Capítulo 10

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- Foi mal. Desculpa - desvio meu olhar rapidamente e tento sair do local o mais rápido possível. Porém, o Lorenzo não me acompanha, pelo contrário, fixou os seus pés ali e ficou. 

- Não. Você não tem que pedir desculpas - Enzo me encara de forma indecifrável. Tento repreendê-lo, entretanto, um nó se forma em minha garganta, impedindo qualquer fio de voz sair.

- Não seja por isso. Mil desculpas. Agora, preciso ir. Até mais ver - o rapaz sorri, diz frio e sai, fazendo minha nuca se arrepiar. Até pensei que ia cair se não fosse os braços de Enzo me segurando.

- Você está bem? - Enzo arregalo os olhos, preocupado - Você tá branca!

- Vamos sair logo daqui - com medo dele me segurar novamente, tiro meu braço de seu aperto e corro para a próxima esquina. Tentei respirar fundo, mas é como se meu pulmão rejeitasse o ar. Apoiei em meu joelho, como se eu tivesse corrido uma maratona. Mas, nada me acalmava.

- Amora! Meu Deus... - ele vê meu estado e corre para me dar apoio - Você o conhecia? Quem era ele? - Enzo me segura pela cintura e faz um pequeno carinho em minhas costas, tentando me acalmar.

- Eu preciso ir pra casa - fico ereta e passo meu olhar por todo o local em que estou, na tentativa de me localizar.

- C-claro, claro. Vamos sair daqui - eu tentei ao máximo demonstrar equilíbrio. Mas, cada passo dado, era uma vitória. Senti o chão mole, como uma corda bamba. Minha cabeça parecia que ia entrar em erupção a qualquer momento.

O caminho todo foi em silêncio. Um silêncio ensurdecedor, desconfortável. Eu conseguia ver o quanto Enzo estava preocupado. No entanto, eu não poderia acalmá-lo, não agora, não quando eu nem conseguia acalmar eu própria.

- Está entregue - ele tenta sorri para me animar, mas seu sorriso morre ao ver que não adiantara nada.

- Obrigada.

- Tem certeza que vai ficar bem?

- Sim. Eu te ligo - tento sorri para dar mais confiança, embora eu não tenha conseguido chegar ao meu objetivo.

- Promete?

- Prometo. E mais uma vez, obrigada - lhe beijo a bochecha e entro em casa.

- Amora, que bom que chegou. Eu estava preocupada... O que aconteceu com você!? - dona Cláudia desce as escadas e se espanta ao me ver.

- Só preciso descansar.

- Tem comida. Você precisa comer comida de sal. É essencial.

- Eu passei na lanchonete antes de vir.

- Tá, mas...

- Amanhã conversamos - passo por ela e tranco a porta de meu quarto ao fechá-la atrás de mim.

Como isso é possível?

Não faz sentido algum!

Ele... ele... Devia...

Não!

Faz muito tempo. Com certeza não era ele. Era só um cara parecido.

Uma coincidência.

Simples.

Começo a rir de nervoso. O choro também me acompanha. E fico assim, não sei se choro ou rio, se durmo ou acordo, se ligo ou desligo, se me abro ou me fecho, se...

Desde quando eu acredito em coincidências!?

- Calma. Muita calma nessa hora - digo em voz alta.

Além Dos Limites De Sua DimensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora