2 (parte um)

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This thing called love I just can't handle it

This thing called love I must get round to it

I ain't ready

Crazy little thing called love

(Essa coisa chamada amor, Eu simplesmente não consigo lidar com ela

Essa coisa chamada amor

Eu tenho que estar um passo à frente dela

Eu não estou pronto

Coisinha doida chamada amor)

(Queen - Crazy little thing called love)

- Então eu disse que não precisava de mixaria! Talvez eu devesse ter aceitado, mas ... ah minha arte vale muito mais do que aquilo! – minha mãe resmungou.

Muitas das nossas conversas por ligação pareciam mais monólogos do que um diálogo. Mamãe falava sem parar sobre seus clientes sem olhar artístico e sempre ... SEMPRE tinha uma rica metida à besta que achava um de seus quadros caros demais. Ela reclamava e praticamente expulsava a pessoa da sua galeria.

- Sua arte sempre vale mais, mamãe. – respondi de um jeito meio monótono enquanto continuava navegando em sites de dicas de casamentos.

- Pelo menos você reconhece. – ela não entendia muito bem o conceito de ironia. – Gostou do quadro?

Minha mãe tinha mandado uma imagem para mim que ficava pendurado acima da minha cama: era uma garota com cabelos ruivos tão revoltos que se transformavam em uma imensa fogueira que consumia uma floresta. Eu tinha amado. Parecia descrever toda minha essência. Ela enviara antes de eu chegar da Virginia e meu pai já tinha pendurado na parede. Foi um excelente presente.

- Já disse um milhão de vezes que amei, tem tudo a ver comigo.

- Gostaria que tivesse vindo para cá nessas férias. – falou com uma voz manhosa.

- Não teria como, tenho só esses dias para ajudar nas coisas do casamento. Março vai chegar num piscar de olhos e se a Kassie for depender da mãe dela e da Brenda para organizar esse casamento, vai ficar parecendo um carnaval. – ri.

- Ainda não acredito que a menina dos Denvers vai casar, ela é só ... uma menina.

- Ela era uma menina, Kassie está perto de fazer 24.

- E você logo faz 23. – suspirou. – Meu Deus, como o tempo passa, parece que foi ontem que senti você chutar dentro da minha barriga.

- Pois é.

Silêncio.

Eu não gostava de falar sobre minha infância com a minha mãe, ou qualquer outra pessoa, mesmo dos momentos em que ela ainda esteve presente.

Parecia que o fim da conversa sempre chegaria ao dia em que ela foi embora. Uma terça tão comum para todas as outras crianças. Cheguei da escola e meu pai estava sentado na cozinha, com papel em mãos e uma garrafa de uísque do lado.

- Mamãe foi embora, querida. Agora somos só nós dois.

- Embora? – minha barriga roncou, eu sempre chegava morrendo de fome.

- Ela está em New Bern, você pode vê-la nas férias.

- Por que ela se foi? – meus olhos arregalaram-se e fiquei vermelha, o que só destacava ainda mais minhas sardas. – Foi por que eu não guardei os brinquedos? – olhei ao redor. – Ou ... ou ... por que eu sujei o vestido com o sorvete? Eu não vou sujar mais, papai, eu prometo. Diz para ela que eu não vou fazer mais eu ...

Sempre foi Você (Girls From Staten Island - livro 6)Onde histórias criam vida. Descubra agora