Storme

Capítulo Doze

Melissa Fleck

Através do material de madeira bem trabalhado da porta do banheiro, Melissa conseguia escutar Dereck ao telefone. Sua voz distante enquanto seu tom soava firme e forte, embora monótono, como se estivesse conversando em códigos. Melissa escondeu seu corpo no roupão peludo branco e saiu do banheiro, para a imagem de Dereck sentado na cadeira toda estofada da mesa redonda de vidro, o notebook estava aberto a sua frente e a toalha enrolada em sua cintura deixava muito pouco para a imaginação. Seus cabelos estavam molhados e seus olhos a analisavam sinuosamente, como se nunca tivesse realmente tirado os olhos dela, de maneira tão profunda que Melissa não sabia que estava prendendo a respiração até chegar perto, se acomodando na cadeira – que felizmente estava um pouco afastada.

Dereck não havia dito o que gostaria de comer. E no cardápio do hotel as opções de comidas saudáveis eram diferentes do que Melissa normalmente era acostumada a comer. Sabia no mesmo momento em que escolheu hamburguer com batata frita que não era um dos pratos preferidos de Dereck. E estava certa. Já que o prato estava intacto ao lado do notebook.

Sentou-se de pernas cruzadas na cadeira e jogou uma batata frita na boca. Tudo sobre os olhares atentos de Dereck enquanto continuava na ligação com alguém. Não haviam trocado nenhuma palavra e quando Dereck saiu do banheiro, Melissa entrou. Demorando-se por meia hora enquanto lavava seu cabelo e organizava seus pensamentos, tentando coloca-los no lugar.

Suspirou. Estranhamente descobrindo que não gostava tanto do silencio quanto pensava. E era ainda mais constrangedor quando os olhos de Dereck não a deixava por um segundo sequer enquanto sua atenção deveria estar sendo dirigida a seja lá quem que estava do outro lado do celular tentando prender a sua atenção por trinta segundos quase.

O celular dela tocou com uma nova ligação. Levantou-se para procura-lo pelo quarto. Entretanto, a ligação havia sido encerrada antes que o achasse dentro da mochila, no chaise de couro branco, perto da cama. E em poucos segundos, a ligação de Jack transformou-se em uma mensagem no WhatsApp.

"Quando está disponível para um novo ensaio? Quero tentar algo mais ousado."

Melissa ficou com medo do significado da palavra "mais ousado" no dicionário particular de Jack. Em seu último ensaio, havia conseguido a convencido a ficar nua da cintura para cima. E embora não aparecesse nada demais nas fotos, Melissa poderia ter certeza de que não era algo que seu pai aprovaria. E apostaria de que sua mãe iria surtar. E embora Jack sempre lhe tentasse tranquilizar dizendo o quão artístico era posar nua, no fim, Melissa sempre rezava para que nenhuma de suas fotos caíssem em um site pornô ou na casa de um velho rico e nojento.

"hoje estou ocupada, mas amanhã depois da aula estou disponível." Respondeu mesmo assim. Seus pais não precisariam saber que estava aceitando até mesmo posar nua por dinheiro. E nem que realmente poderia ter um velho nojento batendo punheta e olhando para a sua foto neste exato momento.

Os olhos de Dereck ainda estavam observando cada movimento seu enquanto largava o celular no chaise e caminhava de volta para a mesa. Entretanto, antes que pudesse se sentar em sua cadeira, Dereck curvou-se e puxou-a pelo quadril para se sentar em seu colo. Sua boca se aproximando de seu ouvido, onde deixou um beijo firme antes de dizer:

— Estou em uma reunião com meu gerente de Londres. — Sussurrou, embora Melissa quase nem conseguisse prestar atenção nas palavras enquanto sua mão fazendo uma pressão gostosa em seu quadril e o nariz alisava seus cabelos molhados. — Eu não vou demorar.

Melissa acenou, jogando uma batata frita do prato dele para dentro da boca. Poderia muito bem curvar-se para pegar seu próprio prato, entretanto, não queria perder a sensação de ter o corpo de Dereck tão perto. Pegando uma outra batata, aproximou-a dos lábios de Dereck – que lhe deu um beijo no rosto antes de colocar a batata frita para dentro da boca enquanto do outro lado da ligação, seu gerente não parava de falar.