Capítulo XXXI

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 Lena passeava nos jardins, o cálido e maravilhoso sol da primavera banhando seu rosto. Uma semana atrás, quase se afogara no Arno, e agora nada daquilo parecia ter acontecido.

 Passando pela fonte viu-se refletida na água. Seus olhos brilhavam mais do que o reflexo do astro rei.

 Passos chamaram sua atenção. Ao se virar, viu Clark se aproximando, um sorriso alegre nos lábios.

— Você está radiante.

— Porque estou feliz por estar viva. E me emociono a cada vez que meu bebê se movimenta dentro de mim. E muito apaixonada.

— Minha prima está parecendo uma jovem que corteja seu primeiro amor.

— Isso eu preciso ver. Onde ela está?

— Foi ao estábulo buscar Maxímus.

— Oh, não! Ela não entenderá.

— Não entenderá o quê?

 Lena se afastou, e Clark a seguiu.

— Eve pediu minha permissão para que Jack a ensinasse a cavalgar. Eu deveria ter dito "não", mas ela estava tão entediada que permiti.

 Uma vez perto dos estábulos, ouviram Eve gritar.

 Jack estava estava sendo agarrado por Kara, que o empurrava contra a parede apertando-lhe o pescoço. Ao vê-los, Eve correu para os braços de Lena.

— Faça  parar, Lena! Ela matará Jack!

— Kara! Este é o modo que encontrou para agradecer ao homem que ajudou a salvar minha vida?

— Sabe o que ele estava fazendo? — Kara largou Jack, que caiu no chão, tentando recuperar o fôlego.

— Ensinando Eve a cavalgar.

— Ah, sim, claro... — Kara olhou para o empregado, de cenho franzido. — Só que não era o cavalo que ela ia montar.

— Eve?! — Lena afastou a prima e a fitou, com a sobrancelha arqueada.

— Não pude resistir...

— Santa Mãe de Deus! Volte para o palácio. Falarei com você mais tarde.

 Quando a prima se retirou, Lena encarou Jack, que endireitou os ombros, ainda encostado na parede.

— Você salvou minha vida alertando Kara, e agradeço-lhe muito. mas o que ia fazer com Eve? — Ela tirou a punhal da esposa da algibeira e apontou para a barriga do criado. — Pensa que a ira de minha esposa é pior que a minha? Pense bem, senhor. Posso lhe causar muito dano. E abaixou a lâmina. — Empalideceu? Bom. Vejo que entende o que digo. De hoje em diante, Jack, mantenha sua calça erguida e sua túnica baixada, se não o fizer te deixarei sem o motivo que te faz abaixar as calças. Fui bem clara?

 Lena entregou a arma a uma boquiaberta Kara e deixou os estábulos.

 Kara a alcançou perto do portão.

— Não acha que foi muito dura com o rapaz?

— Não.

 Kara segurou-lhe o braço, mas Lena se livrou.

— Sua ira não foi apena com Jack e Eve. O que há, lena? — Dessa vez Kara conseguiu detê-la.

— Vocês são todos iguais! Nada mais tem importância além de uma bela mulher e uma boa briga. — Lena se desvencilhou de novo.

— E o que há mais na vida?

— Amor!

— Por isso teve tanta raiva de Jack? Por ele querer levar sua prima para a cama em vez de declarar seu amor por ela? Um homem não tem de amar uma mulher para apreciá-la.

— Deus! Não acredito que eu seja tão idiota. Você não me ama. Você me aprecia!

— Não, Lena, não foi isso que eu quis dizer.

— Espero que aprecie dormir sozinha esta noite!

— Droga!

 Lena atravessou o jardins, mas foi agarrada pela esposa.

— Sei o que despertou sua raiva. O acontecimento entre Jack e Eve fez com que pensasse sobre nosso relacionamento. Estou certa?

 Lena balançou a cabeça, de leve.

— E se perguntou se eu a amo, sem reservas e sem medo de falar as palavras certas. É isso?

 Lena tornou a fazer que sim.

— Então saiba de uma coisa, Lena Luthor Danvers: conquistou meu coração desde o momento em que a capturei no Palácio de Argo. Por você perco o sono, e é minha única preocupação quando estou acordada. Você faz meu sangue ferver com incontrolável desejo.

— Tudo bem, Kara, mas...

— Eu deveria ter falado muito tempo atrás, mas não encontrei coragem. Você disse que me acha capaz de amar. Diz que vê amor em meus olhos. Achei que isso fosse suficiente para fazê-la entender como me sinto. Estava errada.

— Não, eu estava errada. Como posso ser tão tola? Queria tanto que você me amasse que inventei o que vi em meus olhos.

— Não, não inventou. Eu realmente te amo, Lena.

— Jura?!

— Juro. — A loira contornou os lábios da esposa com o polegar. — Agora posso enterrar meu passado de uma vez por todas. Não sou parecida com meu pai. No momento em que dei a mim mesma autorização para me apaixonar por você, me tornei outra mulher. Sou Kara Danvers Luthor, negociante, guerreira, esposa e, logo mais, mãe.

— E toda minha! — Lena suspirou, passando os braços ao redor do pescoço da esposa.

— Apenas sua, meu lírio.



O Lírio e o Falcão (Karlena) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora