Storme

Capítulo Treze

Dereck Storme

Dereck fechou os olhos e deixou que a água gelada afastasse o cansaço que estava impregnado em seu corpo depois de seis horas de voo. Um banho gelado sempre o ajudava a seguir o dia cheio com reuniões e problemas que não paravam de chegar. Estava cansado pra caralho e embora, seu corpo estivesse apanhando sem parar, era seu cérebro que estava levando a pior. Era inacreditável de acreditar que um dia que havia começado tão bom estava piorando a cada minuto que passava. Uma sequência de merdas consecutivas. A reunião com o prefeito de Nova York não havia sido nada agradável, o imbecil havia testado sua paciência além do limite permitido, rebatendo quase todas suas ideias de investimento e no fim não haviam fechado nenhuma merda de acordo mesmo com seus olhares ameaçadores e suas palavras diretas. Entretanto, Dereck sabia que não deveria ter ficado bravo com a reunião, era questão de tempo até o idiota aceitar a oferta. E se não havia aceitado por causa dos valores exuberantemente altos, iria ter que aceitar pelo medo. Não importava o motivo. Uma parte de Nova York ia se tornar da máfia de Londres, mesmo que o prefeito não soubesse com quem estava lidando.

Precisava liberar sua raiva. E uns dos lados bons de estar de volta em Londres era a possibilidade de colocar toda a fúria que lhe consumia para fora e ter o controle sobre o que acontecia ao redor. Praticamente cada empresário de Londres e Boston comia bem na palma de sua mão, e era somente uma questão de tempo mesmo até que pudesse colocar a máfia bem no centro de Nova York. E o merdinha do prefeito estava preste a se tornar a nova marionete da máfia. Se antes a questão havia sido profissional, depois de sua negação havia se tornado pessoal. Dereck nunca iria aceitar um não tão facilmente. Muito menos quando envolvia a máfia.

E como se um problema por dia não fosse suficiente, Noah havia saído no soco com um dos clientes da primazia por algum motivo sem logica alguma. Pelo visto elaborar um simples projeto de um pequeno pub havia ido além das habilidades de não arrumar encrenca para alguém tão explosivo quanto Noah.

Precisava mesmo liberar sua raiva. Entretanto, infelizmente, havia aceitado a merda do jantar sem cabimento com os pais de Chloe – o que havia sido uma das piores ideias que lhe ocorreram na vida. E infelizmente seu instinto de consideração o impedia de cancelar em cima da hora. Ao menos, não quando já estava bem atrasado.

Desligou o chuveiro, enrolou uma toalha em sua cintura e saiu do banheiro. O gigantesco quarto de sua cobertura não parecia o mesmo de algum tempo atrás e Dereck sabia que o motivo eram as dezenas de coisas de Chloe espalhada por todo canto. Dentro do closet, um lado havia sido separado para guardar seus vestidos, casacos e sapatos. Dereck puxou uma camisa branca de um montinho bem-organizados em uma prateleira, mas, espremidos no canto pelas quantidades absurdas de suas bolsas de marca ao lado. Havia uma nécessaire preta com as maquiagens de Chloe que, intencionalmente, combinava com a nécessaire que carregava seu aparelho de barbear. Lado a lado. Suas calcinhas estavam misturando-se as cuecas de Dereck, embora tivesse mais de cinco gavetas livres no closet espaçoso.

A verdade, era que Chloe era esperta. E aproveitava os momentos em que Dereck estava viajando para se infiltrar cada vez mais em sua cobertura, acreditando que conseguiria chegar em sua vida particular de alguma forma, achando mesmo que poderia fazer aquele tipo de movimento sem que Dereck estivesse no comando. Inteligente, entretanto, não fazia a menor ideia de que nos últimos dias, seus pensamentos já estavam sendo tomados por uma outra pessoa. Como se precisasse de mais munição para seus problemas, o sorriso de Melissa aqueceu suas memorias ainda frescas, e por algum motivo, também atingiu seu peito.

Tantos problemas para resolver em Londres e o sorriso de uma garota de vinte anos era a única maldita coisa que despertava o mínimo de sua disposição.

Até o momento, não havia nenhum sorriso que era capaz de enfraquecer seus joelhos e que o fizesse ser capaz de sorrir em seguida. Entretanto, poderia dizer com toda certeza do mundo que estava obcecado pelo sorriso da garota e de uma forma bem vergonhosa de admitir, mesmo que em pensamentos. Melissa havia sorrido quando pararam em um drive para comprar rosquinhas e café para seu café da manhã, havia sorriso antes de descer do carro quando Dereck a largou em frente ao seu condomínio e havia sorriso em seus pensamentos durante todo o voo de seis horas. Seu beijo lento e firme de despedida havia gerado bastante imagens para pensar. Estava se sentindo um verdadeiro idiota por acreditar que depois de uma transa com a garota poderia, simplesmente, esquece-la. Totalmente ao contrário porque depois de ter transado com a garota tudo o que queria era poder estar em sua presença todos os dias.