Capítulo 16

20 5 13
                                    

Pisco meus olhos várias vezes, até minha visão se ajeitar novamente. Volto para o presente e vejo que ainda estou muito perto de Lorenzo. Parece que ele não percebeu a minha "saída".

Avisto Viviane descer as escadas e aproveito a deixa.

- Vamos comer? Quero ver se você cozinha bem mesmo - me afasto e tento sorrir.

- Mãe - Enzo se vira para encarar a mãe - Eu fiz a macarronada que a senhora gosta.

- Nossa, estava com saudade - ela sorri e se aproxima mais da gente - Amora, precisa ver as obras de arte que ele faz na cozinha - nos encaminhamos para a sala de jantar.

- Depois você vê os desenhos que Amora faz - ele sorri pra mim.

- Não são nada demais... - ponho uma mecha de cabelo atrás da orelha.

- Não. Eu as sirvo - Enzo impede eu e Viviane de pegarmos os pratos.

- Sério. Não precisa - tento passar, mas ele estende o braço em minha frente.

- Eu insisto - ele praticamente me senta na cadeira, depois, fez o mesmo com a mãe.

- Nem insista - Viviane revira os olhos - Mas então, o que gosta de desenhar?

- Han... Bem... Pra falar a verdade... Gótico - digo meio incerta.

- Eu gosto. Principalmente a história por trás delas.

- Eu costumo desenhar quando estou com uma emoção muito forte no peito, me ajuda a descarregar, me acalma. Embora eu não tenha desenhado quase nada essa semana.

- Espero que gostem - Enzo nos serve com um prato de aparência maravilhosa.

- Como eu disse. Estava com saudades - Viviane dá uma garfada e suspira.

- Então? - ele se refere a mim. Ponho a comida em minha boca e me apaixono. Uma explosão de sabores, mais a pimenta que estava na dosagem perfeita.

- Realmente. Você cozinha muito bem! - engulo e digo.

- Tive uma boa ajudante hoje - reviro os olhos. Sei que mais atrapalhei do que ajudei - Hum - Enzo quebra o silêncio - Amora pode dormir aqui, né?

- Claro. Mas preciso saber o que os pais dela acham.

- Tia - Enzo a corrige - E ela já está sabendo.

- Desculpe.

- Tudo bem - eu digo.

- Espero não estar sendo muito enxerida, mas... - entendo e nem a espero terminar a frase.

- Minha mãe morreu quando eu tinha 6 anos. E meu pai... bem, nem sei o nome - olho para o meu prato.

- Entendi... Sinto muito.

- Já faz muito tempo - sorrio, embora tenha saído tristonho.

- Então - Enzo tira o foco de cima de mim - Olhe - ele estende o celular e apresenta, o que deduzo ser, os meus desenhos que o mostrei mais cedo.

- Incríveis! Você já fez alguma aula? - ela olha pra mim.

- Nunca.

- Nossa! Você tem muito talento - ela sorri - E qual é a história desse? - ela me mostra uma garota no balanço de cabeça abaixada, rodeada por árvores mortas e alguém com asas diabólicas a agarrando por trás, a sufocando.

- Eu me sentia aprisionada - essa obra foi uma das quais eu fiz enquanto estava meditando. Eu senti um sufoco, então, resolvi tentar expressar no papel para ver se aliviava. E, na mesma hora que abri os meus olhos e vi, a calmaria reinou em meu corpo naquele momento. Na verdade, aquele foi um dos meus primeiros desenhos feitos dessa forma.

Além Dos Limites De Sua DimensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora