Kara tentara, em vão, exercitar-se com a espada com Clark. Sua ferida, apesar de excelente recuperação, ainda lhe causava muita dor quando erguia o braço.
Meneando a cabeça, aborrecida por seu insucesso, retornava ao palácio com o primo, para uma merecida taça de vinho, quando ambos avistaram uma carruagem se aproximando. Assim que o veículo parou, o cocheiro, após cumprimentá-los, abriu a porta.
— Acreditem se quiser: eu voltei! — E, aceitando a mão do rapaz, Eve Teschmacher saltou para o solo.
Contendo um sorriso, Clark a acompanhou para dentro do palácio, antes que Kara dissesse algo que não devia. As faces rosadas de Eve, salientadas pelo sorriso, poderiam tentar até mesmo um santo. Ela era alegre como a primavera, e resplandecente como o céu depois de uma chuva de verão. E era prima de Lena, infelizmente.
— Não entendo por que milorde entrou com tanta pressa. Parecia ter visto um monstro! — No hall, ela tirou as luvas cor-de-rosa, puxando cada dedo com exagerada lentidão.
Clark ficou a observar com interesse a sutil tentativa de sedução. Eve passou a mão já sem luva pela cintura e pelos quadris, como se estivesse alisando o tecido. Então, tirando um lenço de renda de entre os seios, tocou com ele o rosto, com delicadeza.
Eve testava seus truques femininos com Clark, e praticava a arte com eficiência.
— Kara se apressou para avisar Lena de sua chegada, senhorita. Não a esperávamos.
— Esperavam, sim.
— Não. Soubemos que a senhorita só viajaria no final do inverno.
— Mudei de idéia. — Passou por ele. — Aqui é muito bonito. Tapeçarias, candelabros de cristal e piso de mármore.
Erguendo os braços, pôs-se a rodopiar até quase perder o equilíbrio. Clark a amparou, para que ela não caísse.
— Você trabalha rápido, Clark Kent — disse Lena, no topo da escada.
Ele olhou para cima e franziu as sobrancelhas. Endireitou Eve e fitou Kara, muito rígida, ao lado de Lena. As duas o encaravam com severidade.
E Clark percebeu, naquele momento, que a vida no Palácio Kent iria mudar.
Kara levantou a espada, atingindo a cabeça de Barry e, não fosse por seu ombro enfraquecido, teria ferido o irmão.
— Recuso-me a treinar com você quando está preocupada. O que a incomoda, Kah?
— A pequena felina.
— Eve?
— Sim. Desde que chegou aqui há um mês, meus homens se tornaram preguiçosos. Eles a seguem com os olhos a todos os lugares. — Desgostosa, Kara tirou as luvas e as colocou no cinto. — Passei a maior parte do dia tentando anular seu incessante flerte.
— Mande-a de volta a Veneza.
— Não é possível.
Kara entrou no viveiro dos falcões e teve de adaptar a visão à fraca luminosidade. Calçou a luva e mostrou o pulso para o pássaro. O falcão voou com graça e fidalguia, e se acomodou no braço dela.
— Lena recebeu uma carta da mãe de Eve. A moça foi afastada de Veneza por tentar enredar o filho casado de um magistrado em uma ligação ilícita.
— Santo Deus, Kah! Ela é precoce!
— Duvido que retorne virgem a Veneza.
— Pelo menos Clark tem se comportado bem.
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O Lírio e o Falcão (Karlena) G!P
Roman d'amourLena Luthor fica furiosa quando Kara Danvers a pede em casamento, pois os Luthors e os Danvers são inimigos confessados há anos. Mesmo depois de Kara receber a benção do pai de Lena, que está disposto a unir as duas famílias pelo matrimônio, a bela...