Meu jardim do éden é um antro de ópio. Um lar de uma mente brilhante, cansada e esfarelando por suas fraquezas. Os dias passam como uma película em preto e branco, um filme mudo. Onde a câmera lenta reina sobre a edição da realidade. A chuva lava minha tez, faz escorrer um pecado de cada vez, para que no meu passo seguinte, numa poça de lama suja eu chafurde em outra nova torrente de vícios.
As tentativas de sucesso são como uma bela mesa de Blackjack, com um Dealer trapaceiro e um baralho de cartas marcadas. Raramente um naipe de sorte me atiça um sorriso, mas a banca é implacável e suga minhas econômicas moedas de felicidade. Sou chutado, escorraçado a cada "Eu te amo" inconsequente que pronuncio em momentos onde o veneno do amor assume o controle da racionalidade. É tudo tão tátil, as relações ásperas, os bons dias arrastados, um sombrio torpor que me faz desejar um sono eterno.
Onde em meu próprio mundo, criado a minha maneira. Sob ficções esdruxulas, clichês românticos e cafonas, iluminem um pouco o horizonte. O mesmo horizonte, que no mundo tátil, só faz queimar minha retina.
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Perpétua Tortura |Ou| A luxúria que escorre
PoesiaAforismos, contos e "poemas" sobre a bestialidade das relações