Capítulo Trinta e Dois

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Dereck Storme

Normalmente, para algumas pessoas, sangue e espancamento poderiam assustar, mas para os homens da máfia, era uma gigantesca diversão, como um passeio no parque no fim de tarde do domingo. Dereck não se encaixava em nenhum dos dois tipos, apesar de ser parte de sua rotina. Quando era menor, seu maior sonho era ter a chance de poder punir um filho da puta que estava tentando trapacear na máfia, na adolescência, sua mente era tomada por diversas formas criativas de ver sangue e punição em níveis assustadores. Entretanto, aos trinta anos, punições e espancamentos não faziam sua cabeça tanto quanto uma boa troca de tiro, mesmo que soubesse que levar um tiro fazia parte do risco.

Entrando na cobertura, tirou a camisa branca que em poucos segundos havia se encharcado de sangue e caminhou calmamente para o bar no canto da sala, encheu um copo de whisky e entornou em um único gole. Ele estava servindo o copo novamente, quando Chloe apareceu na escada, seus cabelos loiros presos em um coque bem elaborado no topo da cabeça, e seu corpo esbelto bem preenchido pela camisola de seda vermelha. E em seu rosto ainda havia algumas marcas arroxeadas, embora fosse quase imperceptível.

Chloe era um dos problemas que ele sabia que deveria ter tomado uma atitude há algum tempo. Ela estava hospedada em sua cobertura há uma semana, desde o dia em que seu pai havia a espancado. E embora nem a visse a todo o momento, não era como se estivesse dando pulos de felicidade com a sua estadia prolongada.

Ela o olhou em seus olhos por alguns segundos antes de notar o machucado em seu ombro esquerdo. Dereck esperou por alguma encenação ou fingimento - que era como Chloe sempre agia ao redor dele - entretanto, o máximo que ela fez, foi estreitar os olhos e se aproximar a passos lentos.

— Você está bem?

Dereck deu de ombros, suspirando profundamente quando a dor da bala alojada em sua carne doeu como o inferno.

— Nada que não esteja acostumado.

— Você já arrumou um lugar para que eu possa ficar? — A voz dela estava contida, mansa, quase suave.

Dereck olhou em seus olhos tentando descobrir qual mascara era aquela que ela estava usando naquele dia. Seja qual fosse, gostava mais daquela Chloe, calma e pacífica. Era somente a típica mulher da máfia que seu pai passara a vida toda moldando para que ela se tornasse.

— Não. Eu estou sem tempo, vou pedir para Roman dar um jeito nisso amanhã. — Respondeu, engolindo o liquido do copo em um gole só antes de se servir novamente.

— Quer que eu te ajude com isso? — Ela apontou com a cabeça para o machucado.

Dereck curvou a cabeça para olhar para o machucado aberto em seu ombro. Não parecia nada bonito, mas também não se encaixava na lista de seus piores machucados. Na verdade, não era nada que ele mesmo não poderia lidar.

Antes que pudesse responder, o toque de seu celular distraiu sua atenção por alguns segundos para o nome de Noah estampado na tela.

— Pegue o kit de primeiro socorros no armário do banheiro do meu quarto.

Antes mesmo que ele tivesse deslizado em atender a chamada, Chloe já estava subindo as escadas.

— Eu espero que você tenha uma boa noticias.

— Melissa não quer você.

Era difícil de conter a avalanche de sentimentos que o abatia quando escutava o nome dela. Que Melissa não queria falar com ele não era nenhuma novidade, embora Dereck estivesse tentando lhe dar um espaço para processar a informação que havia caído em seu colo na sexta-feira.

StormeOnde histórias criam vida. Descubra agora