Acordo com uma música irritante vinda do meu celular. Todavia, o problema não é ela ser irritante, é ela ser do tipo chiclete irritante.
Por que eu coloquei como toque de meu celular mesmo?
Acho que nunca vou encontrar a resposta...
- Alô - digo rouca, com a voz carregada de sono.
- Amora - ouço a voz embargada de Natália, fazendo o meu corpo ficar em alerta.
- O que aconteceu? - já me levanto e começo a separar alguma roupa para poder ir ao encontro dela.
- O... Arthur... E-Ele... - Natália não consegue terminar de falar. Me deixando em estado de alerta.
- Eu já estou indo pra aí agora mesmo.
- Eu vou ficar te esperando - desligo e corro para vestir um short jeans, uma blusa preta comprida, um tênis branco sem cadarço e prendo o meu cabelo em um rabo de cavalo desleixado.
Em outras circunstâncias, eu teria entrado no chuveiro primeiro. Porém, hoje estou com pressa. Ou seja, só uma água no rosto deve servir.
Atravesso a sala em um piscar de olhos e quando eu estava prestes a abrir a porta, minha tia me repreende.
- Onde vai a essa hora e desse jeito? - ela cruza os braços - Não sei se você se lembra, mas ainda é menor de idade e tem a obrigação de me avisar quando for sair.
- Não dá para explicar agora. Quando eu voltar, te explico tudo direitinho. Mas, agora, eu preciso sair daqui. Eu preciso encontrar Arthur - não lhe dou a chance de responder e saio apressada daquela sala.
Corro o mais rápido que eu consigo. E, quando chego ao hospital, até esqueço que preciso passar pela recepção primeiro. Porém, o guarda não deixa isso passar despercebido.
- Onde pensa que vai? - o cara era quase o dobro da minha altura, porém, não deixei isso me intimidar.
- Eu preciso ver o meu amigo! - me seguro para não gritar.
- Recepção primeiro. Ou, se preferir, pode ir embora - ele sorri secamente. Puxo meu braço de seu aperto e vou para o balcão com pisadas fortes no piso de vinílico.
- Amora, que bom que veio - avisto Natália. Corro para o seu abraço, como em um reflexo.
Eu gosto da minha tia, mesmo ela sendo chata pra caramba e eu nunca admitindo os meus sentimentos, mas Cláudia é a minha responsável legal. No entanto, ela nunca me mostrou um carinho materno, ao contrário de Natália. Muitas vezes, quando eu, raramente, ia pedir conselhos, era Natália quem eu recorria.
- Como ele está? - a encaro com os olhos encharcados de lágrimas.
- O Arthur teve pneumotórax.
- O que é isso?
- É a presença de ar entre as duas camadas da pleura - Natália é professora de biologia. O que ajuda com esses termos científicos.
- Mas ele está bem?
- Arthur mostrou sinais ontem. Então, eles fizeram uma drenagem torácica.
- E o que é isso?
- É a colocação de um tubo através do tórax para aspiração do ar e expansão do pulmão.
- Eu só quero ver ele - ela acaba soltando um risinho.
- Me desculpe. Vem - ela me arrasta até o quarto de Arthur.
Minha cabeça já estava querendo explodir por causa da quantidade de termos desconhecidos.
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Além Dos Limites De Sua Dimensão
FantasyJá perdeu algum ente querido? Ou já quis muito voltar no tempo? Amora Lima é uma garota do 1° do Ensino Médio que perdeu a mãe com apenas 6 anos de idade. E, por causa disso, foi morar com a tia, Cláudia Lima. A garota é bem rebelde, ama uma boa tra...