49. Lya Malta

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Paro em frente ao prédio da faculdade e nem acredito que pude finalmente voltar. Combinei com Thomas de pegar com ele toda a matéria que perdi nessas três semanas.

Fiquei sabendo por ele que no mesmo dia em que tive que deixar a faculdade, Gabriel se transferiu para a faculdade de Educação Física. Também fiquei sabendo que depois de sair lá de casa, ele morou por um tempo em um hotel mas precisou voltar para a casa dos pais.

Penso em como deve estar sendo a convivência dele com os pais depois de todas aquelas brigas, mas logo afasto esses pensamentos afinal, isto não é mais assunto meu.

Entro na faculdade e vou em direção a minha sala de aula. As pessoas me olham e cochicham entre si. Não dou a mínima, nenhum deles pagam as minhas contas. Ainda vou rir na cara dessas pessoas quando eu me formar com as maiores notas da história da faculdade.

Meu corpo está cansado mas a minha mente está agitada. Ontem foi o meu primeiro dia na boate. Não digo que foi fácil pois passei muitos apertos.

Fiquei o tempo inteiro em pé servindo as mesas cheias de homens bêbados. Alguns tentaram me agarrar mas eu consegui sair fora, outros derrubaram cerveja em mim. Definitivamente esse não é o emprego dos sonhos. Cheguei em casa quase de manhã suja e cansada.

Se eu não estivesse tão feliz por voltar a estudar, o cansaço me venceria facilmente.

Vejo Thomas sentado no lugar de sempre e corro para lhe dar um abraço. Do outro lado da sala o grupinho dos ricos podres me olham assustados.

-- Olha só quem voltou! A trepadeira do banheiro está de volta!- diz Francine com deboche.

Me solto do abraço de Thomas e me viro para ela.

-- Está com inveja Francine? Eu transei sim com Gabriel no banheiro. Todo mundo viu e não tenho porque esconder. E só para você saber, foi ótimo! Aproveitei cada segundo. Já você, nunca chegou perto da cama dele, sempre invejou a sua amiguinha loira e o máximo que chegou perto dele foi aquele episódio deplorável que flagrei. Se toca garota.

-- Cala a boca Lya.- essa é a única resposta que ela me dá.

-- Você ainda se dá ao trabalho de falar com esse tipo de gente Francine?- diz Carla.- Eu tenho nojo de estar no mesmo ambiente que você Lya Malta. Se eu fosse você, eu ficaria quietinha nessa cadeira e nem olharia para ninguém. Você é ridícula. Saiba que o Gabriel voltou para a casa dos pais e nós estamos juntos novamente. Acabou para você querida.

Assim que abro a boca para responder, o professor entra na sala e começa a aula. Eu conheço muito bem a Carla e sei que ela é capaz de qualquer coisa pelo Gabriel mas, só de imaginar que ele voltou para ela, já sinto uma dor no coração.

As aulas passaram rapidamente e somente Thomas e os professores me deram as boas vindas. Muitas pessoas viraram o rosto ao me ver de volta. As matérias eu consegui pegar com facilidade.

Assim que chego em casa, faço um almoço rápido e me jogo na cama. Descanso o máximo que posso. Isso é tudo que eu preciso. Preciso recuperar as forças pois a noite tenho mais trabalho.

O gerente me disse que arrumaria um uniforme para mim igual as outras garçonetes e rogo a Deus que até lá eu já tenha arrumado outro emprego. Não me vejo vestida naquele pedaço de pano ainda por cima naquele lugar lotado de homens tarados. Toda vez que algum chega perto de mim, eu começo a tremer de medo e cenas daquela noite invadem meus pensamentos. Minha vontade é de me encolher em algum canto e chorar.

O dia passou tão rápido que quase não consegui fazer nada. Depois do cochilo, estudei um pouco e busquei a Bia na escola.

Já estou novamente dentro do ônibus indo para o trabalho. A boate fica bem longe da minha casa e de ônibus eu demoro duas horas para chegar. Para voltar é mais rápido pois o gerente leva todos em casa na sua van.

A Redenção de GabrielOnde histórias criam vida. Descubra agora