Eu não era uma boa ouvinte

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Alexandra

Ora, ora, ora. A noite ficou muito mais interessante.

Bebi o resto da cerveja que estava segurando havia quase uma hora e acenei para o garçom.

— Já ouviu falar de um drinque chamado mau perdedor?

— Acho que sim. Vodca, mistura agridoce, grenadine, suco de laranja e açúcar na borda, não é?

— E uma ou duas cerejas ao marrasquino.

O bartender fez uma careta.

— Parece mais uma receita certa de ressaca.

— Sim. Por isso é perfeito. — Acenei para a outra ponta do balcão, onde Clarke tinha acabado de chegar com Ontari, a presença mais inesperada. — Está vendo a loira sexy conversando com a ruiva com cara de doida?

Ele olhou para onde eu apontava.

— Sim.

— Pode preparar um desses e mandar para ela? Não esquece de dizer o nome do drinque e quem mandou.

— Se você diz...

— E vou querer outra cerveja, quando puder trazer.

O happy hour da empresa tinha atraído muita gente. Era a primeira vez que o pessoal da Wren e da Foster Burnett socializavam fora do escritório. Acho que foram umas trinta pessoas, pelo menos, metade delas do departamento de marketing, já que o Jim Falcon sempre organizava esse evento.

Fiquei de olho em Clarke enquanto o bartender preparava o drinque e ia entregá-lo na outra ponta do balcão. Ela sorriu e olhou para o copo chique com o líquido rosa, depois olhou na direção que o garçom apontava. Ao me ver, ficou imediatamente séria. Ontari, é claro, juntou-se a ela para me fuzilar com o olhar. Pena eu não ter pensado nisso antes: teria sido mais engraçado se eu tivesse mandado um martíni de manteiga de amendoim e geleia para ela junto com o mau perdedor de Clarke. Mais divertido para mim, pelo menos.

De onde estava, Clarke levantou o copo com um sorriso gelado e inclinou a cabeça para mim em sinal de agradecimento.

Depois disso, passei uma hora e meia tentando interagir. Mas, quanto mais me pegava olhando na direção de Clarke, mais irritada ficava. Ela, por outro lado, não parecia distraída ou incomodada, acho que nem notou que eu seguia cada movimento seu com verdadeira obsessão.

Em um dado momento, um homem que não trabalhava na Foster, Burnett e Wren se aproximou dela e começou a puxar conversa. O cretino vestia um paletó de tweed marrom com reforços de couro nos cotovelos e mocassins gastos. Provavelmente era escritor, como o último traste que ela havia namorado, ou professor de alguma matéria inútil, como filosofia.

Olha, se você acha que estou com inveja, não estou. Inveja é quando você quer alguma coisa que outra pessoa conseguiu, e Clarke não conseguiu e não vai conseguir nada em cima de mim. Também não é ciúme, aí é quando alguém tem algo que é seu, e todo mundo sabe que nunca assumi nem vou assumir mulher nenhuma.

Sou protetora por natureza, só isso. E, embora a mulher tenha progredido na empresa até conquistar uma posição equivalente à minha, ela evidentemente não sabia merda nenhuma sobre os homens.

Em algum ponto entre inclinar a cabeça para trás dando risada e jogar o cabelo, ela pediu licença para interromper a conversa com o Sr. Tweed Marrom, que já devia durar meia hora, mais ou menos. Meus olhos a seguiram para o corredor que levava aos banheiros. Disse a mim mesma para ficar onde estava, não ir até lá mexer com ela... mas...

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