Capítulo Trinta

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Melissa Fleck

— Então, você está o evitando?

Malu umedeceu o lábio inferior, olhando-a apreensiva do outro lado da tela de seu celular. Ela estava ligando três vezes no dia desde o acidente de quarta. Aquela era a terceira ligação do dia, naquela sexta-feira. E enquanto seus olhos nublavam em preocupação, Melissa sentia seus olhos se marejarem com a vontade de voltar para casa que estava a sufocando no momento. Se não fosse sempre tão racional, ela poderia abandonar tudo e correr para o conforto de seu lar. Naquele momento, era o que mais queria fazer.

— Bem, não é tão difícil o ignorar já que ele mora longe. — Deu de ombros, como se não fosse uma grande coisa.

Entretanto, era insuportavelmente difícil de ignora-lo. Dereck ligava a cada hora do dia. Ignorando até mesmo seus horários noturno de sono, quando acordava pela manhã havia umas dez ligações não atendidas. E uma quantidade absurda de mensagens. Algumas Melissa visualizava, outras ignorava, igual todas as suas ligações.

No momento, ela não queria falar com ninguém, além de Malu porque não havia nenhum sentido em ignora sua melhor amiga. Ela só queria ignorar o que havia acontecido e todo mundo que estivesse ao redor daquela situação, como se não tivesse realmente acontecido, como se pudesse esquecer que todos seus nervos estavam morrendo de medo e que estava assustada pra caralho. A crise de pânico havia a acertado em cheio enquanto estava no banho depois de algumas poucas horas daquela cena horrível. Noah havia insistido para que não ficasse sozinha depois que seu segurança havia os socorridos. E Melissa havia achado que havia sido uma boa ideia, ate uma certa hora da noite, quando a ansiedade implorou para que ficasse sozinha. E havia sido naquele momento que havia descoberto o quanto que Noah era insistente, felizmente, ela era mais. E depois de ter exclamado tão firmemente, Noah havia se cansado, desistido da briga e mandado seu segurança a deixar em seu apartamento, mesmo com uma carranca gigantesca e com ordens diretas para que ligasse para ele a qualquer momento. E haviam sido onde as intermináveis ligações de Dereck haviam começado.

Melissa não sabia exatamente de o porquê de não querer falar com ele, entretanto, algo em seu cérebro mandava correr para longe daquela confusão toda antes de tudo piorar. Se quase levar um tiro já não era ruim o suficiente.

Outra parte, a parte que falava com o coração, lhe dizia que tudo poderia ser bem esclarecido se não estivesse escolhendo a razão. Noah se envolvia em problemas o tempo todo. Dereck parecia ser o tipo de irmão que sempre tinha que ficar e limpar as bagunças. Entretanto, algo não estava batendo. Porque mesmo que seu coração estivesse morrendo de vontade de conversar com Dereck sobre o assunto, ainda estava dividida em ignorar e fugir. O tanto quanto podia.

E quem sabe, depois de tanto o ignorar, Dereck pudesse desistir dela e a deixar em paz. Um lado de seu coração, o lado que estava apaixonado, estava entrando em desesperado com a opção de aquilo acontecer. Entretanto, uma outra parte estava gritando que era o melhor a ser feito.

— Eu acho que seria mais fácil você conversar com ele, sabe. — Malu mordeu o lábio inferior, pisando em ovos. — Dereck não pode levar a culpa pelos problemas do irmão.

— O carro do Noah era blindado, Malu. — Repetiu, pela decima vez caso Malu não tenha entendido de primeira. — E ele anda com seguranças. Estou saindo a quase um mês com Dereck e ele já colocou seguranças na minha cola. — Melissa tinha certeza de que sua voz soou grossa e firme. — A não ser que isso seja normal aqui em Boston, no Brasil quer dizer algo importante.

Quer dizer que ele é perigoso o suficiente e que deveria ter escutado seu cérebro desde o começo, completou em pensamentos.

— Ok. Vamos dizer que ele seja um traficante, um ladrão de órgãos de mulheres brasileiras. — Ela sorriu, embora estivesse tensa. Era o jeito de Malu de lidar com situações complicadas. — O sexo compensa depois.

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