A Redenção de Gabriel

10. Gabriel Miller

Como eu amo o fim de semana! Só de não precisar pisar naquela droga de faculdade já é um grande alívio para mim. Me levanto com calma e abro as janelas do meu quarto para contemplar o dia lindo.

Infelizmente hoje não tem jogo, então irei aproveitar meu dia de outras maneiras. Eu amo fazer esportes mas, foi no futebol que eu me encontrei. Não me lembro de nada que tenha me feito tão feliz quanto estar dentro do campo. É como se não existisse mais nada ao meu redor.

Por mim, jogaria futebol por toda minha vida. Ouvir as pessoas gritando e vibrando de alegria a cada jogada, não tem preço. Por enquanto meus pais me apoiam nos jogos porque é bom para o nome da família mas, sei que quando o curso de Direito acabar eu terei que deixar os esportes de lado e me dedicar a uma carreira que nem pude escolher.

Troco de roupa e desço para comer algo. Sorrio ao encontrar uma mesa repleta de coisas que eu gosto. Sem dúvida nenhuma isso é coisa da Deise. Há anos ela trabalha com a minha família e sempre me ajudou em tudo que precisei. Vou até a cozinha para agradecer.

-- Bom dia Deise! Obrigado pelo maravilhoso café da manhã.

-- Fico feliz que tenha gostado. É para comer tudo garoto!

-- Nem se eu vivesse duas vidas eu  conseguiria comer tudo aquilo.- digo

-- Vai sair hoje?

-- Vou surfar com o Caio e o Samuel. Quero aproveitar cada segundo desse dia maravilhoso!

-- Está lembrando que a Carla vem jantar hoje? Sua mãe a convidou no meio da semana e marcaram para hoje.

-- Merda, nem me lembrava disso. Mas eu devo me encontrar com a Carla perto do início da tarde e combino com ela.

-- Você ama essa Carla, não é meu filho?

-- Sim Deise! A amo como nunca imaginei que fosse possível amar alguém. Ela é tudo para mim.- digo com convicção.

-- Se você está feliz, eu fico feliz. Se é com ela que você deseja viver o resto dos seus dias eu te apoio. Só peço que você tenha mais juízo.

-- Que isso Deise, assim você me ofende. Eu sou o Gabriel, juízo é meu segundo nome. Fui!

Pego uma maçã e saio de casa. Dirijo para a praia que combinei de encontrar o pessoal. Sempre quando não havia partidas de futebol, nós nos encontramos para fazer algo. Nosso fim de semana sempre é recheado de coisas para fazer e a turma sempre se reúne.

Ontem logo após terminar meus estudos com Lya, fui para a casa do Caio junto com o Samuel e ficamos por lá o dia todo. Os pais do Caio moram fora do país então ele tem a vida dos sonhos. Mora sozinho e pode fazer tudo o que quiser.

Por diversas vezes eu tentei morar sozinho mas, meus pais são irredutíveis. Sempre sonhei com a minha liberdade mas, com eles essa palavra não existe. Eu amo os meus pais mas, o fato deles controlarem minha vida me sufoca.

Tio Alex sempre esteve ao meu lado e me incentivava a ser livre. Apesar de ter se formado em Direito, ele nunca exerceu essa profissão. Sua paixão era viajar e cantar. Foi ele quem me ensinou a tocar violão e a gostar música. Tenho muita saudade dele.

Estaciono próximo a praia e logo vejo Caio, Samuel e algumas meninas que conhecemos ontem a noite.

-- E aí cara? Achamos que você tinha desistido.- diz Samuel.

-- E perder um dia lindo desses? Estou louco pra surfar. - digo olhando o mar.

-- Então vai lá dar o seu show. As garotas só vieram porque você ficou se gabando ontem.- diz Caio.