38. Lya Malta

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-- Não é não! Eu nunca vou permitir que você trabalhe num lugar daqueles!

-- Eu não preciso da sua permissão, Gabriel!- elevo o meu tom de voz para ver se ele entende.

-- Se você for, eu vou te tirar de lá a força!

Nossa manhã começou bem agitada. Depois de descobrir sobre a possibilidade do meu novo emprego na boate, Gabriel surtou. Baixou uma entidade nele que até achei que ele iria quebrar a casa.

-- Querido, você nasceu em berço de ouro, eu não! Eu tenho uma casa e uma criança para sustentar!

-- Eu jamais permitiria que faltasse algo a vocês! Eu vou cuidar de vocês Lya, vocês agora são a minha prioridade. Eu não me importo de você trabalhar mas, eu nunca vou permitir que você trabalhe num lugar como aquele. Eu já o frequentei muitas vezes, acredite em mim quando digo que não é lugar para você.

Eu sei que ele só quer o meu bem mas, queria que ele entendesse o quanto é difícil para mim. Tenho tanto medo de deixar a Bia passar necessidades. Droga, nem percebi quando comecei a chorar.

-- Eu fiz tantas entrevistas, ninguém me aceitou. Lá foi o único lugar. Eu não acho justo a gente depender de você.- digo chorando e ele me abraça.

-- Fica tranquila. Tudo vai se resolver. Eu vou ajudar você a encontrar um bom emprego e vou ajudar vocês em tudo o que precisarem. Enquanto isso, fique tranquila e foque no seus estudos.

-- Vocês estavam brigando de novo?

Nos afastamos ao perceber a presença sonolenta de Bia na cozinha.

-- Oi Bia! Dormiu bem?- vou até a minha irmã e lhe dou um abraço.

-- Sim. Se você tivesse me dito que o Gabriel estava aqui eu teria acordado antes.- ela faz o famoso bico.

-- Oi Bia! Não se preocupe, vou ficar aqui o fim de semana todo e vamos fazer muitas coisas juntos!- Gabriel diz e a garota quase infarta.

-- É sério? Oba! Nós vamos ver filmes e ir brincar na praça!

-- Vamos sim. Estava com saudades de você pequena!- ele faz um carinho em seus cabelos.

-- Eu também estava. Mas a Lya disse que você estava treinando para fazer muitos gols. Meus amigos da escola não querem acreditar que você vai comigo nos jogos de pais e filhos.- ela fala tão rápido que é difícil acompanhar.

-- Jogos de pais e filhos?- ele está sem entender.

-- Bia! Nós combinamos que eu vou acompanhar você!

-- Mas você é lerda e não é boa nos esportes!

-- Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui?- Gabriel pergunta.

-- Sábado que vem tem um evento na minha escola. Os pais vão com os filhos participar de alguns jogos. Eu nunca participei porque a Lya sempre estava trabalhando mas, agora eu quero ir e posso levar você comigo. Nós dois somos uma ótima equipe!

Gabriel riu e olhou para mim.

-- A Lya não tem preparo físico, com certeza seria derrotada pelas crianças do maternal. Eu irei com você.

-- Muito engraçado! Provavelmente você terá jogo, estamos em época de jogos...

-- No próximo sábado eu não tenho. Vou com a Bia e no domingo eu quero vocês duas no estádio vendo o craque aqui jogar!

-- Yes! Gabriel é o máximo. Eu disse para a Lya que eu ia fazer uma tatuagem com o seu nome e, ela disse que eu só ia poder fazer quando tivesse mais de dezoito anos e não fosse sustentada por ela.

-- Sua irmã é meio amarga as vezes. Mas você só tem cinco anos, está muito cedo para isso. Eu vou fazer uma tatuagem em homenagem a sua irmã, bem aqui nas minhas costas.

-- Nem pense em fazer isso!- quase grito.

-- Meu corpo, minhas regras princesa.

-- Ridículo.

-- Como vai com o seu discurso?- ele muda de assunto e Bia vai para a sala.

-- Acho que está bom. Nossa, o tempo passou tão rápido. Daqui a algumas semanas já é o Congresso.

-- Sim, passou bem rápido. Eu ficarei na faculdade até o Congresso, depois irei me transferir.

-- Mas por que?

-- Se eu deixar a faculdade antes, não poderei ver o teu discurso. Eu prometi para você e, eu estarei na primeira fila te aplaudindo, pode ter certeza.

-- Vai ser estranho estar lá sem você.

-- A faculdade que vou me transferir é bem perto da nossa. Ainda posso te levar e buscar todos os dias.

-- Eu não vou conseguir me ver livre de você, não é mesmo?

-- Foi essa macumba que você fez para mim. Agora aguenta.

Me viro para lhe acertar um soco mas ele é mais rápido, puxa o meu braço e me pressiona sobre a pia.

-- Ah Lya, se você soubesse as coisas que eu quero fazer com você... Acho que posso te ensinar umas coisas novas hoje...

Seus lábios passeiam pelo meu pescoço. Ele prende minhas mãos e seu corpo está bem colado ao meu. Eu posso sentir o quanto ele me deseja.

-- A Bia... A Bia vai nos ver.

-- Ela está na sala vendo desenho.- ele me solta- Mas, vou deixar passar por agora. Não vejo a hora de transar com você. Ver você se descontrolar e gritar o meu nome...

-- Você é muito convencido. Eu não disse que iria namorar com você e muito menos transar com você! Eu só permiti que você me mostrasse algumas coisas...

-- Tem tanta coisa para fazermos ainda. Você vai se viciar em mim. Vamos ter muito tempo para isso.- seu olhar é tão intenso que me perco nele.- Agora eu preciso ir até a casa dos meus pais buscar as minhas coisas.

-- Evite brigar com eles Gabriel.- o aconselho.

-- Não se preocupe. A Deise já me disse que eles não estão em casa. Eu volto na hora do almoço mas, não precisa cozinhar, eu vou levar vocês para comer fora.

Ele nem me deixou responder e saiu de casa. Ele é mesmo inacreditável. Eu nem lhe dei uma resposta e ele age como se já fosse o meu namorado.

Se eu rejeitar o seu pedido, eu sei que não o verei mais por causa da sua mudança de faculdade. Provavelmente não seremos amigos mais e só de pensar nisso meu coração se despedaça.

Eu me acostumei com a sua presença. Eu amo seu jeito descontraído, amo sua gentileza, o quanto ele é atencioso e carinhoso, amo sua risada e seu sorriso iluminado.

É difícil admitir mas, eu verdadeiramente o amo. Por um tempo pensei que fosse apenas uma atração por tudo que já aconteceu entre nós. Eu nunca me relacionei com outro homem, então acreditava que isso era apenas um sentimento gerado pela carência. Mas só de me imaginar sem ele, um buraco se abre em meu peito.

Eu preciso ter coragem e confiar nele. Já me decidi, vou me entregar e ser feliz! Vou acreditar em suas palavras. Se um dia não estivermos mais juntos, eu pelo menos fui feliz por um tempo. Essas dúvidas e inseguranças nunca irão me deixar se eu não tentar.

Não é sobre fracassar, é sobre tentar. Eu mereço ser feliz. Eu amo o Gabriel e é possível que ele também me ame. Só o simples fato de pensar em nós dois já me faz sorrir.

-- Bia, vá tomar um banho! Vamos almoçar fora hoje!

Depois de um tempo Gabriel volta carregando as suas coisas. Mal o deixo passar pela porta e lhe dou um abraço. Ele me olha surpreso.

-- Eu quero tentar. Eu quero ser a sua namorada!

A Redenção de GabrielOnde histórias criam vida. Descubra agora