Capítulo Trinta e Oito

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Melissa Fleck

Melissa suspirou aliviada quando passou pelos portões de Harvard. Estava perto do meio-dia, mas ela não estava com fome nenhuma. Na verdade, uma péssima sensação atingia seu peito, deixando seu coração apertado. E ela havia perdido as contas de quantas vezes seus pensamentos haviam se desviado sem permissão. E durante toda a manhã, ela ficara desejando estar em qualquer lugar que não fosse em Harvard. A prova de matemática foi de boa, mas não estava preparada para a aula de teorias de administração, e o tempo todo ficou se perguntando se o livro que tinha tentado ler era o mesmo sobre o qual o professor estava falando. Cansada e irritada, se tornara pior de prestar atenção nas aulas. Ela já havia gastado sua cota de faltas sem justificativas para ficar com Dereck – que se resumia a uma aula por semestre – e naquele momento, ela gostaria de não ter feito aquela burrada para que pudesse se dar ao luxo de ficar embaixo das cobertas em um dia horrível como aquele. Não que tivesse acontecido alguma coisa de diferente desde o momento em que levantou da cama, entretanto, a sensação sufocante entalada em sua garganta não havia a deixado em nenhum momento.

Talvez, o fato de Dereck não estar tão presente nos últimos dias estava ajudando a intensificar aqueles sentimentos, entretanto, ela não queria se prender a aquela hipótese. Ela deveria estar com outras preocupações em mente, e não deveria estar pensando se seu namorado respondeu sua mensagem do dia anterior ou se o "bom dia" seco dele deveria significar alguma coisa.

Além do mais, também estava com saudades de casa, dos seus amigos e saudades de um tempo em que não recebia uma caixa com animais nojentos e perigosos dentro, ou bilhetes ameaçadores. "Bem-vinda a máfia" era o tipo de ameaça camuflada com boas-vindas, que Melissa não entenderia nem mesmo se tentasse. E ela não estava tentando. Sabia que não iria ser fácil cair de cabeça naquele mundo e Dereck continuava mantendo sua promessas de que nada iria a atingir. Era naquelas palavras que ela estava se pregando porque confiava nele. E também porque havia uma parte sua, a parte que estava completamente apaixonada, que não queria recuar. Entretanto, ela também não queria correr para dentro daquele mundo, como uma criança animada em um parque de diversões. Queria se manter neutra. Do lado de fora. E o máximo que o título de namorada do chefe da máfia conseguia a colocar.

Se ela estava sendo burra e inocente por pensar daquela forma, ela não queria descobrir.

— Ei, gata. — Uma mão puxou seu pulso.

De tão absorta que estava, nem notou Trenton gritando atrás dela enquanto corria para a alcançar. Ele curvou-se sobre os joelhos e puxou uma respiração longa.

— Inferno, Melissa, você está fugindo de quem?

Melissa revirou os olhos, desejando encontrar qualquer pessoa do planeta que não fosse Trenton quando estava estressada e chateada. Trenton – que sempre tinha uma sorriso maravilhoso e um olhar brincalhão, que não colaborava em nada com a intensidade de seus momentos junto a ela e que sempre tinha um flerte na ponta da língua.

Tentando ser o menos grossa possível, sorriu e brincou:

— E você se diz atleta.

— Ei. — Ele se endireitou e fechou a cara, mesmo que com um rastro de um sorriso beirando em seus lábios. — Em minha defesa, você corre como uma hiena.

— O que você quer, Trenton? — Perguntou, ignorando a tentativa de uma brincadeira/ofensa sem logica.

— Quais são seus planos agora?

— Ir para casa e chorar no banho. Depois chorar embaixo das cobertas.

Diferente do que Melissa esperava, ele não questionou seu péssimo humor e suas expressões depressivas. Somente balançou a cabeça e fez um careta engraçada.

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