Por que você me segue? Essa é a pergunta que eu me faço em cada amanhecer, em cada calada da noite. Quando me esgueiro pela escuridão, caço o seu perfume em meio a multidão. Eu me pergunto a cada dia, por qual razão ainda te persigo. Tento justificar minha loucura com os mais fantasiosos motivos. Nessa perseguição já perdi parte de mim. Pedaços da minha alma, amputados com minha carne, fiz questão de enterra-los em meu jardim. Não tenho certeza se suporto a solidão, entendo minha canalhice e incoerência, mas nada me fere mais no mundo do que seus belos lábios proferindo: "Não!" Os meus atos não alcançam seu universo, minhas mãos não afagam mais seus cabelos. Mas a distância não foi um belo conselho. Por que eu te sigo? Meu analista me chama de louco. Mas, no fundo eu sei que só você pode acabar com isso e preencher um revólver com seus cartuchos de ódio, amargura e desespero. E por fim acalentar essa mente e coração que não aceitam teu desejo verdadeiro.
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Perpétua Tortura |Ou| A luxúria que escorre
PoesíaAforismos, contos e "poemas" sobre a bestialidade das relações