New Year's Eve - DRARRY

Whiplash

Harry pov.

Vi o horário que havia marcado com Draco se aproximar no celular, e neguei com uma expressão confusa ao encarar meu reflexo no espelho. Eu não podia continuar ansioso para sair com ele daquela forma. Era muita ansiedade para uma segunda-feira. Quando ele tinha me chamado para o ajudar a comprar as coisas para decorar seu quarto novo eu tinha aceitado sem problema, afinal, o que era ir ao shopping com um amigo?

Algo normal, certo?

Não.

Não com Draco.

Eu não sabia identificar qual parte de mim me deixava confuso daquela forma, nem o que estava sentindo, porque era uma sensação muito nova para mim. Eu só tinha plena noção que queria ficar perto dele, quanto mais perto, melhor. O calor que vinha de Draco era muito bom, e eu me via apegado a esses toques. Quando ele agia de forma gentil, eu apenas gostava daquela sensação, mas gostar dessas sensações não eram razões o suficiente para que eu tomasse a iniciativa delas, costumava ficar esperando que todas viessem de bom grado do loiro, que parecia fazer com muita empolgação.

Eu apenas não queria assusta-lo.

Era muito comum alguns colegas homens se sentirem intimidados por minha proximidade por conta minha sexualidade. Eu nunca cheguei a sofrer nenhum preconceito, até porque Ronald era o cara mais forte da escola, e ele não demonstrava nenhuma paciência com aqueles que agiam de forma rude comigo, mas era comum eu ser afastado de alguns contatos, como abraços muito prolongados. Aquilo costumava incomodar alguns caras muito heterossexuais.

Apesar da dúvida de Ron sobre Draco, nenhum de nós dois tínhamos certeza sobre sua sexualidade, então eu preferia me manter cauteloso e apenas curtir tudo o que viesse dele. Bom, era um começo de amizade, então era comum ficarmos preocupados com alguns limites, por isso eu apenas respeitava os de Draco.

Eu me via apreciando cada detalhe da nossa amizade, Draco era uma pessoa muito bem-humorada quando se conhecia. Ele havia me dito que não gostava muito de mostrar o que sentia, porque havia sido criado por seu pai para não demonstrar fraquezas, mas havia confessado que gostava da sensação de poder contar com alguém, e saber que esse alguém era eu me deixava feliz e estranhamente nervoso. Nervoso porque eu não podia nem cogitar a ideia de fingir que não tinha atração por Draco.

Era como me olhar no espelho e falar que meus olhos não eram verdes, olhar para o céu e falar que não era azul, falar para Rony que ele não era ruivo, ou pior, falar para Sirius que ele não era louco. Ou seja, era impossível de dizer o contrário por ser nítido a mentira, e a fragilidade dessa atuação. Então eu tinha decidido que não ia fingir que não achava Draco atraente, eu só ia tentar evitar babar muito nele para não criar uma situação constrangedora, mas no fundo da minha mente eu concordava que não importava o quanto fosse constrangedor, ele nunca iria descobrir a quantidade de tempo que eu gastava vendo seu perfil no Instagram.

Para que contar né?

Observei meu corpo no grande espelho, mordendo o lábio inferior ao pensar que faltava algo. Olhei minhas pernas bem ajustadas dentro da bonita calça jeans de lavagem clara, sorrindo ao ver que a camisa branca sem estampa combinava, peguei uma jaqueta jeans da mesma cor da calça e sorri expansivo ao ver que agora estava ótimo e me sentei na beirada da cama para amarrar meus tênis com pouca pressa. Tomei um leve susto ao ouvir uma batida na minha porta, levantei a cabeça e encarei minha mãe com um olhar curioso ao ver ela colocar o rosto dentro do cômodo após minha confirmação.

— Draco chegou, querido — ela informou sorridente, e eu me ergui rapidamente da cama, pegando meu celular, e deixando um beijo no rosto da minha mãe ao passar por ela.