Capítulo 29

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Aparecer do nada na frente de alguém é de se assustar, agora, aparecer duas vezes, é de se surtar. Então, eu mudei um pouco de tática. Ao invés d'eu aparecer no quarto dele logo de cara, eu preferi ir pro corredor.

Só tenho um problema. A garota água oxigenada. Quero conversar com Enzo a sós. Mas... Como atraio ela pra fora?

Penso em algo rápido e estralo os dedos. Pego um ratinho que estava na minha casa e volto para o corredor de Enzo. Abro a porta silenciosamente, o suficiente para apenas o ratinho passar.

Feito isso, só espero o grito. 1, 2, 3...

- Ahhhh! UM RATO! - seguro minha boca para não gargalhar alto.

- Calma. É só um ratinho... - escuto a voz de Lorenzo.

- Tira isso daqui!

- Mel... - de doce não tem nada.

- LORENZO! - ela grita. Escuto os passos se aproximando e fico invisível, da mesma forma que antes – Quando tirar isso daqui, me avise! - a vejo sair e Enzo permanecer no batente da porta, segurando o riso.

Primeira parte, concluído. Sorrio vitoriosa.

O vejo entrar no quarto novamente e sair com o ratinho nas mãos. Entro e o espero voltar.

- Não tenho tempo - digo assim que Lorenzo entra, não lhe dou nem tempo de se assustar e o puxo e fecho a porta rapidamente logo atrás - Enzo, preciso falar com você.

- C-como... - Lorenzo gagueja

- Eu... - estando de frente pra ele, perdi até o que eu ia falar - Bem... - respiro fundo - Não vou te machucar - sigo meus extintos e o entrego o papelzinho que ele próprio me deu, demorando na hora de soltá-lo.

- Mas... O que é isso? - ele enruga a testa e encara nossas mãos juntas, provavelmente me achando uma maluca.

- Abra – digo e o solto. Ele me olha nos olhos e depois abre o papel.

"- Posso me sentar aqui?

- Não precisa me pedir permissão, não tem o meu nome escrito.

- Se quiser, pode ficar com a gente.

- Vou com você.

- É melhor sairmos daqui.

- Você é especial.

- Então vai querer se afastar de mim?

- Isso nunca.

Nossas testas quase encostando uma na outra.

Eu dormindo com a cabeça deitada em seu peito".

- Uou! - ele olha pro nada, imagino que absorvendo tudo - Amora... - o encaro, esperançosa.

- Enzo... - sussurro. Não aguento e corro para abraçá-lo - Enzo. Diz que se lembra - digo com a voz abafada em seu ombro.

- Eu me lembro - abro o maior sorriso possível.

- Eu fiquei com muito medo - lágrimas começam a cair de meus olhos.

- Eu estou aqui agora - ele me aperta, como se não quisesse que eu escapasse - Amora, você está bem? O que aconteceu? E esse sangue? - ele me afasta para poder me encarar e me ataca com perguntas, o que me faz soltar uma risada.

- É uma longa história. Mas, para encurtar. Eu não podia ir sem antes falar com você. Por isso...

- Pera aí. O quê? - ele arregala os olhos.

- Enzo, não posso explicar muita coisa. Estou correndo contra o tempo, literalmente. Como eu disse...

- Ok - ele me interrompe delicadamente - Mas, você está bem? E esse sangue?

Além Dos Limites De Sua DimensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora