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Tudo começou com uma suave carícia em seus cabelos

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Tudo começou com uma suave carícia em seus cabelos.

Suas pestanas tremelicaram brevemente devido à surpresa de receber o toque, mas não suficientemente para que seus olhos se abrissem. Mesmo assim, sentiu que dedos longos deslizavam de modo delicado por suas madeixas, penteando os fios soltos para trás da orelha. A sensação era reconfortante e, de certa maneira, bastante familiar, apesar de não conseguir se recordar de onde a conhecia.

Em seguida, veio a fragrância de flor de baunilha.

Tratava-se de um aroma encorpado, que avançou até se alojar nos recônditos mais obscuros de sua mente, avivando velhas lembranças há muito não visitadas. Sabia que deveria saber a quem pertencia aquele perfume; porém, o toque a distraía tanto que pensar em algo além dele a deixava tonta, como se não devesse estar refletindo muito sobre a questão.

Então, tratou de cerrar as pálpebras, voltando a dormir.

Só que o som de uma risada atrapalhou seus planos. Aprumou os ouvidos para captar mais daquele som musical, não querendo que ele escapasse jamais.

Eu sei que está acordada, disse a voz. Não precisa mais fingir...

— Eu não estou fingindo. — Resmungou ela, sentindo os lábios grudentos pelas horas de sono.

Está bem, meu amor. Agora, volte a dormir. Sua hora ainda não chegou.

Como se por mágica, a voz hipnótica ofereceu um controle imediato sobre o seu corpo, e ela voltou a ser embalada ao mundo dos sonhos, desta vez definitivamente. Ao adormecer, notou que resquícios do perfume de baunilha continuaram entranhados em suas vias nasais e que a carícia em seus cabelos seguiu até que não se apercebesse mais dela. Não precisou olhar pela janela para saber que o sol ainda estava longe de surgir no horizonte. As brumas tomavam conta dos arredores e deixavam tudo com um aspecto frígido e úmido. Calendra se aconchegou dentre as cobertas e dormiu como se absolutamente nenhuma preocupação a atingisse no mundo.

Algumas horas mais tarde, após o despertar, encontrava-se na cozinha a preparar o desjejum quando ouviu uma leve agitação das portas duplas. Estranhou o fato de que alguém na casa já poderia estar de pé em uma hora como aquela, pois o dia ainda estava escuro e só o que se via pela vidraça da janela eram o negrume da madrugada e as brumas acumuladas dentre as árvores do bosque. Um instante depois, porém, Calendra sentiu a mão de seu irmão repousar em suas costas e um beijo casto sendo depositado em seus cabelos.

— Bom dia, menine. — Disse ele.

— Bom dia. Caiu da cama hoje? — Ela respondeu, seu tom de voz salpicado com uma provocação. Afinal, Rohden não era bem o tipo de pessoa que apreciava acordar cedo, e Calendra não perderia a oportunidade de implicar com ele; mesmo porque, o humor de seu irmão era sempre o pior possível pela manhã, fato que a divertia imensamente. Ela o viu sorrir com ironia, os olhos inchados de sono e o cabelo completamente desgrenhado.

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