Presente

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Manu Gavassi
Presente

Uma das coisas mais libertadoras que existe para quem é famoso no Brasil é viajar pra fora do país e poder agir livremente por alguns dias. Eu já conhecia essa sensação, mas era a primeira vez que Rafa estava sentindo essa liberdade depois de ficar nacionalmente famosa.

A forma despreocupada como escolhemos caminhar de volta ao hotel, entrar e sair das lojas sem uma aglomeração se formar, andar de mãos dadas e namorar como um casal qualquer pelas ruas, sem câmeras, fofocas e virais nas redes. Poucas vezes eu vi a minha namorada tão radiante neste um ano de namoro. Seu sorriso era genuíno, seus cabelos soltos e seu rosto com uma maquiagem leve e natural. Ela estava deslumbrante. Talvez possa ser resultado da felicidade que ela parecia exalar, a alegria por estarmos tendo a oportunidade de viver um pouco sem tantas preocupações com o que as outras pessoas vão pensar e simplesmente aproveitar nosso namoro, ser apenas um casal comum. Sinceramente, eu não sei, mas foi inevitável pensar em como eu sou sortuda por ter essa mulher cheia de vida ao meu lado enquanto sua risada e seu jeito entusiasmado marcavam aquele passeio noturno.

Sempre fui do tipo que gosta de curtir a vida nos seus mínimos detalhes. Do tipo que gosta de parar o carro para apreciar o pôr-do-sol e tirar uma foto. Sempre que podia eu experimentava coisas novas e aqui estava eu vivenciando pela primeira vez como era ter um namoro com a Rafa sem chamar tanta atenção, sem me preocupar com tudo. Não era apenas ela que estava se sentindo assim, eu também estava. Era como viver um pedacinho da vida que eu sempre quis e, porra, como eu tenho sorte por ter essa mulher de tirar o fôlego ao meu lado, segurando minha mão, olhando e sorrindo para mim como se eu fosse o ser mais maravilhoso da face da Terra. A minha morena era linda e ultimamente ela demonstrava cada vez mais atitude.

Não dei a devida atenção ao quão ela me surpreendeu nos últimos dias. Sua atitude nas aldeias era exemplar, foi uma das que mais trabalhou, sendo carinhosa e atenciosa com todos, principalmente com as crianças. Nas situações mais adversas que passamos, ela jamais reclamou e ainda estava lá me dando suporte e acalmando. Quando eu quis apadrinhar as crianças, ela mostrou o caminho da solução ao apresentar Wagner pra mim. Quando sentiu vontade de me beijar e abraçar e dizer que me amava ela o fez na frente de qualquer pessoa sem nenhum sinal de receio. Quando sentiu vontade de ser mãe, ela simplesmente me buscou e externou seu desejo de peito aberto. Quando achei que teria que preparar tudo para o nosso aniversário, ela disse que já havia feito planos, reserva, ela organizou e quer me fazer uma surpresa. Rafa amadureceu. Isso é inegável. Ao longo do tempo, é nítido pra qualquer um que acompanha a nossa história, mas muito além disso, nos últimos dez dias, longe dessa coisa toda de mídia e repercussão e redes e público...ela parece ter ganhado confiança. E eu amo isso. Amo o potencial que ela tem para ser uma pessoa cada vez melhor para si mesma.

Nos últimos 100 metros de caminhada, eu percebi como seu olhar pra mim foi se transformando. Rafa estava nitidamente flertando comigo, me olhava com desejo, com tesão, estava tentando obter toda a minha atenção quando eu só tinha olhos e pensamentos pra ela. Nossa conversa fluía gostosa e a troca de olhares era frequente, me fazia arrepiar às vezes. Eu gostava disso. Parecia haver uma chama nos envolvendo. Eu a queria nua na nossa cama e ela me queria também. Ter consciência disso, dessa vontade mútua, era excitante, me fazia ansiar para chegarmos logo ao nosso destino.

Ao adentrarmos no elevador, nossos olhares se encontraram novamente e ela sorriu com uma malícia sedutora e ao mesmo tempo ingênua. Senti cada célula do meu corpo reagir e, sem perceber, comi com os olhos o seu corpo da cabeça aos pés. E novamente os meus olhos famintos encontraram os verdes dela.

Força do Destino [Ranu]Onde histórias criam vida. Descubra agora