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No dia seguinte, todos se encontravam tensos

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No dia seguinte, todos se encontravam tensos.

O relato de Calendra acerca de seu encontro com o homem misterioso fizera com que as expectativas pela aventura voltassem a ser o foco de seus pensamentos, e passaram a especular o que aconteceria em seguida. Pavetta sugeriu que devessem olhar o mapa em busca de alguma mudança agora que sabiam que o momento chegara, mas, mesmo analisando-o, não encontraram nada de diferente do que havia antes. Então, restava-lhes apenas esperar.

Calendra, que ainda sentia os efeitos da visão da noite anterior, não estava tão confiante quanto os demais. Não parara de reviver os momentos passados com o estranho, estudando na mente a sua fisionomia e sotaque, tentando encaixá-lo em algum lugar que fizesse sentido. Não se lembrava de Nimbas tê-lo mencionado, pelo menos em sua presença, muito menos Sooúl. Durante todo aquele tempo de espera, enquanto os quatro amigos concentravam as suas energias em descobrir a sentinela de Vaugalath, quase deixaram escapar o que mais importava: o atiçador da aventura, a pessoa que iria tirá-los da inércia e levá-los ao destino incerto.

Poderia ser o estranho homem de barba longa?

— Aqui, meu bem. Eu fiz um chá para você. — Tia Marion estendeu para Calendra uma xícara fumegante. Agradecida, ela a tomou de suas mãos, formando uma concha em volta dela. A tia sorriu, acariciando-a nos cabelos. — Cuidado, ainda está quente.

— Obrigada, titia. — Sorriu sem mostrar os dentes. Estava estirada no sofá da sala, os pés esticados bem perto do fogo. Seu irmão havia feito uma compressa aquecida que ela apoiava na cabeça, pois a dor estava praticamente insuportável. Calendra se esquecera de como fora na primeira vez, de modo que não se preparara para a véspera. O episódio não apenas pegara a ela desprevenida e, sim, a todos, justamente pela força e estranheza daquele poder.

Aspen, que passara a noite inteira acordado cuidando dela, estendia-se de todo comprimento ao seu lado, a cabeça apoiada em seu colo e os dedos aferrados ao tecido de seu vestido. Tia Marion olhou para aquela cena e abriu um de seus sorrisos sabichões.

— Ah, o amor. — Murmurou ela, seguindo para a cozinha a fim de terminar de preparar o almoço, uma vez que Calendra se sentia indisposta e Rohden estava ocupado discutindo os pormenores da situação com Pavetta, ambos sentados à frente da lareira.

Do lugar em que se encontrava, Calendra tinha uma linda vista da janela, que estava escancarada a fim de captar a brisa morna da primavera. Uma fragrância amadeirada assomava o ambiente e oferecia um refresco muito melhor do que qualquer composto medicamentoso; e a vista, que enchia os olhos, não podia fazer nada além de alegrá-la. Por isso, deixou-os conversando entre si e se distraiu com o cenário lá de fora, espiando de relance os contornos das flores e das árvores no bosque verdejante.

Embaixo da passarela de madeira, o riacho corria seu curso como em outro dia qualquer. Pensou muito seriamente em ir até lá mergulhar os pés na água, mas mal concretizou a ideia quando um vulto chamou sua atenção ainda mais ao longe do córrego. Cerrou as pálpebras para enxergar enquanto a figura espreitava pela mata, percorrendo o solo entre os troncos das árvores de forma sutil.

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