Capítulo 23.

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𝐇𝐄𝐋𝐎𝐈𝐒𝐄

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𝐇𝐄𝐋𝐎𝐈𝐒𝐄

Era o último dia de testes e eu tomava um sol irritante e gelado na cabeça enquanto perseguia Lando pelo paddock. Ele estava estranho, voltou a remexer os pés em desconforto quando conversávamos, falava menos, sorria menos, e principalmente me tocava menos. Quase como se eu já tivesse ido.

Nos separamos na porta da sala onde eram realizadas as coletivas de imprensa, seria o primeiro compromisso dele após todos os últimos turbulentos, uma coletiva com mais dois pilotos: Lance Stroll e Daniel Ricciardo. Me ajeitei próxima a porta de vidro destinada a entrada de qualquer um que não fosse um piloto e estivesse autorizado a estar ali, outras assessoras estavam no mesmo local com bloquinhos de papel na mão e olhos atentos a bancada em que logo os pilotos apareceriam. O clima era tão nostálgico, lotado de jornalistas— na maioria os mais antigos e rabugentos que eu já conhecia.

Quando surgiram, deixaram perceptível a diferença em suas personalidades. O australiano foi o primeiro a entrar, um sorriso largo morava em seu rosto e ele acenou para todos antes de se sentar, Lance era mais contido e apenas sorriu sem mostrar os dentes antes de tomar seu lugar, Lando foi o último a aparecer, não sorriu como costuma fazer apenas se sentou ao lado
do canadense e divagou os olhos pela sala.

As perguntas eram as mesmas, chatas e entediantes, de sempre. Por favor, aqueles caras mataram a criatividade, os pontos altos eram as piadas de Ricciardo e todo seu charme natural. Tudo ocorria bem, meu namorado apesar de parecer sem vontade alguma de estar ali não dava sinal algum de problemas.

— Essa é para o Lando.— um dos jornalistas esguios e bem vestido tomou a vez, ele trabalhava pra emissora holandesa e várias vezes tirou minha paciência com sua falta de profissionalismo, cruzei meu braços e o encarei tentando de alguma forma transmitir noção para o boçal.— Uns comentários surgiram sobre o carro da Racing Point depois do teste, queria saber sua opinião sobre a polêmica?

Merda. Ele o comprometeu de todas as forma possíveis, o piloto da RP se remexeu desconfortável, sabendo que ambos nunca se deram bem, juntando isso a seu mau humor... nada de bom sairia dali.

— Não tem muito o que dizer — começou se lançando para mais perto do microfone.— É uma cópia do carro antigo da Mercedes, uma Mercedes pintada de cor de rosa.— disse por fim dando de ombros e quis esganá-lo, Stroll ao seu lado o desaprovou com uma careta e o clima se tornou tenso pelo resto da coletiva.

— O que foi aquilo?— perguntei irritada quando o encontrei fora da sala, finalmente aquela tortura tinha acabado, nem o piloto Renault encontrou brechas pra piadas depois do fatídico comentário.

— Me fizeram uma pergunta, eu respondi.— deu de ombros simplesmente, me irritei ainda mais por saber que aquele não era ele.

Lando não era o cara babaca que dá de ombros e respostas atravessadas com polêmicas desnecessárias. Ele estava irritado, e descontava em outras pessoas para não descontar em quem ele queria, em mim.

18•Lando NorrisOnde histórias criam vida. Descubra agora