O que é uma alma gêmea? É como um melhor amigo, mas mais do que isso. É a pessoa que te conhece mais do que qualquer outra. Que te faz ser a melhor versão de si mesmo.
Lando e Heloise cresceram com a certeza que eram melhores amigos, daqueles que le...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
𝐇𝐄𝐋𝐎𝐈𝐒𝐄
Era uma semana torturante de silêncio. Mesmo na mesma sala, silêncio. Claro que eu já me afundei na onda da culpa, o que tornou tudo pior, agora não consigo dizer nada. Estou inerte. E Lando com certeza não faz questão alguma de ser o primeiro a dizer algo.
Então estávamos de volta ao incrível e incômodo silêncio.
— Heloise algo a adicionar?— Zak questionou com sua voz tão macia quanto um bichinho de pelúcia.
— Ah...bem não, acho que os papéis dizem tudo.— respondo segura, entreguei ao CEO todas minhas ideias que venho rascunhando a semanas. Basicamente uma reforma nos canais de comunicação da Mclaren, aproveitando a proximidade da dupla com o público.
— Certo, acho que são ótimas ideias mas não depende só de mim querida.— conta com um sorriso tranquilo, nunca conheci um chefe tão tranquilo quanto Zak Brown.
— Tudo bem Zak, eu sei.— garanto tentando sorrir como ele, mas tenho certeza que estou falhando por sua reação.
Me permito desviar o olhar por alguns segundos, sei que Norris está do outro lado da sala e quero espiar e ver se, pelo menos, presta atenção em minha conversa com nosso chefe. De fato, nossos olhares se cruzam, mas quando percebe imediatamente encara qualquer outra coisa , que provavelmente, é mais interessante do que eu.
— Está tudo bem, Heloise?— o mais velho pergunta preocupado, as rugas em sua testa me dizem isso.
— Sim, nada demais.— respondo, mas estou mentindo descaradamente. Eu e Lando nunca brigamos, não como agora, por tanto tempo. Na realidade não sei se posso chamar isso de briga, acho que isso demandaria...bem, uma briga, que falássemos algo.
O norte americano sorri de forma reconfortante, olha para o piloto, para mim, e não diz mais nada. Me permito sair da pequena sala de reuniões. Está um dia nublado, com ventos frios e fortes no paddock, me enrolo ainda mais em meu casaco enquanto o frescor assobia em meu ouvido.
É bem irritante essa situação, eu gosto de falar, não fico sem palavras nunca- sou uma jornalista, por Deus! - mas agora não consigo expressar nada. Meus coturnos deixam pegadas no asfalto enquanto caminho pelo paddock, não costumo fazer isso, prefiro ficar reservada dentro das instalações da Mclaren, me sinto tremendamente segura por lá.
Sentia, meu cérebro me corrige. Sentia.
Sei que Lando e Carlos teriam entrevistas separadas ainda hoje, e eu teria que acompanhar um dos dois. Claro que estou torcendo para que seja atribuída ao espanhol, ele provavelmente vai fazer piadinhas sobre o momento estranho entre eu e seu colega de equipe, mas é um preço caro a ser pago para não ter que encará-lo diretamente.
Agora sou também uma covarde, ótimo Heloise.
Estou esperando para que meu celular vibre com os comandos de alguém. Por enquanto estou observando o movimento ao meu redor, a quantidade de pessoas que passam por mim, até mesmo o estagiário boboca da Sky sports seguindo o jornalista principal da emissora parece mais interessante agora. O aparelho tilinta em meu bolso.
