Força do Destino [Ranu]

Muzumuia

Rafa Kalimann
Presente

Foi a primeira vez desde que saímos daquele BBB que senti novamente como Manu é frágil. Há um ano ela tem assumido à frente na nossa relação, fazendo as escolhas, sendo forte por nós duas, me dando apoio nas dificuldades que tenho enfrentado. Mas hoje não.

Hoje, Manu se permitiu ser somente aquela mulher vulnerável, sensível e com o coração enorme por quem me apaixonei em poucas semanas. E não tem como negar, de um jeito esquisito isso mexeu comigo, me fez notar que por mais que ela tenha crescido em muitos aspectos no pós BBB e se transformado em alguém bem resolvido em ser do jeitinho que é, Manu ainda precisa ser segurada e abraçada em determinadas situações. Talvez eu sempre vá precisar mais disso do que ela, talvez não. Existem coisas que jamais conseguimos prever nessa vida. Quando imaginei que ela ficaria nesse estado ao pisar nesse país? Nunca.

Tínhamos acabado de tomar banho. Achei que iríamos rir mais dessa situação tão inusitada, mas de novo me enganei. Manu parecia muito cansada. A água não era gelada como a fiz acreditar, foi um momento agradável, apesar das coisas estranhas que passavam por nosso corpo arrepiando cada pelinho.

Eu sei que ela se divertiu ali comigo, mas era nítido que Manu queria muito mais carinho do que qualquer coisa. E eu dei todos os mimos possíveis, considerando a plateia que nos observava disfarçadamente.

-- Você vai ficar com o pessoal? Preciso deitar, amor. - sua voz era realmente destruída e eu sorri largo vendo como ela parecia um tanto perdida na tenda comunitária. Com os cabelos molhados e com aquelas roupas que compramos para nos proteger dos mosquitos, minha namorada era o ser humano mais fofo do universo.

-- Eu já volto, tá bem?! - ela assentiu com um beicinho nos lábios. -- Procura só deitar. Vou acertar algumas coisas pra amanhã e volto. - deixei um beijo rápido na sua boca e vi seu olhar frágil me engolir. -- Tenta não dormir antes de eu chegar?! Por favor? - e ela me olhou em interrogação vendo como só dei de ombros sem explicar.

Eu queria não ter que sair do lado dela, mas foi necessário. Manu acha que consegue me enganar, que meus olhos não estão quase sempre colados e atentos aos seus movimentos, mas definitivamente é inevitável pra mim estar sempre com os olhos nela. É como um imã, nem que eu quisesse evitar seria possível. Justamente por saber do que ela precisava, que eu tinha que me ausentar por alguns minutos.

Na volta, eu estava distraída pensando na conversa que tive com Armando mais cedo. Foi quando vi Manu brigando com o mosqueteiro e não segurei a risada. Seu olhar me fitou divertido e eu segurei o riso para não acordar quem já estava deitado.

-- Descobri que sou péssima em viagens...- eu ri baixinho, negando.

-- Toma...- estendi um prato e ela me olhou com os olhos brilhando. -- Percebi como cê só fingiu comer hoje mais cedo. Consegui umas frutas pra você e tem esses vegetais daqui também, que são bons de verdade. - ela suspirou parecendo aliviada e sorriu.

-- Eu te amo, sabia?! - sorri pegando o mosqueteiro da sua mão. Em segundos ela já sentava pra comer, animada.

-- Sabia! - disse pelo fato dela estar nitidamente com fome. -- Vou armar isso aqui. É bem simples na verdade. Só presta atenção que você vai logo aprender. - ela sorriu de novo e aquilo atingiu em cheio meu coração mais uma vez.

-- Eu amo quando você cuida de mim...- senti minhas bochechas queimarem. -- Meu corpo todo tá formigando, mal consigo raciocinar direito. Tudo que quero fazer é acabar esse prato gostoso e deitar, mas não posso evitar de reparar em como você tá maravilhosa com esse brilho especial...- eu ri sem saber o que falar diante daquele elogio tão sincero. -- Porque não tá tão cansada nível lixo humano como eu? - revirei os olhos divertida.