso, pra que esse acidente não tivesse acontecido. – a mente dela pesou com as imagens assombrosas do avô, quase parecendo sem vida, naquela cama de hospital.
Os olhos verdes se tornando hipnotizados, como uma floresta fria e escura... A solidão lhe acertando impiedosa...
- Vai dar tudo certo. – Jace cobriu a mão dela com a sua, em um toque imerso em gentileza. – Bom talvez eu também tenha que começar a distribuir currículos por aí, se tua avó assumir as coisas, duvido que ela queira o neto da empregada exercendo um cargo de chefia, talvez se for para servir cafezinho ela me aceitasse. – ele zoou com uma pitada ácida. Era certo que Magnólia não aprovaria o ter dentro da empresa da família.
- Eu agradeço o otimismo, mesmo que eu não tenha muito, no momento. – Clary sorriu para ele. Os olhos deles se cruzaram enigmáticos. – Eu gostaria que você ficasse, pelo menos iria ter alguém pra enfrentar minha avó de cabeça erguida e irrita-la um pouco... – ela tentou soar sarcasticamente, um recurso para encobrir o quase elogio que destinava a ele.
Clary puxou sua mão, ao ter um arrepio subindo pela pele de seu braço, em um choque bom e reconfortante, ao ter os dedos de Jace passando calor por sua pele, devido ao carinho que fazia em sua palma. Ela alcançou o copo de suco, percebendo que o gosto cítrico da laranja era uma distração bem vinda, para seus pensamentos.
Jace segurou no volante do carro, tentando frear a confusão de seus pensamentos. – Eu vou te deixar em casa. – ele cortou o silêncio.
/*****/
Jace desceu do carro, batendo a porta sem muito tato, o sol a pino depois do meio dia, só parou de incomodar sua visão, quando ele puxou os óculos escuros, antes pendurados na gola da camisa, os colocando. O lugar de terreno cascalhado, era um completo deserto, de uma mudez ensurdecedora, seus calçados estralaram contra os pedregulhos quando ele começou a andar, assim que avistou a pessoa que lhe esperava.
- Que lugarzinho interessante, para tratar de um assunto importante, ou foi isso que você me disse ao telefone pela manhã. – Jace semicerrou os olhos, fitando por debaixo dos óculos, um par de urubus abrindo as asas, enquanto estavam sentados, em um pedaço de muro, que não havia despencado para o chão, e virado lixo e entulhos espalhados pelo terreno baldio, como já haviam muitas coisas assim por ali. Um assombroso deserto...
O loiro mais velho descruzou os braços, e parou de encarar a vegetação mortificada, que ocupava seu campo de visão. – Tá atrasado. – Hodge Starkweather advertiu não parecendo satisfeito, em ter ficado esperando. Seus olhos estavam frios e zangados, preferia não ter que explicar, iniciando um assunto inútil, do porque eles não podiam ser vistos justos, motivo que jamais o faria marcar aquele encontro em um moderno café, no centro da cidade. Jace sabia muito bem por que...
- Eu acabei tendo que passar em um lugar antes. – Jace justificou, levando os óculos para o auto da cabeça. Preferiu assumir seu lado sério e engajado.
Hodge iniciou o que precisava informar com urgência a Jace, as distrações que o loiro mais novo tinha, não eram importantes, não para ele, ao menos enquanto não prejudicassem a parceria deles. – Surgiu um evento novo, precisava te falar pessoalmente, tentaram matar o velho Morgenstern, os freios do carro foram ardilosamente cortados, fizeram parecer acidente, mas não foi, tive aceso a perícia em primeira mão, parece que descobriram algum dos podres dele. – ele entregou a pasta amarelada, que estava em seu poder, debaixo de um dos braços. A expressão do homem loiro, estava carrancuda e nervosa. Ou era isso, ou a outra hipótese seria que mais alguém estava tentando tirar John de seu caminho, calando-o para sempre.
- Alguém chegou antes da gente. – Jace disse, raiva transparece em sua voz, raiva, e decepção incontrolável. Ele segurou com destreza interessada a pasta, abrindo-a e ficando a passar os olhos com curiosidade por todos os papéis. Como a águia que era, astuta e inteligente, Hodge tinha razão, não fora um acidente comum, fora um premeditado assassinato. Mas quem? Talvez aquela resposta fosse muito difícil de obter. Um enigma dolorosamente indecifrável.
- Em menos de vinte e quatro horas, isso estará na impressa, possivelmente a família será informada em breve também. – Hodge estava desgostoso com o rumo que tudo estava tomando, aquele evento não esperado, estava o preocupando demais, pois não estavam nos planos deles, era para tudo ser mais simples. Mais um ponto para as coisas se tornarem mais difíceis e não solucionáveis. – Você precisa ficar mais atento do que nunca, um passe em falso. – alertou meticuloso.
- Eu sei, você não acha que eu sei. – Jace não conteve o ar sem paciência. Hodge não precisava lhe dizer, o que ele sempre soube, durante quase toda uma vida. Não estava ali para ouvir lições, de algo que ele já sabia e tinha decorado como seu legado de vida...
/*****/
Naquela manhã, Clary resignou-se para acordar bem cedo, para que pudesse ver o avô antes de ir ao trabalho, foi dolorido conter sua vontade de passar mais um dia enfiada dentro do hospital, rezando para que os boletins médicos fossem melhores a cada hora de divulgação, mas ela sabia que mesmo uma parte de sua vida tinha que continuar, ela precisava tocar seus afazeres, por mais angustiada que estivesse para realizar uma mínima tarefa que fosse.
- O que é isso. – ela falou consigo mesma, quando se surpreendeu ao encontrar uma caixa atulhada de coisas, sobre sua mesa de trabalho, mas precisamente todos os seus pertences. – Dona Suely. – Clary berrou bufando ar quente pelas narinas.
- Esta ocupada, preenchendo uns relatórios para o Sebastian. – Magnólia surgiu falando atrás dela, e mesmo que Clary ainda estivesse de costas, remoendo sua indignação, ela sabia que a avó tinha um sorriso presunçoso em sua face. Seu maldito sorriso de vitória, que Clary teria o prazer de arrancar do rosto levemente enrugado da mulher. – Eu acredito que você saiba o que isso significa.
Clary virou para encontra-la com as mãos a cintura, o orgulho passou junto com as palavras deixando seus lábios.
– Você sempre foi esperta Clarissa. – diante da mudez da ruiva, Magnólia voltou a dizer.
- E é por isso que você não me quer por perto, não é. – Clary chegou absurdamente perto da mulher desafiante. Os olhos verdes erguidos com maestria, um misto de tensão e ira.
- Apenas não permitirei, que você roube o lugar que é de direito do seu irmão. – ela respondeu, com uma falsa calmaria.
- Não Magnólia, reformulando, apenas você sabe, que a ele você pode controlar, já comigo, você não teria acesso a nenhuma regalia aqui dentro. – Clary se aproximou mantendo sua pose ereta e altiva. Não tinha nenhum motivo para aceitar as humilhações da avó. Ela não era sua tia, e muito menos suas irmãs... Por outro lado, quem sabe ironicamente, a mulher falsa, não estava lhe dando sua carta de alforria, para bem longe dali.
A mulher deu uma risada coberta por cinismo para a neta...
- Eu vou, porque eu nunca quis nada disso aqui pra mim, eu sonho grande, sempre sonhei, mas não pense você, que eu não continuarei de olhos abertos, ouse roubar um centavo, que por direito é das minhas irmãs pra você ver. – Clary virou-se para trás por segundos, só o tempo de apanhar seus pertences de cima da mesa. A garota pôde ver o olhar de satisfação da avó, pela vitória conseguida. Mais aquela guerra estava longe de terminar, Magnólia não perdia por esperar.
/*****/
- Magnus, Jace... – no final da tarde, Clary ficou boquiaberta por ter a dupla tocando a companhia de seu apartamento. Uma dupla de visitantes, um tanto inesperada.
- Mon petit, você precisa vir agora com a gente, temos uma reunião importante na empresa do seu avô, e já estamos nos atrasando. – Magnus informou sem se quer fazer uma pausa para respirar. O advogado sorriu, quando fez um carinho nas orelhas marrons, do gatinho que estava no colo de Clary.
Gaspar debateu-se no colo da dona, parecendo não gostar das visitas. Clary soltou o bichano no chão, que correu para dentro do apartamento com um miado. – Tá, entrem me contem tudo, eu vou só trocar de roupa. – a garota alegou, apontando para sua vestimenta casual. O cropped de renda preta e o short curto jeans, que não cobria muito mais que a polpa de seu bumbum. Não que ela tivesse algum problema em andar por aí com suas roupas curtas, mas decididamente não eram roupas que ela costumava usar em seu ambiente de trabalho. Ou antigo ambiente de trabalho, já que tinha passado a tarde circulando anúncio de empregos nos classificados do jornal.
- Clary, como o Magnus disse, nós não temos muito tempo. – Jace se pronunciou pela primeira vez. A urgência nos olhos dele, deixou a ruiva completamente intrigada, mas que raios aqueles dois tinham em mente.
/****/
- Boa tarde senhores. – Magnus passou pela porta da sala de reuniões da empresa, abanando sua pasta de couro preto, em um dos braços. Sua pose exibida e segura de si, em seu Vanquish, de cor vinho, feito sob medida, que lhe moldava o corpo atlético com uma perfeição excepcional.
- O que é isso, vocês não foram chamados para a reunião. – Magnólia levantou o corpo, em um mexer de pernas elegantes, da cabeceira da enorme mesa de reuniões. Os acionistas olharam uns para os outros, com ares confusos. A interrupção não pareceu ter sido esperada por ninguém. Por um segundo Clary quis se esconder atrás de Jace, que estava parado ao seu lado, ou bater em Magnus por não a ter deixado trocar de roupa antes de sair. Todos olhavam diretamente para ela, ou para suas roupas inapropriadas... E ela não estava entendo absolutamente nada afinal.
- Senhora Magnólia, como representante legal desta empresa, bem como dos interesses de John Morgenstern, eu posso perfeitamente me convidar para esta reunião. – Magnus proferiu. Tinha horas que realmente continha sua vontade de dizer a mulher o quanto a achava, uma cobra, uma bruxa asquerosa. O homem sacudiu a cabeça diante dos maus pensamentos antes de continuar.
- Nas minhas mãos, a um documento de procuração, retificada em cartório, cujo seu assunto é muito simples. – Magnus explicou, antes de começar a ler em voz alta e decidida as duas folhas que estavam em sua posse.
Clary teve a sensação que seus ouvidos congelaram durante aqueles segundos de espera...
- "Eu, John Morgenstern, em uso pleno de minhas faculdades mentais, declaro, que em minha ausência, de meus negócios e funções, como presidente das indústrias Morgenstern, deixo o cargo de presidente e demais decisões, sob total responsabilidade de minha neta, Clarissa Julia Fairchild Morgenstern, bem como trinta e cinco por cento de minhas ações, com documento homologado em cartório"...
Antes que Magnus continuasse, após sua pequena pausa para buscar um pouco de ar, para seus pulmões, a voz de Sebastian interrompendo pôde ser ouvida.
– Isso é ridículo, se o vovô deixou apenas trinta e cinco das ações para a Clary, como meu avô possui setenta por cento do patrimônio desta empresa, os outros trinta e cinco que sobram, são automaticamente da minha avó, porque ela é casada com ele, e na ausência dele ficam para ela, juntamente com os trinta por cento, que os acionistas possuem juntos, então esta totalmente óbvio, que esse documento perde seu valor legal. – o loiro platinado disse, de modo inteligentíssimo, como se somente ele visse o óbvio daquilo tudo. E a imensa perda de tempo, que tinham discutindo o assunto, que já parecia ter uma solução óbvia.
- Eu ainda não acabei queridinho. – Magnus olhou para o teto um pouco irritado em ter que ficar se explicando, o sorriso dele se tornou esnobado, junto a face de desdém. Ele continuou ignorando o rosnado que deixou os lábios de Sebastian.
- "Os outros trinta e cinco por cento, eu também transfiro, com total poder de decisão e uso, a Jonathan Cristopher Montclaire Herondale, junto ao cargo da vice-presidência"... – Magnus pareceu satisfeitíssimo com o encerramento de sua leitura, algo bem diferente dos outros presentes na sala, que repentinamente tornou-se muita apertada para tanta gente, com ares embasbacados...
Continua...

Paixão, sem querer... 《♡CLACE♡》Onde histórias criam vida. Descubra agora