Capítulo 18

6 1 0
                                    

- Ei! Você! - grito e tento chamar a atenção do garoto - Oh... - vejo que é um garoto qualquer - Foi mal - coço a nuca sem graça e volto para a companhia de Enzo.

- Conhecia aquele cara? - ele me pergunta.

- Não. Só pensei que conhecia - mordo o lábio inferior e foco no chão para não o encarar.

- Amora! - ouço a voz de meu amigo e levanto meu olhar, dando de frente com Art. Percebo então, que havíamos chegado ao nosso destino.

- Nossa! Eu estava preocupada – corro para o seu abraço sem pensar duas vezes. Rodo meus braços em seu pescoço e ele na minha cintura.

- Calma - ele dá uma risadinha - Está muito eufórica.

- Foi mal... - Encaro seus olhos escuros, como a fruta que mais gosto, a mais madura jabuticaba.

- Oi, Nat - cumprimento sua mãe com um abraço rápido também.

- Oi, Mo - ela oferece seu sorriso iluminado - Oi, Enzo - ela se lembra do garoto do dia anterior ao meu lado.

- Olá.

- Entrem - ela abre a porta de casa e nós entramos.

- Não reparem na bagunça.

Essa é praticamente minha segunda casa. Amo vim aqui, sinto carinho e segurança. Ao contrário da minha, que sinto frio e solidão.

Eu já estava acostumada com as cores esbanjando vida, a luz solar invasiva, invadindo todos os cômodos sem hesitar, e até a falta de uma TV.

Natália nunca foi muito fã de TV, diz que só serve para estragar os nosos cérebros. E, se ela quisesse ficar por dentro das notícias, era só escutar o rádio ou ler o jornal.

Por um lado, foi até bom. Serviu para poder libertar, aumentar, a nossa criatividade. Pois, já que não tinha a televisão para mim e Art assistirmos, tivemos que inventar outras atividades. Já que, eu mais passo o meu tempo na casa de meu amigo do que na minha própria.

- Se você chama isso de bagunça, precisa ver o meu quarto - tampo uma risada que ia sair de minha boca.

- Querem alguma coisa para beber, água? Senti que você estava eufórica, como se tivesse corrido uma maratona - eu apenas sinto o olhar acusador, mas também preocupado, de Enzo – Enzo?

- Não, não. Muito obrigado – Enzo sorri.

- Não precisa, obrigada - ela assente e sai do cômodo.

- Vem, vamos lá pra cima - Art chama e nós o seguimos.

Seu quarto é bem simples. Ele não liga muito para bens materiais. A única coisa que ele não vive sem são os seus livros. Tem uma prateleira com os seus preferidos, os outros, estão no quarto ao lado, onde foi dedicado especialmente para os seu "bebês". Art diz que quer abrir uma biblioteca. E, por mais que eu não goste de ler, irei sempre apoiá-lo, pois, assim como ele, outros são apaixonados pela leitura.

- O que vamos fazer hoje? Por favor, fala que não vamos ficar enfurnados dentro de casa - digo já pulando em sua cama, enquanto que Art apenas revira os olhos.

Ele me conhece tão bem...

- Você é fã do Edgar Allan Poe? - Enzo pergunta entusiasmado, já pegando um livro da prateleira.

- Você conhece?

- Está brincando? Meu ídolo - eles começam a gargalhar.

- Finalmente alguém que aprecia a literatura por aqui – Arthur me lança um olhar e dramatiza.

Além Dos Limites De Sua DimensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora