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G L O S S Á R I O

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G L O S S Á R I O

Uach nama latre: que o seu dia seja bom.

Foi como se Lisbeth tivesse ateado fogo em um palheiro

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Foi como se Lisbeth tivesse ateado fogo em um palheiro.

A multidão explodiu em algazarra, cada um querendo exprimir sua opinião sobre o que acabara de ouvir. Algumas pessoas tentavam se aproximar de onde Lisbeth se encontrava, almejando tocar em sua mão; já outras, dirigiam-se em peso à mesa com os rolos de pergaminho, a fim de contribuir com sua assinatura. Ainda havia as que — provavelmente por serem contrárias às ideias manifestadas —, riam e caçoavam das que estavam se empurrando. Algumas tentavam impedi-las, alegando que tudo não passava de mentira e que elas deveriam estar fazendo algo de útil e não expondo suas figuras em uma espécie descabida de petição.

Calendra, ao contrário, não tomava parte de nada. Estava levemente atordoada com o caos ao seu redor e com o quanto todos pareciam se amontoar uns sobre os outros na tentativa de chegar perto do tablado. Foi sendo empurrada para diferentes direções conforme mais pessoas chegavam, incapaz de escapar de seu aperto sufocante. Cerrou os dentes e, irritada, iniciou a tarefa de se içar para fora, avançando pouco a pouco até ter atingido o fim da confusão.

Quando sentiu o ar puro novamente nos pulmões, respirou fundo. Piscou uma e outra vez com força, a fim de espantar o torpor, andando tropegamente em direção a uma árvore, onde se apoiou com dificuldade. Ainda a atordoava pensar na força das palavras de Lisbeth, poderosas o bastante para movimentar tantas pessoas. Calendra observava aquela gente aglomerada, tentando se afastar o máximo possível de todos, sentindo o coração bater acelerado no peito. Estava se sentindo perdida, sem saber o que fazer, então optou por permanecer no mesmo lugar.

Calendra crescera ouvindo quão perigosa era a floresta e quanto o seu acesso era proibido. Era certo que ela não compactuava daquele pensamento, uma vez que consistia na prova viva de que era possível viver lá sem correr riscos. Porém, não era assim que a maioria dos vaugalenos encarava a situação. Devido à guerra, muitos passaram a nutrir ódio e repúdio aos povos da floresta, rejeitando qualquer um que de lá viesse. A desavença era tão profunda que, até aquele momento, ninguém pudera saber o real paradeiro da casa de Calendra, que vivia fora da fronteira de Vaugalath. Seus pais temiam represálias caso descobrissem a verdade, mas se os portões fossem finalmente abertos, será que aquele segredo ainda faria sentido?

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