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— Quase me esqueci

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Quase me esqueci. Eu trouxe um presente para você. — Aspen murmurou contra a curva de seu pescoço. Fazia tempo que estavam em silêncio, apenas desfrutando as carícias preguiçosas um do outro. Um pouco letárgica, Calendra virou o rosto para encará-lo, vendo que ele tateava os bolsos da túnica enrolada sobre ambos. — Coloquei em algum lugar por... Ah! Está aqui!

— O que é?

Com um floreio, Aspen mostrou a mão, na qual, atravessado verticalmente sobre a palma aberta, descansava uma gargantilha.

O pingente pesado era de metal prateado, seu formato arredondado. No centro, uma pedrinha minúscula de ônix negra estava encravada na peça, mas este não era o elemento que mais chamava a atenção de quem o admirasse. A joia fora esculpida com um belo desenho de corvo. Apontando para cima, a cabeça se erguia altiva, uma pequenina elipse argentada representando o seu olhar. As asas se estendiam para ambos os lados, e a cauda, para baixo, formando uma cruz. Nos espaços ocos, nós prateados completavam o enfeite.

Quando Calendra ergueu os olhos para Aspen, eles estavam líquidos pelas lágrimas. Era a coisa mais linda que alguém já havia lhe dado. A delicadeza e a atenção aos detalhes demonstravam que a pessoa que pensara no presente conhecia Calendra muito bem, e saberia dizer do que exatamente ela gostava.

— É um primor. — Conseguiu exprimir, a voz embargada. — Onde você o encontrou?

— A lasca de chumbo eu já tinha. Eu fiz o desenho do corvo, esta parte em preto aqui. — Demonstrou com a ponta do dedo. — E pedi ao artífice que o moldasse junto a esses nós. Eu acabei o colocando no centro por saber que Ishtar é uma parte importante de você... mas quem encravou o ônix negro foi o artífice.

— Muito obrigada. Eu adorei!

— Importa-se se eu colocá-lo em seu pescoço?

— Claro que não.

Virando-se de costas, Calendra ergueu o manto de cabelos escuros e aguardou Aspen enlaçar a fita de veludo negro à volta de seu pescoço. O peso da joia era considerável, e descansou perfeitamente na cavidade de seu colo. Ao retornar à posição anterior e deixar cair os fios encaracolados, viu a reação que isso causou nele. Olhando intensamente a obra de arte que era Calendra, levemente desgrenhada e corada pelo recente coito, com o veludo macio moldando o contorno esguio do pescoço e os seios à mostra, foi sentindo seu corpo se acender ante a incitação daqueles contornos.

Ele exalou fortemente o ar.

— Pelo fogo, eu poderia amá-la mais uma vez bem agora.

Calendra sorriu travessamente, esticando-se sobre a túnica.

— Hum... então me ame. — E ele amou, com intensidade daquela vez. Suas mãos agarraram-na nos quadris e a puxaram de encontro ao seu corpo, que se meteu entre suas pernas sem esperar por qualquer aprovação. A cada arremete do seu ventre na direção do dela, Calendra era lançada mais e mais ao desconhecido. E os braços flácidos não puderam fazer outra coisa que não se agitar ao lado do tronco, os dedos embrenhados no tecido ao redor de si.

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