Notas finais

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Ufa! Nem acredito que Ocultos chegou ao fim

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Ufa! Nem acredito que Ocultos chegou ao fim.

Quando os primeiros rabiscos começaram, mais de onze anos atrás, não suspeitei, nem por um momento, que o resultado seria esse. Imaginei, sim, diversas coisas sobre a história, incluindo que seria uma obra prima, com direito a diversos volumes e dezenas de milhares de páginas. É inegável que essas coisas serviram ao seu propósito: alimentar a minha imaginação e rechear os meus sonhos, que de fato eram muitos.

No entanto, conforme os anos foram passando e, com eles, vinha o meu amadurecimento, dei-me conta de que isso — transformar Ocultos, ou a série A Imprecação do Corvo, como viria a se chamar mais tarde — em uma "obra prima" não seria uma tarefa assim tão fácil. Em onze anos, enfrentei muitas dificuldades, não apenas técnicas e próprias à escrita. À certa altura de minha vida, sofri de uma grave depressão, a qual me prejudicou em diversos aspectos, em especial psicológicos e emocionais. Muitos anos depois — após tratamento e diversas, inúmeras, idas a psicólogas — surgia Calendra.

Não sei se perceberam — e nem haveriam de perceber, creio eu —, mas esta personagem tem tudo de mim: meu sentimento de inadequação, de não merecimento, minha solidão, minha tristeza. Aquilo que seu irmão sempre considerou extremamente valioso e especial — no caso, a sua vidência, mas, fazendo-se um paralelo com a vida real, a nossa essência como seres humanos — foi sempre o que ela mais odiou, por ouvir de outras pessoas que isso lhe tornava uma aberração. O nome disso é bullying — e eu também o sofri.

Talvez, colocar um ponto final a esta história, este primeiro livro especificamente, represente o fim de um ciclo em que eu fui qualquer coisa menos verdadeiramente feliz. Na cena final, em que Calendra nasce de novo, passando o corpo entre as pernas de Sooúl, o que ela vivencia é um ritual de renascimento, no qual a antiga versão dela, a adoecida, dá lugar a uma nova, muito mais forte e preenchida de luz. Não à toa. Eu mesma passei por algo parecido — tirando a parte fantasiosa, é claro —, e descobri, depois de muito tempo, que era possível passar pelo mesmo tipo de transformação, literalmente nascendo de novo em plena vida, momento em que fui, aí sim, verdadeiramente feliz.

Então, toda aquela antiga motivação caiu por terra. Eu já não queria mais escrever Ocultos para agradar ao meu ego, eu queria escrevê-la por uma necessidade. Desejei mostrar a outras pessoas que há esperança, que ela está ao alcance da mão. Toda pessoa, mas em especial toda mulher — arquétipo que optei por explorar em minha obra —, carrega dentro de si uma luz e é especial à sua maneira. Se Calendra — vulgo eu — encontrou a sua, então qualquer uma poderá. A Deusa vive dentro de cada uma, basta encontrá-la.

Vivam... para encontrá-la.





Com amor, Roberta.

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