Minhas condolências pedantes para mim mesmo

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Tem dias que o universo acorda tremeluzindo sucesso sobre a sua mente decrépita. Um aumento de salário, uma promoção no trabalho. Tudo indo nos conformes de uma vida normal. Mas nada disso, absolutamente nada, importa. O suposto conforto destas conquistas são doses homeopáticas de contentamento, que se extinguem em segundos. 

Eu fracasso até mesmo no sucesso. Nada referenciado acima me contenta. Os meus vícios, a minha insatisfação toma conta de meus dias, os tornando rotinas sem fim. Dentro do meu peito eu carrego um vazio, escavado com o tempo. Uma desilusão amorosa que roubou parte da minha carne, remorsos fervorosos que fervem em meu estômago, medos vergonhosos que assombram minhas parcas noites de sono.

Nem mesmo minha mesa munida de um arsenal poderosíssimo de entorpecente tem dado conta de preencher esses buracos na minha carne. O álcool me transforma numa criatura sentimental, chorando fantasmas enforcados em minha própria culpa. Os remédios esfaqueiam meus medos, me tornando um cadáver sonambulo durante o dia. Mas que é capaz de fingir proatividade e sorrir diante a sua ruína. 

Perpétua Tortura |Ou| A luxúria que escorreOnde histórias criam vida. Descubra agora