15. Lya Malta

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Ele me beijou. Eu deixei que ele me beijasse. Que sensação é essa? Agora eu sinto aquelas borboletas no estômago que são tão citadas nos livros.

Não acredito que estou beijando Gabriel Miller. Eu nem sei se estou fazendo isso da maneira correta. Eu nunca beijei antes e com certeza ele já beijou metade da cidade. Quem eu quero enganar?

Eu não sei o que está acontecendo. Eu amei a sensação de ser beijada por ele. É como se algo de muito importante faltasse em minha vida e eu acabei de encontrar.

Encerramos o beijo e busco o ar para meus pulmões. Meu primeiro beijo foi com um dos caras que eu mais odiava na vida. Como vou contar isso para os meus filhos?

Não sei o que aconteceu. Desde o momento que o vi na escada, meu coração falhou uma batida. Ele estava tão lindo! E justo hoje ele estava tão próximo a mim. Foi difícil resistir aos seus toques. Quando ele me abraçou próximo a janela, meu juízo já tinha ido embora. Mas o ápice da noite foi ouvi-lo cantar olhando em meus olhos. Eu não resisti. A carne é fraca.

Agora estamos aqui, um olhando para o outro. Ele sorri para mim. Um sorriso lindo, devo dizer. Droga, eu não sei como devo agir.

Eu não posso ter gostado do beijo. Eu não posso gostar de Gabriel Miller. Ele é tudo que eu sempre rejeitei na minha vida. Eu não sei o que eu estou fazendo, não sei por onde estou andando.

Foi só um beijo e não irá se repetir. Ele é e sempre será da Carla, como ele mesmo já deixou bem claro. Ele nunca será meu e eu jamais dividiria algo com ela. Preciso me levantar e ir embora. Droga, por que seu sorriso tem que ser tão bonito?

-- Lya, eu quero...

Gabriel começa a falar mas é interrompido pelo barulho da porta do quarto sendo aberta com brutalidade. Por ela passa Thomas muito agitado.

-- Saia de perto dela Gabriel. Vem Lya, eu vou te levar para casa.

Nesse momento estamos nós três em pé no meio do quarto. Estou tão assustada que não tenho reação. O que aconteceu com Thomas?

-- Ei cara, você ficou louco? Quem te deu o direito de entrar assim no meu quarto?- pergunta Gabriel.

-- Você é meu amigo Gabriel mas, eu jamais vou deixar Lya perto de você. Eu conheço você e seus joguinhos. Eu espero que você não tenha encostado um dedo nela.

-- Calma Thomas.- digo assustada.

-- Não Lya. Você é inocente demais. Se afaste dele enquanto não sai machucada nessa história.

-- Cala essa boca Thomas. Não me faça brigar com você.- Gabriel já estava com raiva.

-- Vamos Lya, eu vou levar você para casa.- Thomas me puxa pela mão.

-- Não. Eu prometi que a levaria para casa. - Gabriel me olha.- Eu não bebi Lya, me deixa levar você.

Definitivamente não sei o que fazer. Não quero causar uma briga entre eles e não quero ficar mal com eles. Thomas está muito nervoso, talvez seja melhor tirá-lo dali.

-- Não se preocupe Gabriel. Fique aqui e curta a sua festa. Eu posso ir com Thomas e depois nós conversamos.

-- Não Lya...

-- Está tudo bem. Thomas já sabe o caminho lá de casa, será mais fácil. Seus amigos estão esperando por você. Tenha uma boa noite.

Saio dali com Thomas atrás de mim. Não trocamos nenhuma palavra e quando chegamos na sala, Mia vem em nossa direção.

-- Thomas, aonde vocês estão indo?- ela olha mais para mim do que para ele.

-- Vou levar Lya para casa.

-- Mas e eu? Não vamos passar a noite juntos?- ela diz com uma voz melosa.

-- Lya é minha prioridade agora.- ele mal olha para ela.

-- Então eu vou com vocês.- a garota insiste.

-- Fica quieta na sua, Mia. Me deixa em paz.

Thomas está mesmo alterado. Nunca o vi tão nervoso. Saiu me puxando como se eu não fosse nada.

Paramos em frente ao seu carro e ele abre a porta me colocando dentro. Ele entra pelo outro lado e se senta. Ficamos um tempo silêncio quando ele bate as mãos no volante me assustando.

-- Droga Lya! O que você fazia dentro do quarto do Gabriel? O que você tem na cabeça?

-- Calma Thomas. Não aconteceu nada. Estávamos conversando. Com o tempo fomos nos tornando amigos.

-- Gabriel não é amigo de mulher. Entende uma coisa Lya, se afasta dele. Ele vai ferir você e eu vou matá-lo por isso.

-- Thomas, eu não sou tão burra assim...

-- Você não é burra Lya. Só está se deixando levar pela conversa dele. Eu conheço Gabriel a minha vida toda. Já vi ele ficar com quatro mulheres de uma vez só. Já vi garotas chorarem por causa dele. Eu não quero que isso aconteça com você.

-- Não vai acontecer Thomas. Eu sei me cuidar. Você não precisava falar com ele daquele jeito e muitos menos tratar a Mia daquela maneira. Poxa Thomas, o que deu em você?

-- Me desculpa Lya. Quando eu cheguei na festa e soube que você estava lá e ainda por cima no quarto com Gabriel, eu fiquei cego de ódio. Você é muito preciosa pra mim e não quero que nada lhe aconteça.

-- Obrigada por se preocupar comigo. Mas você precisa confiar em mim. Eu sei me virar sozinha.

-- Tem razão. Amanhã eu vou pedir desculpas para os dois.

Ele começa a dirigir em direção a minha casa. O silêncio permanece entre nós. Resolvo quebrar esse clima.

-- Você pode voltar para a festa depois de me deixar em casa. A noite está linda, você pode ir aproveitá-la.

-- Não, prefiro ficar com você ou ir para casa.

-- E a Mia? O que tem rolado entre vocês?

-- Ela gosta de mim mas eu sou bem claro com ela sobre os meus sentimentos. Infelizmente ela insiste demais e acho que já está na hora de cortar isso.

-- Por que você não dá uma chance para ela? Ela parece gostar mesmo de você. Com o tempo você pode acabar descobrindo que também gosta dela.

-- Eu não quero mentir para ela ou tentar me enganar com um relacionamento infeliz. Ela sabe que eu sou apaixonado por outra garota.

-- Então vá atrás dessa garota que você ama.

-- Quando eu digo que você é inocente demais, acredite em mim Lya.- ele muda de assunto.- Como está Bia?

-- Está bem. Ela que mais me incentivou a ir a essa festa. Ela está fazendo fisioterapia e tem ido muito bem.

-- Fico feliz por ela. Ela é uma menina muito especial.

-- Ela gosta muito de você. Apareça lá em casa qualquer dia desses para almoçarmos e vermos um bom filme.

-- Eu vou sim Lya. Me faz muito bem estar com vocês duas.

Fomos o restante do caminho em silêncio. Ele parou o carro na porta da minha casa e eu o olhei antes de descer.

-- Obrigada por ter me trazido em casa.

-- Sempre farei isso por você.

-- Fique bem. Não se preocupe tanto comigo, eu sei me virar. Eu gosto muito de você.

O abraço apertado e ele retribui. Me afasto e ele me dá um beijo demorado na bochecha.

-- Você está maravilhosa esta noite Lya.

-- Obrigada Thomas. Tenha uma ótima noite. Obrigada pela carona.

Desço do carro e entro na minha casa. Vejo Bia deitada no sofá dormindo. Com certeza ela ficou me esperando acordada.

A Redenção de GabrielOnde histórias criam vida. Descubra agora