A viagem

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Manu Gavassi
Presente

(3 dias depois)

-- Eu imagino que você deve ter sentido um frio na barriga enorme sabendo que finalmente seria o grande momento da estreia. - Rafa assentiu rapidamente, mas daqui pude sentir como lembrar do dia da estreia a afeta. -- Se foi parecido com o que eu senti no dia de estreia desse programa, então foi como sentir uma sensação de desmaio constante. - Fátima brincou tentando deixar Rafa mais a vontade. Era bem óbvio que ela não estava muito solta. Minha namorada apenas sorriu um tanto culpada e deu de ombros.

-- Sendo bem sincera, eu não sei como conseguiram suportar minha ansiedade nesse dia. - elas riram e eu revirei os olhos lembrando de todo aquele alvoroço sem fim. -- Acho que o que me ajudou foi que Manu sempre sabe o que dizer ou fazer pra me acalmar, e com a festa de lançamento, eu passei boa parte do dia me arrumando, tentei focar nessas coisas ao invés de só ficar pensando sobre a estreia em si...- ela sorriu dando de ombros. -- Os veteranos me dizem que continuam sentindo esse frio na barriga toda vez, mas eu espero que atenue com o tempo, sabe? Porque olha...tenho coração pra isso, não.

-- Eu sinto muito te dizer isso, mas o frio sempre está aqui...- Fátima disse sorrindo e Rafa fez uma cara de terror, fazendo-a rir ainda mais. -- O frio, o nervosismo, os elogios e as críticas, é quase sempre tudo igual...- vi como a expressão de Rafa mudou, nitidamente demonstrando tristeza. -- Estão sendo dias difíceis, Rafa?! - ela suspirou fundo encolhendo os ombros.

-- Tão, sim. Muito. - Fátima assentiu compreensiva. -- Desde o momento que o primeiro capítulo teve fim, lá mesmo na festa de lançamento, não tenho tido uma vida nada fácil. - e suspirou pesadamente. Eu, de longe, fiz o mesmo. -- Tô me sentindo cansada demais de ter que lidar com o meu dia a dia, com minha rotina e com a pressão que as pessoas e que eu mesma coloco em mim o tempo todo. Por mais que todo mundo ache que é fácil estar na nossa pele, não tá sendo nada fácil ser eu mesma agora.

-- Eu imagino. Não sei se você acompanhou na época, mas quando eu tomei a decisão de sair do Jornal Nacional, a pressão foi absurda. Parte porque não queriam que eu saísse e parte porque a minha saída do JN para tentar um outro projeto, acabou colocando uma expectativa enorme no público. Parecia que tudo teria que ser 100% perfeito e eu recebi muitas críticas quando o Encontro estreou.

-- Eu lembro disso por alto...- Fátima assentiu.

-- É pra você ver que com o tempo e com muito trabalho, a gente consegue fazer as pessoas olharem com mais carinho pro que estamos fazendo e ver a nossa evolução.

-- É reconfortante ver que você e outras pessoas, como a Grazi e a Sabrina, que também passaram a ser conhecidas depois do BBB, e receberam muitas críticas no início...conseguiram mostrar o valor do trabalho e talento. - Fátima concordou. -- Eu já sabia que teria muitas críticas por ser minha estreia, pela expectativa, pelo hate que eu já recebia por conta dessa aposta que a Globo fez em mim, mas francamente me surpreendi com a proporção de tudo...- ela negou rapidamente se forma pensativa. -- Tenho em casa alguém que lida com esse ódio absurdo há anos, que só aumentou depois do nosso BBB e do sucesso todo que ela conquistou, e hoje tenho uma compreensão maior de como ela, e todos que sofrem hate nessa magnitude, passam por sentimentos horríveis no dia a dia. É péssimo. Machuca demais.

-- Eu não iria tocar nesse assunto, mas já que você falou...a Manu realmente lida com um ódio muito grande apesar do sucesso gigantesco dos projetos dela em diversos campos. Isso faz a gente pensar que além de ser completamente danoso e tóxico, podendo afetar a vida de alguém de forma irreversível...o hate quase sempre não tem base real. É muito mais sobre as pessoas que já estão dispostas a criticar você e seu trabalho, do que um reflexo real de quem você é e da sua atuação. - Rafa assentiu.

Força do Destino [Ranu]Onde histórias criam vida. Descubra agora