Aparição

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Presente
Rafa Kalimann

Após mais uma hora de reunião, chegamos a um denominador comum e fechamos uma entrevista para o fantástico. Todos parecíam super felizes, como se tivéssemos cumprido bem uma missão importante. Eu estava aliviada, mas com gastura de tudo isso. Manu me olhava como se pudesse me examinar só com o olhar e tudo que eu queria era ficar sozinha, desaparecer. Acho que nunca senti vontade de ficar sozinha na presença dela e isso me abalava, tocava um lugar profundo dentro de mim.

Depois que os representantes da Globo saíram da reunião, nós permanecemos. Foram mais uns 40 minutos deles planejando minimamente as coisas que poderíamos ou não falar, poderíamos ou não fazer, eu não aguentava mais. Estava me sentindo traída e deixada de lado, não estava com cabeça para discutir nada e o olhar de Manu em mim, com tanta preocupação, só me irritava ainda mais. Porque não pensou antes? Adiantava agora ficar assim? Que raiva!

Eu percebia os olhares de interrogação de Marcella pra mim. Tenho certeza que está meio óbvio que eu não estava feliz e, pela falta de contato físico entre Manu e eu, tenho certeza que ela já tinha na cabeça que tínhamos nos desentendido por algo, mas nada perguntou. Ela sabia que eu não gostava de falar das nossas intimidades com Simas presente, não me sentia bem pra isso depois de tudo. Ainda não confiava nele mesmo ele tendo parecido inofensivo durante os últimos meses.

Foi só quando desligamos aquela chamada que eu levantei sentindo minha bunda doer pelo tempo sentada. Vi quando Manu abriu a boca ameaçando falar algo e, apenas fiz um sinal de pare com a mão. Não queria ouvir mais nada. Ela me olhou atenta por alguns segundos, como se esperasse eu falar alguma coisa. Eu estava além de puta, estava magoada com o fato dela ter me escondido algo mais uma vez. Seu olhar caiu em tristeza, mas vi como ela rolou os olhos e um sorriso de canto brotou em seu rosto. Meu sangue ferveu. Eu queria matar a Manu nesse momento.

-- Mas amor, eu n...

-- Só fique quieta Manoela, não tô brincando! - interrompi séria e ela me olhou parecendo assustada com o tom da minha voz. Só o que me faltava ela se assustar. Ela esperava pelo que? Não tem noção das coisas?

Suspirei exasperada e saí dali, entrando no quarto com uma batida de porta que o andar inteiro deve ter ouvido. Amo a Manu e admiro tudo que ela fez e faz pele gente, mas cansa essa sensação de me sentir de fora das coisas e parecer ter que ficar correndo atrás das situações porque Manu toma decisões, planeja coisas e sequer me comunica ou divide comigo. Isso me tirava do eixo, ela prometeu tem 2 semanas que não faria isso de novo e porra...já estava eu me sentindo nesse lugar novamente. Raiva era pouco, eu estava magoada.

Escutei vozes perto do quarto. Minha mãe e Manu conversavam e eu ouvi quando Flavina chegou. Elas ficaram um tempo ali conversando, e Flavina riu alto por alguma coisa sendo acompanhada da senhora minha mãe. Estava prestes a reclamar, mas o silêncio se fez em alguns segundos e eu respirei profundamente, num misto entre alívio e irritação.

Peguei o travesseiro de Manu e o abracei forte. Seu cheiro impregnado nele me dava paz, acalmava. Se eu estava com tanta raiva dela a ponto de não querer nem olhar, ao menos seu cheiro me fazia companhia. O quão dúbio é se sentir assim? Suspirei mais uma vez e resolvi tomar um banho para clarear minha cabeça antes da conversa que sei que precisamos ter. Eram muitas conversas sérias em um espaço de tempo tão curto e eu não estava acostumada com isso, não na nossa relação. Comecei a sentir medo do nosso namoro se transformar em algo tóxico passa nós duas. Pensamentos ruins me invadiam e eu fechei os olhos forte tentando fazer minha cabeça parar de pensar abobrinha.

Força do Destino [Ranu]Onde histórias criam vida. Descubra agora