Capítulo Dezenove

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Melissa Fleck

— Ele está aí?

Malu parecia nitidamente curiosa, do outro lado da tela do celular. Seu rosto parecia ainda mais bonito com a expressão animada. Ela olhava para os cantos da câmera do celular como se pudesse conseguir ver o que tanto estava curiosa para ver.

Dereck estava sentado no canto da mesa do quarto de hotel, com seu notebook e seu fone de ouvido roubando toda sua atenção. Seus cabelos estavam uma bagunça maravilhosa e usava a mesma roupa que havia usado para busca-la na faculdade, há quase uma hora atrás. Melissa, deitada embaixo das cobertas na, já de pijama e segurando seu celular com a imagem do rosto de Maria Luiza na tela, o olhou por demorados segundos, bebendo de cada parte de seu corpo o tanto quanto podia. Como o cara poderia ser magicamente e perigosamente bonito era um grande mistério. E parecia tão concentrado em seu trabalho que nem ao mesmo notou-a babando nele o tempo todo e Melissa nem mesmo se preocupou de que estivesse escutando sua conversa já que estava falando em português.

Voltando sua atenção para sua melhor amiga, respondeu: — Sim, está.

— Deixa eu ver ele, bem rapidinho, prometo não te envergonhar.

Sorrindo, deixou-a a convencer daquela infantilidade, virando o celular distraidamente em direção ao homem no canto. Felizmente, Dereck não olhou em sua direção em nenhum momento dentro do um minuto que havia sucumbido a Malu para analisa-lo.

O queixo de Malu atingiu o chão, seus olhos esbugalhados. Entretanto, ela não disse nada, como o prometido. Ao invés disso, ela apoiou seu celular em um suporte na penteadeira de seu quarto e pegou sua necessaire de maquiagem. Seu cabelo loiro estava arrumado em um rabo de cavalo perfeitamente alinhado em cima da cabeça. E ela usava um vestidinho amarelo fresquinho. Fazia tantos meses que Melissa não conseguia nem ao menos usar um T-shirt sem um tanto de tecido por cima que a simples roupa de sua melhor amiga a deixou com um pouquinho de inveja.

— E então, você falou com a mal caráter? — Ela perguntou, enquanto passava o creme no rosto.

— Não fala assim dela, Maria Luiza. — Resmungou, revirou os olhos.

Apesar de Amber ter se tornado uma pessoa completamente diferente em questão de poucos dias, era horrível escutar apelidos daquele tipo. Entretanto, mal caráter era o menor dos apelidos que Malu havia arrumado para sua colega de apartamento. Se havia alguém que estava realmente puta com toda aquela história, era a garota loira do outro lado da tela de seu celular.

— O que? Quem troca uma amizade por um namorado não pode ser considerada assim? — levantou uma sobrancelha em inquérito. — Além de burra, obvio.

— Ela só está apaixonada. — Deu de ombros. — Esse tipo de coisa acontece.

— Eu estou apaixonada agora e nem por isso te larguei de mão. Eu estava apaixonada quando tinha quinze anos, e você continuou sendo a minha prioridade. Apesar de que você transar com o irmão do meu namorado ajudou bastante. — Ela piscou um olho.

Melissa sorriu. Antes de ter Caio em sua vida, ela costumava mesmo segurar vela quase todos os dias. Se não era na escola, era em passeios nos finais de tarde. Ela até tentava resistir, mas Maria Luiza era muito insuportável quando queria ser. E mesmo que parecesse que Nathan não se incomodava com o triangulo, Melissa agradeceu quando começou a ficar com Caio, apesar de só se verem em algumas datas comemorativas. Mesmo assim, não era em todos os encontros que sentia como se estivesse incomodando.

— Como está a vida de universitária longe de casa?

— Queria dizer que é fácil, mas está sendo um dia de cada vez. Queria um dia conseguir colocar todos meus estudos em dia, mas a cada aula é outros dois trabalhos que surgem. E eu tenho aula todos os dias.

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