Capítulo 8

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- Amora! - como no loop, apenas espero tudo se repetir novamente, começando com o balde de água fria. Porém, a água não chegou à minha pele, fazendo eu me levantar abruptamente.

- Não... - isso significa que...

- Amora, você vai ficar o dia todo na cama? - minha tia aparece apenas com a cabeça na porta.

- Q-quantas horas? Q-que dia é hoje? - me sento em perna de índio, com o coração acelerado. 

- Dia de você sair da cama e já está na hora de você sair da cama - ela responde ironicamente e depois sai de minhas vistas.

Como deduzi, saí do loop infernal. Mas, não estou feliz. Muito pelo contrário. Não posso mais mudar. Não tenho como salvar Arthur, que por minha culpa, ele está em estado grave no hospital.

Assim que recebi a ligação ontem, caí em desespero, minhas lágrimas caíram como uma cachoeira, pensei que ia ser capaz de encher um balde d'água.

Art é como um irmão pra mim. Ele sempre esteve comigo, nos momentos bons e ruins. Sempre tentou pôr juízo na minha cabeça, mesmo eu o chamando de chato e irritante. Mas ele era o meu chato e irritante.

Quando eu finalmente consegui deitar a cabeça no travesseiro, eu tentei me acalmar com a ideia de que eu poderia ter outro plano, que eu poderia novamente driblar a morte.

Mas... O dia amanheceu e não é mais o mesmo...

- Ahhh! - abafo o meu grito com o travesseiro e mais lágrimas caem.

Depois de mais um tempo me chamando de inútil, de imprestável e de uma péssima amiga. Resolvi me arrumar para visitá-lo. E dizer o quanto eu sinto muito.

Ao sair do chuveiro, opto por uma blusa branca, com a manga comprida e gola alta; uma calça jeans rasgada e um cintinho marrom para combinar; bota de mesma cor, de cano longo; e coloco um casaco preto por cima.

Para finalizar, prendo o meu cabelo com um palito de madeira, por preguiça, passo a maquiagem para disfarçar os meus hematomas...

- Quê!? - o meu rosto, antes parecido como se eu tivesse levado uma surra, agora, novo em folha - Como isso é possível!? - jogo minha cabeça para trás e grito, como um desabafo.

Se eu pudesse, ficaria me encarando no espelho o dia todo, entretanto, Art é mais importante. Então, passo apenas o brilho.

O aperto no meu coração volta de novo, ver o meu quarto e lembrar de todos os momentos que eu e Art passamos aqui, são muitas as lembranças guardadas nesse cômodo.

Ao lado da porta, tem a minha cama, com a cabeceira na parede, e o armário à esquerda. Á frente, tem minha escrivaninha e a janela. Enquanto que a parede à direita que sobrou, deixei para os meus posters e desenhos.

Quantas vezes Arthur tentou enfiar alguma matéria na minha cabeça bem aqui, no meu quarto, com os resumos espalhados pela minha cama?

Eu sorrio com a lembrança. Eu sempre amassava seus resumos quando eu me cansava e dizia que era impossível eu aprender aquilo tudo.

Já teve até algumas vezes, que ele me deu dicas de vestimenta. Disse que eu não tenho noção nenhuma, não no sentido d'eu me vestir mal, mas sim em relação aos lugares. Por exemplo, já tentei ir à uma excursão do colégio com uma roupa gótica, sendo que o local seria um museu. Estava frio, ué...

E nos planos de vingança quando alguém me irritava?

Isso era toda semana, praticamente. É melhor do que arrumar meu quarto. Quer dizer... Tudo era desculpa para eu não fazer essa tarefa impossível. Eu sei exatamente onde está cada coisa minha, ou seja, pra que arrumar?

Além Dos Limites De Sua DimensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora