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Como este dia está brilhante!

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Como este dia está brilhante!

Foi o que pensou o sacerdote Hyperion diante da primeira visão do Outro Mundo. De certo modo, era muito parecido com o seu mundo, mas, de outro modo, não era. Talvez por isso tivesse aquele nome. Era um outro mundo que não o seu, apesar de ser muito parecido com ele.

Reteve-se na ravina, admirando o bosque de árvores encantadoras a seu redor. Podia sentir a brisa soprar na pele do rosto, sussurrando segredos e travessuras. Os animais produziam seus sonidos, sem nenhuma preocupação aparente. Um em particular lhe chamou a atenção: era uma lebre.

De pelo acastanhado e corpo comprido e esguio, debruçava-se com delicadeza para devorar o capim, seus dentinhos trabalhando freneticamente em um ramo de relva. Enquanto olhava na sua direção, a lebre pareceu notá-lo. Mirou-o fixamente, como se o examinasse, não tardando em virar-se para partir.

Mesmo sem saber por que, o sacerdote a seguiu.

Conforme avançava, foi notando no ar um cheiro alcalino, de uma textura tal que se grudava em sua pele. Também entreouviu um som de rebentação. Por um instante fugaz, distraiu-se pensando se estaria diante do Mar do Oeste, o que bastou para perceber que perdera a lebre de vista.

Procurou por sinais do animal, mas nada encontrou. Foi quando alguém próximo proferiu em alto e bom som:

— Meu bom amigo! Que alegria o encontrar! — Virou-se para encará-lo. Tratava-se de um homem de média estatura, com uma barba grisalha e comprida que descia até bem abaixo do peito, como a dele própria, carregando um sorriso alegre nos lábios robustos e um carinho nas rugas em volta dos olhos. Hyperion compreendeu então por que se interessara tanto por aquela lebre.

— Taliesin! — Respondeu Hyperion, muito surpreso. — Tenho certeza de que sua alegria não pode superar a minha! Neste quesito, meu coração se enche de uma sensação farta e nobre que não recordo haver sentido antes.

A risada de Taliesin tomou conta dos arredores.

— Ora, ora! Se não é um dos efeitos do lado de cá?

— Estou mesmo no Outro Mundo, então?

— Sim, eu te chamei aqui. Precisava lhe falar.

Mesmo um pouco espantado, Hyperion assentiu com a cabeça.

— Com muito gosto, meu caro amigo. Digas-me!

— Demos um passeio. Eu estava prestes a segar algumas ervas. Acompanhas-me? — Foi quando notou que havia uma foice em sua mão, um cajado na outra. Estendeu o braço para ajudá-lo com o cajado, e ambos seguiram então em uma vagarosa caminhada pelo terreno relvado, seus pés descalços experienciando o prazer de tocar a grama. Andaram por algumas poucas milhas em direção à costa, quando o sacerdote teve o primeiro vislumbre do mar. A vista o cegou para quase todo o restante, tanto que ouviu a risada de Taliesin ao seu lado. Ele disse: — Este mar é um dos mais belos que já vi.

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