"Vai precisar disso"

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A gente gosta do estrago, não é  mesmo?! Rsrsrs
Então segue

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Point of View Clarke


— Você nem imagina quanto eu preciso de uma bebida. — Puxei uma cadeira e olhei em volta, procurando um garçom antes mesmo de sentar.

— E eu que pensei que você queria me ver por causa da minha personalidade vencedora, não pela refeição grátis que ganha toda semana.

Minha melhor amiga, Octavia, tinha o melhor emprego do mundo, era crítica de gastronomia do San Francisco Observer. Em quatro noites da semana, ela ia a diferentes restaurantes para comer alguma coisa que, depois de um tempo, ganhava uma crítica. Às quintas-feiras, eu ia com ela. Basicamente, ela era o meu vale-refeição. Normalmente, esse era o único dia em que eu saía do escritório antes das nove da noite, e essa era a única refeição decente que eu fazia na semana por causa das sessenta e oito horas de trabalho semanais que costumava cumprir.

E que bela porcaria isso me rendeu.

O garçom chegou com a carta de vinhos. Octavia nem olhou as opções.
— Vamos querer merlot... O que você recomenda?

Era um pedido padronizado, e eu sabia que esse era o primeiro passo para avaliar o serviço do restaurante. Ela gostava de analisar como o garçom se portava. Fazia perguntas sobre seu gosto para poder fazer uma boa escolha? Ou sugeria o vinho mais caro do cardápio só para ganhar mais gorjeta?

— Muito bem. Vou escolher alguma coisa.

— Na verdade... — Levantei um dedo. — Posso mudar o pedido, por favor? Ela vai beber merlot, eu quero uma vodca com club soda e limão.

— É claro.

Octavia mal esperou o garçom se afastar.

— Ih... Vodca e club soda. O que aconteceu? Thomas está saindo com alguém?

Balancei a cabeça.
— Não. Pior.

Ela arregalou os olhos.

— Pior que Thomas sair com alguém? Bateu o carro de novo?

Bem, talvez eu tivesse exagerado um pouco. Descobrir que meu namorado há oito anos estava saindo com outra mulher teria acabado comigo, sem dúvida. Há três meses, ele me disse que precisava de um tempo.

Não eram exatamente as quatro palavrinhas que eu esperava ouvir dele depois do nosso jantar de Dia dos Namorados. Mas tentei ser compreensiva. Ele havia tido um ano difícil – o segundo livro encalhou, o pai, então com sessenta anos, descobriu um câncer de fígado e morreu três semanas depois de receber o diagnóstico, e a mãe decidiu se casar de novo apenas nove meses depois de ter ficado viúva.

Então, concordei com a separação temporária, embora o conceito dele de dar um tempo fosse mais tipo Ross e Rachel – nós dois éramos livres para sair com outras pessoas, se quiséssemos. Ele jurou que não tinha outra, e que não pretendia sair por aí dormindo com todo mundo. Mas também achava que um acordo de não sair com outras pessoas nos manteria amarrados e não daria a ele a liberdade de que precisava.

E com relação a dirigir... eu odiava desde o primeiro mês depois de ter tirado a carteira, tudo por causa de um acidente grave que me transformou em uma motorista nervosa. Nunca consegui superar. No mês passado, amassei o para-choque em um estacionamento, e todo o medo que eu tinha conseguido controlar voltou à tona. Outro acidente em tão pouco tempo me levaria ao limite.

— Talvez não seja nada tão sério — admiti. — Mas é quase isso.

— O que aconteceu? O primeiro dia no escritório novo foi ruim? Pensei que fosse me contar sobre todos os homens lindos e mulheres que conheceu no emprego novo.

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