33. Lya Malta

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Ouço meu telefone tocar mas prefiro não dar atenção. Daqui exatamente um mês será meu o discurso no Congresso de Direito e eu não quero perder o foco. Essa será a minha grande oportunidade.

Treino mais uma vez as minhas falas mas é impossível pois meu celular não para de tocar. Com raiva olho para ver quem me incomoda a essa hora. Droga, Gabriel Miller!

-- Eu não vou ir na delegacia te ajudar. Se vira, seu pai é juiz.- digo assim que atendo.

-- Também senti sua falta Lya.

-- O que é que você quer a essa hora?

-- Abra o portão. Vou dormir com você hoje.

-- Não estou em casa. Estou em um barzinho com uns caras tatuados.

-- Se não abrir em trinta segundos eu vou fazer uma serenata para você.

-- Droga. Estou indo.

Saio do quarto e vou em direção a sala. Está tarde e Bia já foi dormir. Confesso que estou curiosa com o que ele veio fazer aqui. Prefiro ignorar as batidas aceleradas do meu coração. Chego no portão e nem me toquei que estou de baby doll.

-- Você sempre abre o portão vestida assim?- ele me olha de cima a baixo.

-- Não. Só quando são caras bonitos e ricos. Entra logo.

Entramos na casa e ele age como se fosse o dono do lugar.

-- Já jantou?- pergunto para ele.

-- Já sim. Só vou tomar um banho e converso com você.

Ele beija o topo da minha cabeça e vai para o banheiro. Ele não está bem. Acredito que algo grave aconteceu.

Volto para o quarto e continuo a estudar. Depois de uns dez minutos ele chega no quarto só vestido com uma cueca box. Desvio meu olhar e tento agir naturalmente. Ele se joga na cama.

-- Esse é o seu discurso? Já está pronto? Ainda falta um mês.

-- Ele está pronto desde o dia em que o reitor me convidou. Só estou treinando. Não quero passar vergonha.

-- Você vai arrasar. Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço. Eu vou estar lá na primeira fila te aplaudindo de pé.

-- E se eu passar vergonha você será o primeiro a rir também.

-- Claro. Mas não se preocupe, se você pagar algum mico eu tiro toda a minha roupa e desvio a atenção de você para mim.

-- É um ótimo plano. Agora para de me enrolar e me conta o que aconteceu. Não estou aguentando mais olhar essa sua cara de bunda.

-- Eu e Carla terminamos.

-- O quê???

-- Eu a levei para jantar com a intenção de esclarecermos alguns assuntos. Acabamos brigando e decidi colocar um ponto final no nosso relacionamento.

-- Aí você veio correndo para a casa da sua amante?- digo e ele me olha incrédulo.- Desculpa, não pude resistir, devia ter visto a sua cara. Mas me conta como você está se sentindo.

-- É estranho, não sei direito o que pensar. A Carla sempre fez parte da minha vida e em tudo ela estava lá. Mas, a Carla que eu vi hoje, não é a Carla por quem eu me apaixonei.

-- Ou talvez era e você nunca enxergou.

-- Talvez. Eu pensei que esse término acabaria comigo. Achei que chegaria aqui e me acabaria de tanto chorar, ou então eu pegaria o celular e ligaria para ela. Mas não, eu me sinto normal, como se isso tivesse sido um acontecimento cotidiano.

A Redenção de GabrielOnde histórias criam vida. Descubra agora