Despertado

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"Vivo na angustia de não saber como viver sem você".

Capítulo 36 – Despertado.

Estava andando tão distraída que nem percebi que tinha entrado em uma capela. Não sabia que havia uma capela no hospital. Sentei-me em um dos bancos e fiquei olhando as imagens de gesso que as pessoas tanto adoravam. Eu, particularmente, não acreditava em imagens. Acreditava em Deus, mas duvidava da existência de santos e achava que Ele era o único que podia interceder onde ninguém mais pode. Contudo, naquele momento, eu acreditei.

Já tinha um tempo que não rezava. No primeiro momento, eu nem soube o que dizer ou como dizer. Eu só sabia chorar. Conforme o tempo foi passando, fui ficando mais calma, e pedi pela vida do meu amor. Pedi para que a cirurgia fosse sucedida e que ele ficasse bem. Rezei como há muito não rezava. Foi uma prece que veio do fundo do meu coração, e só me restava acreditar que seria atendida.

Voltei para a sala de espera e a enfermeira ficava me olhando como se tivesse com dó de mim. Eu odiava quando as pessoas sentiam pena de mim. Sentei e fiquei olhando o noticiário só para ter o que fazer. Foi então que o médico veio.

— Senhora Uchiha — ele disse e eu quase olhei em volta para me certificar se a Sra. Mikoto, mãe de Sasuke, estava ali. Lembrei-me da mentira, endireitei os ombros e tentei passar a imagem de uma esposa.

— Como ele está?

— A cirurgia acabou. Foi um pouco mais complicado que o previsto. Ele teve duas paradas cardíacas... — eu o interrompi.

— O quê? — minhas pernas ficaram bambas e se não fosse pelo banco atrás de mim, teria caído — Ele está vivo? Diz que está, por favor. — Implorei desesperada.

— Conseguimos reanimá-lo, ele passa bem agora. Felizmente a bala não causou maiores problemas ao intestino dele, mas tivemos que retirar o apêndice dele.

— Ah graças a Deus! — E o médico fez uma cara tipo "graças a mim" — Obrigada doutor, mas o senhor podia ter falado o final primeiro. Posso vê-lo?

— Ele está sedado, mas pode sim. Não poderá ficar muito tempo, pois ele está na sala de emergência porque quero observar como ele vai reagir nessas primeiras horas, mas se tudo ocorrer bem, no início da tarde, ele vai para o quarto. Eu te acompanho até lá.

Eu entrei na sala de emergência tremendo. Ele não estava sozinho no quarto. Tinha mais três mulheres internadas ali. Ele estava no último leito e assim que o vi, sai correndo até estar do seu lado. Ele estava bem. Parecia sereno como se estivesse tendo o sono dos deuses. Ele estava sem camisa, o que fazia com que a paciente da maca da frente o devorasse com os olhos. Tinha vários fios ligados a seu peitoral definido. O lençol estava dobrado em sua cintura, mas pude ver exatamente o corte onde foi feita a cirurgia.

— Ele é forte. Vencei três paradas cardíacas e perdeu muito sangue. A sorte dele foi ter você ao seu lado para prestar os primeiros socorros e logicamente pela ambulância não ter demorado a chegar até vocês. Vou deixá-la a sós com seu marido. A senhora terá cinco minutos, depois terá que sair.

— Obrigada.

Meu marido... Sasuke provavelmente vai me achar uma boba por contar essa mentira. Mas que alternativa eu tinha? Eles não me deixariam ficar perto dele. Contaria mais cinquenta mil mentiras, se preciso fosse.

— Oi meu amor — passei a mão pelo rosto dele. A barba estava começando a crescer e pinicava a minha mão. Mas era uma boa sensação. — Você está bem. Deu tudo certo. Foi só um susto, mas vai ficar tudo bem agora. — Eu continuava fazendo carinho no rosto dele com uma mão enquanto segurava a mão dele com a outra. — Eu fiquei com tanto medo, mas tanto medo de te perder. — Já estava chorando sem perceber, quando senti um aperto em minha mão.

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