2 Semanas

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Manu Gavassi

Pânico. Medo. Falta de ar. Foi isso que eu senti quando ouvi a frase mágica que tanto nos moveu ao longo dos últimos meses.

-- Parabéns, Rafa! Manu!...vocês estão grávidas, meninas! - sua voz transbordando alegria genuína e meu mundo começou a girar.

-- Você tem certeza absoluta, Izabel? - ouvi a voz eufórica de Rafa questionar. Parecia longe demais de mim, era como se eu não estivesse no meu próprio corpo.

-- É claro que sim! - a doutora parecia animada pra caramba. -- O exame que você fez é incontestável. É 100% de certeza!

-- Deus! Obrigada! - ouvi a comemoração emocionada da minha noiva e um silêncio preencheu o ambiente.

Eu juro. Fechei os olhos fortemente pra tentar sair de onde quer que meu cérebro tenha ido e voltar pra realidade. Meu corpo tremendo. Eu estou hiperventilando? O silêncio na sala era estranho, eu evitei olhar pra elas porque isso tornaria tudo real, mas não dava mais, eu precisava entender porque se calaram, precisava olhar pros verdes dela. E lá estavam eles, agachados bem diante de mim.

-- Amor...Oi...respira! - sua voz estava embargada, carregava uma certa preocupação. Prestei atenção em seu rosto e ele estava levemente molhado, ela estava chorando ainda, eu podia ver como os verdes estavam iluminados, lacrimejantes, podia ver pequenas gotinhas em suas bochechas. -- Você tá tremendo, pequena...só respira!

Olhei ao redor, nada da Doutora. Meus olhos confusos voltaram para os seus e os ombros dela encolheram de imediato.

-- Izabel saiu para nos deixar a sós. Ela queria chamar ajuda pra você, mas eu sabia que cê iria voltar quando tivesse pronta.

Neguei rapidamente.

-- Não tô pronta!

Minha voz ansiosa e assustada, mas Rafa sorriu, sorriu daquele jeito que sempre amei, como se eu fosse o ser mais incrível e precioso do universo inteiro, mesmo tendo claramente um ataque de nervos porque ela estava grávida.

MEU DEUS! ELA ESTÁ GRÁVIDA! JESUS CRISTO!

-- Você sempre esteve muito mais preparada do que eu...- e levantou, puxando minhas mãos com delicadeza para que eu sentasse. Eu estava deitada?

Ela riu ao perceber a minha confusão e sentou ao meu lado no pequeno sofá que eu estava. Espera! Eu não estava numa cadeira?

-- Pra te perder...- soltei em um sussurro e busquei seus olhos novamente. Eu precisava garantir que ela estava aqui. -- Não tô pronta pra te perder, meu bem.

E de novo aquele sorriso lindo. Porque Rafa faz isso com o meu coração? Sua mão buscou a minha e ela começou a acariciar lentamente.

-- Você não vai, Manu. - suspirou. -- Não posso te provar isso nesse exato momento, mas eu tenho fé que nada de ruim vai acontecer. Eu acredito demais nisso.

Meus olhos abaixaram. Uma aflição fazia morada no meu peito. O que eu deveria fazer? Eu não conseguia simplesmente acreditar que nada aconteceria. Eu tenho medo. Pra ser sincera, eu tô apavorada.

-- Tá muito chateada comigo ainda? - perguntou apertando levemente a minha mão. O carinho em um leve roçar não parava por um só segundo. Eu precisava disso, ser acolhida. E ela sabia, Rafa sempre sabia do que eu precisava.

-- Eu não tava numa cadeira?

Ela soltou uma risadinha.

-- Cê desmaiou, pequena.

Olhei pra ela com os olhos arregalados.

-- Eu?...mas como?

Seus olhos reviraram em diversão.

Força do Destino [Ranu]Onde histórias criam vida. Descubra agora