Força do Destino [Ranu]

Esqueletos

Rafa Kalimann
Presente

Manu se despediu rapidamente de mim e correu para a gravadora. Ela precisava concluir o processo de gravação da música nova e iria tentar fazer o possível para que hoje pudessem finalizar a gravação da voz e já começar o processo de produção. Era um desafio terminar essa canção em uma semana, mas era o tempo para que ela pudesse focar nas reuniões com a Netflix na próxima semana e depois voar para o Rio.

Tínhamos acabado de sair de um das casas chiques onde funcionava um dos laboratórios da Doutora Izabel. Nós duas realizamos um ultrassom vaginal para que possam verificar a linha do nosso endométrio e os ovários. Esse exame é muito importante porque é por meio dele que analisam se temos qualquer cisto, pólipos ou outras questões que possam prejudicar a gestação. Também colheram nosso sangue para avaliação de FSH, LH, estradiol e da reserva ovariana. Essa dosagem hormonal era crucial, pois assim a Doutora saberia como proceder com a estimulação em Manu.

Pode parecer loucura por ser totalmente contraditório aos meus desejos de ser mãe, mas a sensação que eu tenho agora é que tudo está indo rápido demais. Em 15 dias nos reuniremos com a médica e a partir de então já iniciaremos o primeiro ciclo. 15 fucking dias. Eu estava surtando e precisava conversar com alguém desesperadamente sobre tudo que se passava em mim, e bem, sobre algo específico também, mas não com qualquer um. Só havia uma pessoa no mundo que poderia me ajudar nesse momento e sorte a minha que eu estava bem perto.

-- Rafa?! - sua voz risonha e simpática me fez abrir um sorriso gigante. Seus braços me envolveram antes mesmo de eu responder e instantaneamente meu corpo reagiu, abraçando-a de volta. -- Como é bom receber você aqui depois de tanto tempo! Não imagina como eu estava com saudade.

Eu ri. -- É ótimo poder estar aqui, minha sogra. - ela assentiu, conduzindo-me com elegância para dentro da sua casa. Aquele lugar era lindo. Manu e Dani eram muito parecidas em algumas coisas, mas enquanto minha namorada era prática e clean, sua mãe era moderna e vibrante. -- Tem certeza que não tô atrapalhando? - ela revirou os olhos como se eu tivesse falado uma barbaridade.

-- Você não atrapalha nunca. - sorri vendo como ela sentava no sofá. -- Vem! Senta aqui e me conta o que está acontecendo. - senti minhas bochechas esquentarem e sentei um tanto sem graça.

-- É tão óbvio assim? - ela riu baixinho e se ajeitou no sofá, aproximando-se mais de mim.

Sua mão tocou as minhas, que estavam unidas no meu colo. -- Quando Manu me disse que vocês resolveram não contar pra ninguém mais, ninguém mesmo, sobre o bebê...eu soube que você bateria à porta mais cedo ou tarde. - sorri encolhendo os ombros.

-- Pensando assim, tava bem na cara que logo eu iria procurar a senhora mesmo...- ela sorriu e eu suspirei nervosa. -- Eu tô pirando porque de repente tudo começou a parecer rápido demais e o medo por já ter perdido dois bebês não sai do fundinho da minha mente e...