Capítulo 12

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- Você está bem...? - minha tia arqueia as sobrancelhas.

- E-Eu? Tô... - com certeza não!

Meu sangue gelou e eu senti que minha alma se separou de meu corpo por um segundo.

- Bom... - dona Cláudia ignora a minha falta de cor e começa animadamente - Esse é o Álvaro James. Álvaro, essa é a minha sobrinha, Amora - minha tia sorri de uma forma que eu nunca havia visto antes. De forma, encantada. Como se ela estivesse hipnotizada. 

- P-Prazer? - saiu mais como uma pergunta. Tentei agir normalmente, porém, falhei miseravelmente.

- Eu não já te vi antes? - ele faz de desentendido.

- Já nos esbarramos em uma lanchonete - sorrio, entretanto, amarelado.

- Pode ser... - Ele sorri.

- Então - minha tia nos interrompe - Álvaro vai ficar para o almoço - ela dá uma pausa para poder admirá-lo - Ou seja, trate de se comportar - volta o olhar pra mim, de forma repreendedora - Não me faça passar vergonha - e, novamente, volta com o sorriso. Me causando arrepios.

- Não se preocupe. Sou pediatra. Lido com isso todos os dias - Meu Deus... Tadinho de seus pacientes...

- Eu vou... Para o meu quarto. Preciso de um banho. Pois voltei do hospital - saio o mais rápido possível de lá e tranco a porta.

Ele só pode ser o cara com quem a minha tia foi se encontrar naquele... naquele dia...

Eles estão juntos a quanto tempo?

Quanto tempo ela me esconde ele?

Por que agora?

Por que ele?

Será que ele se lembra?

Não é possível.

Não pode ser ele.

Não é ele.

Já faz muito tempo.

Com certeza é só uma pessoa parecida.

Ele está morto!

Meus pensamentos estavam a mil. Muitas reflexões.

Meu corpo travou no lugar. Não conseguia nem ir para frente e muito menos para trás.

Tento regular a minha respiração. Expiro e inspiro não sei quantas vezes, no entanto, não adianta, continuo com o coração acelerado e com falta de ar.

Paralisada no lugar por um longo tempo.

Porém, graças a alguma força divina, consigo me mover para abrir a janela. Me apoio na soleira e ponho a cabeça para fora. Tudo para ver se entra algum ar em meus pulmões.

Quando finalmente consigo me acalmar, vou para o meu banheiro e jogo uma água fria em meu rosto. Me olho no espelho e me assusto ao ver o reflexo de alguém pelo espelho. Me viro e não vejo coisa alguma.

- Sanidade. Pelo amor de Deus. Não me abandone agora - digo em voz alta, como se fosse ajudar em alguma coisa. Decido, então, entrar no banho.

Ao desligar o chuveiro, visto uma roupa jardineira azul bebê, um tênis desportivo branco, solto o meu cabelo e desço meio vacilante.

- Demorou - minha tia nem me olha nos olhos. Está entretida demais nos olhos violeta de Álvaro.

- Então, vamos comer? Só estávamos te esperando - Álvaro me encara e sorri, já se levantando e organizando a mesa, como se já fosse de casa.

Além Dos Limites De Sua DimensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora