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Uma brisa gélida começou  a bagunçar os cabelos de Calendra enquanto caminhava ao lado de Pavetta

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Uma brisa gélida começou a bagunçar os cabelos de Calendra enquanto caminhava ao lado de Pavetta. Dirigiam-se para casa a passos apressados, querendo escapar do frio que as castigava, logo após terem retornado do mercado. No fim das contas, Pavetta queria tão somente uma companhia enquanto fazia as compras que sua mãe lhe pedira, pois, segundo ela, era extremamente entediante carregar montes de mercadorias sem alguém para dividir aquele fardo — e sim, naquele ponto ela fizera Calendra ajudá-la a carregar tudo. A quantidade absurda de coisas as atrapalhara durante a maior parte do trajeto e ambas já sentiam o cansaço se apossar de seus corpos, mas, mesmo assim, sentiam-se contentes. Calendra estava adorando passar mais tempo na companhia de Pavetta, que a ajudava a esquecer um pouco da confusão que eram seus pensamentos.

Porém, havia um problema: Pavetta era muito observadora.

Calendra era capaz de sentir os olhos de gavião da amiga na pele de seu rosto, observando-a constantemente em busca, talvez, de uma explicação para seu silêncio prolongado. Verdade seja dita, ela passara a ficar daquela maneira desde que Faris lhe lançara verdades com as quais era difícil lidar, a preocupação tomando-a de uma forma assombrosa. No entanto, por mais que tentasse esconder seus sentimentos, sabia que Pavetta desconfiava de alguma coisa.

Como se para confirmar suas suspeitas, Calendra ouviu um pigarro suave sair da garganta de Pavetta. Logo mais, ela disse:

— Então... agora que estamos sozinhas, você vai me contar o que está te perturbando ou não?

Calendra deu de ombros.

— Não há nada para contar.

— Ah, entendo. — Respondeu Pavetta, em um tom de voz calmo e compassivo. Calendra ficou à espera de algum comentário engraçadinho que estava certa de que viria, em vão.

— Nossa, essa foi rápida! — Exclamou, surpresa. Seus olhos foram atraídos para o rosto de Pavetta, que encarava de modo fixo o caminho em frente. — Pensei que você me encheria de perguntas e não descansaria até eu ter respondido todas elas.

Pavetta sorriu.

— É isso que você quer que eu faça?

— Não é isso que você quer fazer? — Rebateu. Em resposta, Pavetta franziu o cenho e pareceu refletir por alguns instantes. Logo em seguida, ela deu de ombros.

— Bom, sim. Mas percebi que é inútil tentar arrancar coisas da sua boca sem que você queira contá-las.

— Eu diria que você conseguiu tirar bastante coisas de mim.

— E eu ainda não entendo como, só... olha, eu vejo que você está preocupada com algo, tudo bem? Não sou estúpida. Temo apenas que isso tenha a ver com aquele assunto misterioso que você está proibida de me contar. Se for, não vou insistir. Sei bem como é pesado o fardo de guardar um segredo desse tipo e não serei eu a pessoa a torná-lo ainda mais difícil de carregar.

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