Capítulo IV

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 —Lena! Venha correndo! —Louis puxava a irmã, que lavava roupa, ajoelhada ao lado de um balde. — Não vai acreditar em seus olhos!

 Desde que a mãe morrera, Louis nunca parecera tão feliz.

 —Em que meus olhos não acreditarão? —Lena deu risada.

  —Presentes. Muitos presentes.

 —Que presentes?  —Lena estacou, enxugando as palmas no avental.

 —De Kara Danvers, lógico. Venha, Lena. Papai a espera.

 Lena acompanhou Louis para o segundo andar. Ao adentrar a sala, deparou com o motivo da alegria da irmã. Entre a mobília velha havia dois grandes baús, um com vinhos e carne-seca para a família. No outro, roupas e acessórios para seus irmãos e irmã, e um novo cachimbo de marfim para o pai.

 Um terceiro baú, maior que os outros, atraiu o olhar de Lena.

 —Abra —Louis incitava a irmã.

 —Não posso. Recuso-me a aceitar os presentes dela.

 —Deverei ordenar que aceite, Lena? —Lionel perguntou, impaciente.

 Ao abri-lo, ela foi surpreendida por incontáveis riquezas: trajes de seda, veludo e brocado, além de lençóis de linho, e rendas. Havia ainda túnicas, capas, mais vestidos e camisas. Protegidos entre as roupas, uma escova dourada e um espelho com jóias incrustadas no cabo. Lena se mirou e não reconheceu a própria imagem. Estava enrubescida e com uma expressão estranha. Mas não queria dar impressão de gratidão a futura esposa.

 Pôs o espelho de lado e ergueu túnicas, capas, diversos pares de meias, uma camisa creme e outra branca. E vários lençóis, com fios de bordar em todas as cores. No fundo do baú, uma caixa menor com seu nome impresso. Tentou controlar as mãos trêmulas antes de erguer a tampa.

 —Jesus, é magnifico! —exclamou ao ver um colar de safiras, que colocou contra a claridade que vinha da janela.

 —Lena, é lindo! —Louis tinha lágrimas nos olhos. Vendo a emoção da irmã, Lena devolveu o colar à caixa. —Não quero nada disto.

 Lionel apanhou um traje de seda e o ergueu, dirigindo-se à filha.

 —Estamos honrados com estes presentes —ele afirmou, com severidade. —Hoje assinaremos o contrato de casamento. Amanhã, toda a Florença saberá sobre a união das duas famílias que controlam a cidade. Você, faça-se apresentável e desça para ver Kara, que quer caminhar ao seu lado pela cidade.


 —Por que ela está demorando? —Kara resmungou, andando de um lado para o outro na frente da padaria. — Jesus, estou com as mãos formigando! Do que está rindo Clark?

 —Calma, prima. Você não é a primeira mulher a cortejar outra mulher. Como vai impressionar a donzela se não consegue se controlar? Ela descobrirá que sua futura esposa não é tão nobre quanto se diz.

 —Não sou uma nobre.

 —Talvez não em título. Mas é a força de Florença. É uma Danvers. —Clark segurou-lhe o cotovelo. — Aliás, uma Danvers trêmula, neste momento. Diga-me Kah, seus joelhos estão batendo um no outro como o bastão de um tambor na mão do musicista? E seu coração vocifera como um trompete?

 —E sua boca, nunca cessa de falar tolices?!

 Kara tinha raiva de si mesma por estar tão tensa. Era Kara Danvers, afinal, uma guerreira, uma mulher de negócios. Uma dama prestes a unir sua vida a uma jovem.

O Lírio e o Falcão (Karlena) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora