Um grande arrepio passou pelo meu corpo todo ao reparar bem aquela pessoa a minha frente. Arregalei os olhos assustada sentindo mais uma vez o incômodo interno.
-Pare de brincadeira... — Murmurei me agachando no chão com minhas mãos pressionando minha cabeça.
-Algo nesse lugar parece brincadeira? — Fitei a mesma, é praticamente uma cópia de mim.
-Quem é você? — Perguntei tentando me recompor, mas a fraqueza em minhas pernas permanecia.
-Eu sou realmente você, mais especificamente, uma grande parte de você. — A confusão e o medo se misturavam intensamente em mim. -Se acalme um pouco, suas emoções me deixam fraca. Eu nunca faria mal algum a mim mesma.
-Me explique isso direito...
-Sendo mais direta e específica, eu sou as suas memórias seladas. — Arregalei os olhos tentando assimilar aquelas palavras.
-Então, pode me contar sobre o que eu não sei certo? — A mesma suspirou fazendo uma cara não tão boa.
-Eu queria, mas ainda estou selada em ti. Não posso falar sobre qualquer memória nossa. — Entortei o rosto, era difícil aceitar fácil.
-Como está aqui na minha frente?
-Ok, vou explicar o básico para você não se perder. Eu sou as suas memórias perdidas e esse é o máximo que eu posso dizer. Quando tentaram ver o seu passado pela primeira vez, o selo se enfraqueceu um pouco me dando a liberdade de te ajudar em algo, como por exemplo o duelo em que participou. Nessa segunda tentativa, enfraqueceram mais ainda o selo e eu consegui uma liberdade maior, porém não o suficiente para abrir seus olhos nesse mundo.
-No duelo foi você então... as vozes que escutei. — Ela riu.
-É estranho ver você me tratar como outra pessoa. — Passei a mão na nuca sem jeito pela situação.
-Só eu posso te ver, então? — A mesma assentiu.
-Sou como um fantasma que aparece para você. Eu tenho um certo nível de energia para ficar nessa forma para você, mas não dura muito e aí que volto para o seu corpo. Eu não posso assumir o controle de você, apenas em momentos de extremo perigo para nós. — Suspirei levando as mãos ao meu rosto. -Não se preocupe, você não está mais sozinha aqui. Vamos virar esse lugar do avesso, tenho coisas mal resolvidas aqui.
-Isso não parece certo... o que eu sou?
-Você... é uma humana comum. O problema sou eu... que sou um..! — Antes que terminasse de formular a frase, a mesma deu um grito alto como se estivesse sentindo dor.
-Ya! O que foi?! — Tentei me aproximar, mas parei ao vê-la sinalizar para ficar no mesmo lugar.
-Está tudo bem, mas é isso que acontece quando tento falar alguma informação... me desculpa. — Sua voz enfraqueceu.
-Isso tudo é tão... confuso.
[•••]
-Está me deixando com vergonha me encarando desse jeito. — Disse sem olhar o Park que me acompanhava até a sala do diretor do Instituto.
-Sente alguma dor? Estranha? Algo assim? — Parei por um momento o fitando.
-Você já fez essas perguntas umas 20 vezes. Se sente culpado? — O mesmo limpou a garganta sem jeito e negou rapidamente.
-Eu apenas queria saber... — Park Jihoon passou a mão pelos seus fios e continuou a seguir o caminho. Após longos minutos chegamos na sala, na qual não teve mistério para adentrar.
-Finalmente estão aqui. — Choi Hyunsuk disse encostado a parede esquerda da sala com os braços cruzados.
Havia mais algumas pessoas, mas meu olhar se tomou para o homem distante na minha direção. Sua aparência era jovem, trajava um terno preto e possuía uma expressão estranha enquanto me encarava. O mesmo deu passos em minha direção ficando cara a cara em poucos segundos, suas mãos foram levadas ao meu rosto levantando um pouco deixando que o homem examinasse cada detalhe mínimo. Era como uma hipnose, seu olhar transmitia tristeza e me deixava totalmente desamparada.
"Kim Hana! Se afaste dele agora!"
Ao ouvir meu outro "eu" praticamente gritar dentro de mim, retomei meus sentidos recuando do homem que parecia recompor também.
-Ei velho, não se esqueça que tem idade para ser tataravô dela. — O Choi disse me fazendo engasgar com o ar e o homem limpou a garganta.
-Muito engraçadinho para alguém que fez uma grande besteira. — Choi Hyunsuk levantou aa mãos em um ato de redenção debochado. -Enfim, sou o diretor deste instituto como pode ver. Me chamo Han Seungwoo.
-Sim... — Me curvei levemente ainda mantendo distância.
-Sente alguma dor? Algo diferente dentro de si? — Suas perguntas eram diretas.
3 horas antes
-Irei te guiar durante a pequena "reunião" que terá. Lembre-se de nunca contar sobre a minha existência ou responder qualquer pergunta do gênero.
-Por que? — O seu olhar havia ficado sério.
-Aquele homem não é confiável.
Atualmente
-Ei, por que está hesitando? — Tive um mix de susto e alívio ao ver Choi Byungchan ao meu lado. -Está realmente machucada?
-Não... apenas me sinto muito cansada. — Menti vendo o mesmo encarar o diretor.
-Tem certeza, senhorita? — Assenti tentando parecer o mais natural possível e parece que acreditaram.
"Bom trabalho!"
-E o que faremos com o olho dela? — Yoon Jaehyuk se pronunciou.
-Irei dar um jeito, apenas preciso de um tempo. — Han Seungwoo suspirou me fitando outra vez.
-Amanhã é dia de avaliação, deixamos ela de fora? — Park Jihoon tinha uma expressão neutra enquanto olhava para a janela.
-Não, ela vai participar. — Com sua pequena frase, fez com que todos presentes o encarassem.
-Não pode colocar uma humana dentro desse jogo cruel! — O Yoon parecia extremamente bravo, mas não afetou nem um pouco a postura do homem.
-Não está em negociação. Choi Byungchan, a leve para que faça alguns exames e depois deixe que descanse. Os outros fiquem, temos uma longa conversa.
-Vamos. — Byungchan segurou minha mão e eu assenti apreensiva o seguindo. Antes de sair dei uma breve olhada dentro da sala, encontrando novamente os olhos sombrios daquele homem.
-A avaliação que eles queriam dizer é...? — Soltei a mão do garoto o fitando.
-Foi o que eu expliquei, toda semana temos esse tipo de prova. Mas não se preocupe, eu estou com você. — Ele deu um sorriso e bagunçou meus fios.
"Eu também estou."
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Espero que tenham gostado, perdão pela demora. Até o próximo capítulo amores!
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Wonderland
FanfictionWonderland foi o nome dado ao Instituto de proteção anônima do governo Sul-coreano. Por tempos isso funcionou,até que o povo passou a achar que tinha algo estranho ali levando a várias teorias e boatos. Com o intuito de manter sua imagem limpa, Wond...