Um pacto

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Point of view Clarke


Ficamos em silêncio, deitadas lado a lado no quarto escuro.

Queria saber se ela já estava arrependida.

- Em que está pensando? - perguntei.

Ela suspirou profundamente.

- Sinceridade?

- É claro.

- Estava pensando em como ligar o gravador de áudio do celular sem você perceber, antes de começar tudo de novo. Preciso capturar aquele som que você faz quando goza para usar como material de punheta, e tem que ser antes de você me chutar para fora, daqui a meia hora.

Dei uma risada e virei de lado para olhar para ela.

- Que som?

- É uma mistura de gemido e grito, mas é meio rouco e muito sexy.

- Eu não grito.

- Ah, grita, baby.

Francamente, eu nem imaginava o que havia saído da minha boca hoje à noite. Tinha sido uma experiência fora do corpo, uma coisa sobre a qual eu não tinha nenhum controle.

- E por que acha que vou te jogar para fora em meia hora?

Alexandra olhou para mim e afastou o cabelo do meu rosto.

- Porque você é inteligente.

Eu não tinha a menor ideia de como o que havia acontecido se desenvolveria. De maneira inusitada, não havia pensado nas consequências dos meus atos. Em vez disso, havia seguido o que parecia certo no momento. E o que parecia certo no momento acabou sendo incrível. Por isso mantive essa disposição mental, não me permiti analisar nada muito profundamente, ainda não.

- Thomas não... ele não curtia muito sexo oral. Talvez o som que você escutou tenha sido da rolha saindo de uma garrafa de champanhe muito bem fechada.

Alexandra apoiou a cabeça no braço dobrado.

- Como assim? Ele não curtia muito sexo oral? Está dizendo que ele não sabia te chupar?

- Não. Estou dizendo que não acontecia com muita frequência. Tipo... quase nunca.

- Mas você gosta? - Dei de ombros.

- Ele não gostava.

- E, resumindo, é aí que está o problema desse seu relacionamento. E não estou falando só de sexo. Qualquer uma pessoal que não é capaz de superar as próprias preferências para fazer alguma coisa que dá prazer ao seu parceiro tem problemas que vão muito além de sexo.

Infelizmente, Alexandra estava cem por cento certa. As coisas com Thomas eram sempre relacionadas ao que ele queria e do que precisava. Ele precisava de sossego para escrever seu romance, por isso adiamos a decisão de morar juntos. Eu gostava de um restaurante e ele, não, então, nunca mais voltávamos. Ele precisava de espaço, e eu dava. Mas, quando ele queria ir esquiar nas férias e eu queria ir à praia, eu tirava as roupas de inverno do armário para deixá-lo contente. E o pior, caramba, eu realmente não tinha notado, Alexandra estava certa. Eu gosto de sexo oral.

Suspirei.

- Você tem razão.

O quarto estava escuro, mas consegui ver seu sorriso.

- Eu sempre estou certa.

Alexandra deslizou dois dedos por meu braço, do ombro até a mão. Senti o toque até nos pés, e isso me fez arrepiar.

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