Força do Destino [Ranu]

Processando

Manu Gavassi

Enquanto me arrumava para o dia de muito trabalho que me esperava, minha mente estava repleta de pensamentos sobre a conversa que tive com Rafa na noite anterior. Cada movimento do pente em meus cabelos era acompanhado por uma avalanche de reflexões.

[Eu - 07:20]
Bom dia! 🌹
Dormi e acordei pensando em você. Espero que tenha dormido bem e que esteja se sentindo ainda melhor hoje, linda.
Eu sinto você. Sempre. O tempo todo.

A luz do sol era filtrada pelas cortinas, iluminando o quarto com uma suavidade reconfortante. Eu me sentia abençoada por ter Rafa ao meu lado. Era tudo o que eu sonhei ter. Alguém que entendia meus medos e me amava incondicionalmente. Sua compreensão me deu uma nova perspectiva sobre a força do nosso amor. Era impossível não me sentir impactada pela forma com que ela lidou com a minha mentira. Definitivamente, o jeito que ela conduziu tudo me surpreendeu demais e me mantinha em um estado quase constante de admiração.

Recordava das palavras tranquilizadoras dela, de como sua voz embargada transmitia sinceridade e afeto. Eu estava profundamente tocada pelo fato de Rafa reconhecer minha fragilidade diante de tudo o que nos aconteceu e, ao mesmo tempo, ter a confiança em nossa relação para seguir de um jeito tão natural, como se minha mancada monumental fizesse parte do nosso processo de cura. Bem, talvez seja isso mesmo, pois eu me sinto com menos pavor de perdê-la hoje. Talvez pela segurança que ela me passou, eu não sei.

Enquanto ajustava minha blusa, a paz me envolvia. Rafa era meu porto seguro, minha parceira, a mulher com quem aceitei passar o resto da vida. Eu me sentia inspirada a ser uma pessoa melhor, a ser mais corajosa e transparente com ela sobre meus receios e frustrações. Eu sempre soube dessa dificuldade minha em dividir as coisas ruins que passavam pelo meu coração e mente.

O relógio na parede parecia correr mais devagar, enquanto meu coração transbordava de esperança. Prometi a mim mesma que não deixaria o medo controlar minhas ações novamente. A atitude dela foi a melhor possível e me ensinou que ao compartilhar meus receios com Rafa, encontrava apoio. Tudo que eu queria era que ela se sentia da mesma forma, então eu deveria ser mais aberta também, por mais que não concordasse, eu deveria trabalhar isso melhor. Eu queria demais que ela se sentisse da mesma forma em relação a mim.

Conforme calçava meus sapatos, sentia algo diferente, uma sensação de que nós ficaríamos bem logo. Eu estava pronta para enfrentar o mundo de novo. Um dos motivos é que Rafa havia me dado tranquilidade ao dizer que não pretendia seguir com o processo nesse momento, que iria esperar até ser seguro. E eu também tinha fé que esse dia chegaria e que juntas poderíamos superar toda essa situação.

Eu estava formulando mentalmente os próximos passos que daríamos, quando meus pensamentos foram abruptamente interrompidos pelo som insistente da campainha do apartamento. Com um suspiro suave, caminhei em direção à porta.

-- Tá meia hora adiantado. - resmunguei de brincadeira e ele gargalhou.

-- Bom dia pra você também, minha Rainha! - eu ri e percebi como ele levantava algumas sacolas. -- Não vai me deixar entrar? Eu trouxe comida!

Seu sorriso caloroso e olhos brilhantes me contagiaram de imediato.

-- Entra, vai! - e o deixe entrar com um sorriso gigante no rosto. Enquanto fechava a porta, percebi que o mundo continuava girando lá fora. Era difícil desfocar dos nossos enredos mais íntimos, mas haviam muitos outros a protagonizar. A minha amizade com Alli era um deles, um dos enredos mais especiais da minha vida. Sabia que não importava o que acontecesse, eu tinha uma base sólida de amor, compreensão e amizade para me sustentar. Eu pecava por não usar essa rede de segurança como deveria, mas eu sempre sabia não estar sozinha. -- Você trazendo comida é novidade pra mim. Quem você matou? Eu já tenho problemas demais pra te ajudar com isso. - e ele revirou os olhos enquanto tirava as coisas das sacolas. Era um café da manhã caprichado. -- Alli? É sério?...o que é tudo isso? - perguntei, curiosa.